quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Inveja



Um dos grandes clássicos do cinema é a obra de Peter Schaffer, com seu premiado Amadeus, narrando a crise de Antonio Salieri, compositor da corte e condutor da Ópera Italiana em Viena, cargo cobiçado e honroso de seus dias, que ocupou por 36 anos, mas que teve uma crise espiritual e existencial séria pelo fato de ter vivido ao lado do genial Amadeus Wolfgang Mozart.

Salieri não podia entender como Deus pode dar tantos dons a um homem depravado moralmente como Mozart. Depois de ter acesso à sua obra prima, a 29a. nona sinfonia em Lá Maior, como músico, relatou que ficou perplexo por ver que Mozart não tivera qualquer trabalho em compor aquela obra que não mostrava necessidade de correção alguma. Era simplesmente perfeita!

Ele não suportou a agonia de tanta beleza, que ele chamou de – a Beleza Absoluta - e então cai ao chão, desmaiado, e quando se levanta, por ser profundamente religioso, revoltou-se contra Deus por não fazê-lo tão brilhante como Mozart: “...minha única recompensa – meu sublime privilégio – é ser o único homem vivo que reconhece tua encarnação em Mozart. Deste momento em diante, somos inimigos, tu e eu! Não aceito isto de ti – ouviste bem?”. A inveja já havia corroído sua alma. Apesar de sua respeitada posição social, sentia-se um lixo e fracassado, ao ver tanta genialidade em seu “adversário”.

A inveja, na famosa definição de Tomás de Aquino, é a “tristeza pelo bem de outrem”. A inveja se dá quando, vendo a felicidade do outro, sentimo-nos questionados e diminuídos. A inveja introduz elementos da competitividade, porque na sua própria origem, é comparativa, como afirmou C. S. Lewis: “O orgulho é essencialmente competitivo... não tem prazer em ter algo, mas em ter mais do que o próximo”.

Os Guiness afirma que a “inveja é essencialmente profana”, porque quando o objeto do desejo não é alcançado, o invejoso responde com ira, queixumes e em algumas situações, expressando sua decepção com Deus. “A inveja é sempre mais atormentadora porque brota de um amor-próprio desordenado”.

Por isto, “quando Jesus chama, ele nos chama um a um. As comparações são tolices; especulações a respeito dos outros são uma perda de tempo, e a inveja é loucura tanto quanto é a maldade. Cada um de nós é chamado individualmente responsável somente a Deus, para agradar a ele somente, e no final, ser aprovado apenas por ele”(Os Guiness). 

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