Muitos olham para a Páscoa com expectativa, porque é um “feriadão”, o que
significa maior tempo para descanso, realização de uma viagem esperada, um
tempo para programação diferente. Mas gostaria de colocar os olhares em algo maior.
É oportuno e valioso considerar a Páscoa no seu sentido original e entender
o que se comemora nesta época do ano.
A celebração da Páscoa abriga paradoxos:
Como é possível celebrar a
Páscoa, se ela se refere à morte de Cristo? O que vemos no evento da cruz?
Jesus é acusado pelos judeus pelas suas declarações, e é levado diante do
tribunal de César, cujo procurador preposto era Pôncio Pilatos, cargo
comissionado e indicado pelo Imperador de Roma, que governava toda aquela vasta
região com mão de ferro. Pilatos tinha conhecimento jurídico e sabia as leis
romanas. Entretanto, apesar de seu veredito: “não vejo neste homem crime
algum”, para alcançar favores da comunidade judaica, e quebrando todo princípio
da lei, entregou Jesus nas mãos das autoridades religiosas judaicas para que
ele fosse submetido ao horrendo castigo e morte de cruz. Uma das formas mais
cruéis e desumanas de execução de um criminoso.
Páscoa aponta para a morte de Cristo. O apóstolo Paulo se refere a Jesus
como “nosso cordeiro pascal”. Embora
na tradição cristã estejamos pensando em Cristo, na tradição judaica se referia
a um rito realizado pelo povo de Deus quando saiu do Egito para a terra
prometida. Na noite da morte dos primogênitos, já na décima praga, apenas a
comunidade israelita que morava em Gósen, foi poupada desta calamidade. Por
ordem de Deus, o povo matava um cordeiro e tingia os portais de sua casa com o
sangue deste animal. Quando o anjo da morte via o sinal do sangue, ele não
entrava e assim a família estava protegida.
Este sinal é aplicado agora a Cristo. Ele é o cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo. O Cordeiro Eterno, derramou seu sangue e este sangue nos traz
perdão, redenção, nos reconcilia com Deus e nos protege do maligno. Páscoa se
refere à morte deste cordeiro. Ele morreu pelos nossos pecados.
Então, o evento da dor e da morte de Jesus, torna-se agora o “grande
evento”. A morte aponta para a vida. O Filho de Deus nos substituiu. Jesus
ensinou aos seus discipulos que sua morte não era opcional. “Era necessária”.
Este é o paradoxo da Páscoa. Na sua morte, encontramos vida; no seu
sofrimento, graça; na sua condenação, libertação. Por isto é possivel falar na
“celebração” da Páscoa. O apóstolo Paulo, chegou a afirmar que “se gloriava na
cruz de Cristo”. Como encontrar glória e regozijo, num símbolo de dor e
condenação?
Uma afirmação bíblica pode nos ajudar: “Aquele
que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós, para que nele, fôssemos
feitos justiça de Deus”.
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