quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

O Julgamento de Lula

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Política nunca foi meu tema principal, e portanto, seria temerário caminhar por estas tortuosas trilhas. Melhor deixar para aqueles que sabem fazer uma análise mais ampla, profunda e apropriada para a ocasião. Não me cabe dizer se Lula é inocente ou culpado, isto é a lei que determina, mas acho interessante analisar o problema da justiça em si.

A ausência de justiça é o maior problema de uma civilização. Com muita sabedoria Salomão falou deste tema três mil anos atrás:  “Quando o justo governa, o povo se alegra, mas quando o ímpio domina, o povo geme” (Pv 29.2). Poderes são facilmente corrompidos, pela influência e fascínio que ele exerce. Portanto, quando o Executivo e o Legislativo são corruptos, mas o Judiciário se mantém íntegro, é possível recuperar tudo, mas quando este poder se presta a interesses de grupos econômicos ou pessoais, tal nação está falida.

A aplicação da justiça não tem efeito apenas no transgressor, mas modela e aponta a direção. A impunidade de hoje torna-se encorajadora para os injustos; a correta punição, por outro lado, é uma ameaça e desestímulo àqueles que se julgam acima da lei. Líderes sem caráter em nosso país, surtaram há muito tempo contando sempre com a benevolência do sistema, e com a força de bons advogados e juristas. O julgamento de Lula aponta a direção da nação. É preciso caminhar nesta luta, e não parar na esfera federal, há muito ainda a ser feito nas instâncias menores. Se a justiça prevalecer, uma nova nação poderá ser construída, caso contrário, o povo vai continuar gemente sendo dominada pelo ímpio.

Uma nação sob a égide da injustiça e desigualdade desemboca na anarquia. Na Antiga lei mosaica lemos: “Juízes e oficiais constituirás em todas as cidades que o Senhor, teu Deus, te der entre as tuas tribos, para que julguem o povo com reto juízo. Não torcerás a justiça, não farás acepção de pessoas, nem tomarás suborno; porquanto o suborno cega os olhos dos sábios e subverte a causa dos justos. A justiça seguirás, somente a justiça, para que vivas e possuas em herança a terra que te dá o Senhor, teu Deus (Dt 16.18-20). O suborno traz graves problemas degenerativos, e subverte a ordem. Por isto, Moisés foi tão enfático na aplicação da justiça. Uma nação alicerçada no engano, dissimulação, mentira não tem base sólida para se sustentar.

Por isto o julgamento de Lula se torna tão relevante. Ele é paradigmático, pedagógico e didático. A tendência política é a polarização partidária, que não interessa em nada no momento. Li uma sarcástica frase que dizia: “Neste momento, tentar defender qualquer lado político, é o mesmo que defender a fidelidade num bordel”.  É preciso ir mais fundo. Há muita coisa a ser feita em todos os poderes, segmentos e autarquias que precisam ser investigados para se crie uma nova consciência de justiça e valor. 

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