quinta-feira, 25 de abril de 2019

O Ateísmo é Contraintuitivo?


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Mark Lilla, profunda estudiosa de Montaigne escreveu: “Para a maior parte dos humanos, a curiosidade em relação às coisas mais elevadas acontece com naturalidade; é a indiferença para com elas que precisa ser aprendida”.

Se o pensamento de Lilla está correto, podemos então afirmar que, o ateísmo, e não a fé, é antinatural. Antropologicamente falando, o ser humano possui o senso inato de sacralidade, admiração, devoção, espiritualidade e eternidade. Ele nasce com a propensão para a transcendência. A Bíblia afirma que “Deus pôs a eternidade no coração do homem”.

Isto é perceptível no fato de que todas as culturas desenvolvem naturalmente uma ideia do Sagrado, ainda que de forma superficial ou equivocada. “Desde as mais primitivas até às mais elaboradas, em todos os rincões do planeta terra. Os povos animistas adoram a natureza. Outros desenvolvem um senso de espíritos e entidades, sem que jamais tenham sido influenciados por missionários ou religiosos. Em todas culturas há um senso de algo maior”.

Para ser honesto, a única sociedade que insiste na negação do conceito de uma divindade tem sido o secularismo moderno, que sustenta que “as pessoas são entidades físicas sem alma, que os entes queridos deixam de existir quando morrem, que as sensações de amor e beleza, não passam de fatos neurológicos e químicos, que não existe certo ou errado fora do que nós, em nossa mente, determinamos e escolhemos. (Tim Keller).

As pessoas creem em Deus porque o senso do sagrado é intuitivo e natural, não porque lhes é ensinado. Na verdade, os pagãos constroem seus nichos e altares e desenvolvem conceitos de divindades, muitas vezes bizarros, porque são atraídos a um senso de mistério e sobrenaturalidade, mas creem em Deus, não apenas pelo fato de sentirem algo emocional, mas porque isto explica o que veem e experimentam.

O apóstolo Paulo fala dos pagãos (pessoas afastadas do Deus verdadeiro), que possuem a “norma da lei escrita em seus corações”, testemunhando-lhes também a consciência, porque a sacralidade é claramente percebida por meio das coisas que foram criadas, e a própria natureza fala e aponta para algo mais – Transcendência – por isto, negar esta realidade não apenas escapa do processo natural antropológico, mas nos torna culpados diante de Deus.

A alma humana percebe que a vida é mais do que um ajuntamento de moléculas e átomos acidentais, mas adquire sentido na dimensão eterna. Como bem afirmou o declaradamente ateu Jean-Paul Sartre: “Nenhum ponto finito faz sentido se não estiver conectado a um ponto infinito”. A transcendência e espiritualidade, e apenas isto, é capaz de dar sentido e significado a alma humana.

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