Comenta-se, com
frequência, que há no Brasil uma cultura de corrupção. Uma cultura é
forjada com a ação de pessoas e grupos de poder histórico,
que então impulsionam uma nova interpretação dos fatos.
Portanto, uma cultura não se forja no vácuo, mas pela intermediação de
agentes humanos que, intencionalmente ou não, agem como
protagonistas.
O problema da
corrupção é que ela usa máscaras culturais e um dos melhores exemplos tem
a ver com a força midiática. A mídia tenta construir narrativas e
verdades. Por isso, ela depende da interpretação dada pelos agentes
do jornalismo. Isto tem ficado cada vez mais explícito na polarização cada vez
mais radical entre direita e esquerda no Brasil.
Se você ouve a
Jovem Pan, verá que, na maioria das vezes, o discurso da emissora apoia
a direita. O modo como os fatos são colocados leva-nos a apoiar a
versão apresentada. Se ouvimos ou assistimos a Globo vemos
que, por mais favoráveis que as notícias sejam ao atual
governo, ela vai tentar explorar um ângulo negativo nas abordagens
que faz. E isso não é muito difícil, já que o governo tem telhado de
vidro. Todos os movimentos do primeiro escalão são rigorosamente escrutinados.
Quem está dizendo a
verdade? Seria a mídia inimiga
ou a aliada à corrupção? As narrativas dependem do
interesse pessoal e econômico das empresas de comunicação, por isso a
mídia é tão interesseira e suscetível à corrupção quanto qualquer órgão do
governo.
A corrupção é algo
intrínseco à natureza humana. Os líderes da Reforma Protestante, como
João Calvino, já falavam sobre a natureza intrínseca da corrupção
humana. “Não somos pecadores porque pecamos, mas pecamos porque somos
pecadores”. Pecado não é acidente de percurso ou deslize circunstancial, mas
tem a ver com a essência da natureza humana. Isso é assustador! O coração
humano tem uma tendência à decadência moral.
Em seu livro O
Mito da Neutralidade Científica, Hilton Japiassu faz severas
críticas ao pensamento de que a ciência é neutra, não carregada de interesses e
intencionalidades, eventualmente sórdidos. Ele indaga: “Pode ainda (a ciência)
ser considerada como um saber puro, como uma contemplação desinteressada e
amorosa da verdade? (...) Estaríamos condenados a ficar presos aos
sortilégios cúmplices da organização científica, submetendo-nos sempre mais
às astúcias de seu controle insidioso a ponto de nos instalar, sem
possibilidades de resistência, numa tecnonatura incessantemente
aperfeiçoada?”
Tanto a mídia quanto o poder
judiciário sofrem a influência de interesses. Não há “isenção jornalística”, nem isenção da
corte e nem mesmo da ciência. Tudo isso revela o lado sombrio da existência
humana. Nenhuma religião ou ideologia estão isentas desta lastimável
realidade humana.
Jesus conhecia a natureza
humana. A Bíblia afirma em João 2:24 que “(...) mas o próprio Jesus não se confiav a
a eles, porque os conhecia a todos, (...) porque Ele mesmo sabia o que era
a natureza humana”. Por isso afirmava que Ele era a luz do mundo e
aquele que o seguisse não andaria - e não anda - em trevas. Precisamos da
graça de Deus para observar melhor as intenções e motivos dos nossos
corações, para deixar que Ele ilumine os porões ocultos do nosso coração,
removendo as máscaras da corrupção que tão facilmente obscurecem nossas
decisões e nosso juízo de valores.
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