Uma das perguntas recorrentes neste tempo de reclusão e isolamento social é: quando as coisas voltarão ao normal?
Muitas pessoas não suportam mais ficar em casa e algumas delas, literalmente, estão surtando. Por isso, mesmo correndo riscos ou tendo a possibilidade de trazer riscos para a família, elas acabam se expondo demasiadamente. Alguns por necessidade financeira, outros por pura impaciência.
Então é natural que todos nós queiramos saber: “quando as coisas voltarão à normalidade?” As respostas têm sido diferentes para os pessimistas e otimistas. Para alguns, dentro de 15 dias a quarentena se encerra. Outros projetam mais um mês, mas a melhor opinião que ouvi sobre o assunto é que não haverá volta à normalidade porque o que surgirá será um “outro normal” ou um “novo normal”. As coisas nunca mais serão como antes.
Alexandre Mansur, da Revista Exame, escreveu na edição do último dia primeiro: “É um período longo de home office, restrição de atividades com multidão, redução de viagens aéreas e outras grandes alterações em nossos meios de produção, convívio familiar e entretenimento. Vai transformar radicalmente as economias, os serviços, as tecnologias, os hábitos, o nosso paradigma de sociedade. Naturalmente, qualquer exercício de futurologia agora é arriscado. Mas já é possível vislumbrar algumas grandes tendências do mundo que virão por aí. Muitas delas coincidem com a visão de uma humanidade que usa de forma mais sustentável os recursos naturais do planeta.”
Uma primeira constatação é que devemos desistir da idolatria da segurança. Ela, na verdade, é uma ilusão. A pandemia do coronavírus vai falir empresas sólidas e provocará o surgimento de outros gigantes. Os EUA se tornaram superpotência depois da II Guerra Mundial porque souberam aproveitar bem o momento. De 1945 para cá, o mundo não experimentou nenhum grande “shut down” como agora. A Coréia do Sul floresceu depois da Guerra Civil com a Coréia do Norte. Momentos de crise geram novas abordagens e percepções, trazem nova valorização e estratégias. Calamidades geram uma nova forma de olhar e fazer as coisas. O convencional perde espaço para outras abordagens.
O modelo educacional deve sofrer grandes questionamentos. É provável que o “homeschooling” (Educação Domiciliar) volte a ser considerado uma interessante estratégia e as EADs se tornem uma possibilidade mais ampliada, ocupando um espaço cada vez maior na sociedade. O home office será ainda mais potencializado com os eventos recentes. A Tecnologia de Informação será mais requisitada que antes.
De forma direta, haverá grandes questões em torno dos valores humanos e ética social. Uma nova categoria de valores surgirá, colocando sobre lideranças políticas e empresariais a obrigatoriedade de repensar o que realmente importa. Isto vai gerar questionamentos morais sobre economia e saúde, trabalho e vida e atingirá a população em geral, levando muitos a optarem por um estilo de vida pacato e rural, em contraste com o estilo de vida competitivo e urbano.
Teremos, portanto, não uma normalidade como atualmente conhecemos, mas um “outro normal”.
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