Tempos difíceis criam grandes oportunidades para revelar o melhor e o pior das pessoas. Muitos olham situações de calamidades com a visão de uma hiena, que ao ver um animal ferido e indefeso, aproxima-se para dar o golpe final de misericórdia. Assim, um grande número de pessoas tem usado o coronavírus para explorar, abusar do sofrimento, tirar vantagens. Tenho calafrios só de pensar o que líderes políticos inescrupulosos podem fazer com o dinheiro público nestes dias que estamos vivendo.
Nos EUA, algumas pessoas aproveitando o pânico, começaram a estocar grandes quantidades de álcool em gel e papel higiênico para revender na internet a preços extorsivos. O mesmo aconteceu no Brasil, com o frenesi pela busca de máscaras, roubo de máscaras e vacinas falsas.
Felizmente, atitudes de solidariedade e generosidade começaram a surgir. Em nossa comunidade, um grupo de diáconos se mobilizou. Eles disponibilizaram o tempo que têm para fazer compras de supermercado e farmácia para pessoas dos grupos de risco. Um grupo de médicos da cidade também ofereceu, às pessoas em pânico, atendimento gratuito por telefone para orientá-las quanto à melhor atitude a tomar. Em São Paulo, a filha de minha prima, de apenas 14 anos, colocou seu nome e telefone nos elevadores do prédio em que mora, oferecendo-se para ajudar pessoas idosas que precisam de suporte. E isso, voluntariamente!
A Covid-19 trará prejuízos e sequelas imprevisíveis para a sociedade. Tempos de calamidades, guerras e pestes mudam a cosmovisão de uma geração. Também teremos grandes perdas e oportunidades neste momento de perplexidade em que vivemos.
Não seremos a primeira nem a última geração a enfrentar catástrofes parecidas. Na verdade, a última tragédia global acabou há 75 anos, com o final da II Guerra Mundial. Tragédias cobram um preço muito alto, mas podem ser mitigadas pela empatia e pelos gestos humanitários. Pode-se perder financeiramente, mas alcançar grandes ganhos na alma que se expressa no apoio e no cuidado. A dor pode ser brutal e impiedosa, mas podemos amenizá-la com sensibilidade e humanidade!
Uma coisa surpreendente que aprendemos com a fé cristã é que, o lugar mais hostil e dolorido, no qual Deus parecia estar ausente, foi a cruz. A exclamação de Cristo “Deus meu, Deus meu, por que me desamparastes?”, mostra o drama do Calvário. Contudo, a cruz é o lugar da redenção. Naquele lugar, o Cordeiro de Deus leva sobre si o pecado do mundo. A cruz é amarga e redentiva, dolorida e graciosa. E esta é uma lição preciosa: a Graça sempre brota no meio do caos.
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