Karen Horney, conhecida
psiquiatra afirmou que é uma das coisas mais devastadoras do ser humano na
trajetória do seu crescimento e maturidade é a tirania do “deverias”. A pessoa
passa a vida inteira achando que a vida “deveria ser assim”, que as pessoas
“deveriam” agir assim, que o mundo “deveria” ser assim, que Deus “deveria”
fazer assim, que as coisas não “deveriam” ser assim...
Isto acontece quando a
pessoa aprende mais sobre o ideal do que sobre o que é real. É fácil ouvir os
outros dizendo o que deveríamos ser, antes de entenderem quem somos. Por isto,
facilmente podemos corre-se atrás do que é ideal, distanciando do real,
construindo fantasias e sonhos ao invés de considerar o ponto de partida da
realidade.
Isto pode ser ilustrado com
uma conversa que tive com um colega. Ele tem características maravilhosas naquilo
que faz, mas deparava-se com limitações profundas em outras, e isto o fez
carregar um enorme peso e cobrança. Uma frase, porém, mudou sua história:
“Quando eu sei que não sei, não dói!” Pense nisto!
Em outras palavras, quando
ele se concentrou naquilo que era capaz de fazer bem, e não naquilo que
esperavam que ele “deveria” fazer, conseguiu ser mais produtivo e proativo, e
tirar um enorme fardo de tentar ser o que não era.
Por causa dos “deverias”,
passamos a creditar que o trabalho “deveria” ser incrível (quando nem sempre ou
quase nunca é); que “deveríamos” ser pessoas de sucesso (quantas realmente o
são?); termos empregos ideais com salários ideais (quantos alcançaram isto?) e
desta forma, por não sabermos lidar com o que é real, buscamos o emprego ideal,
a faculdade ideal, o parceiro ideal, a vida ideal, quando na verdade deveríamos
agir sobre o que é real.
Jovens são particularmente
vítimas de tais sentimentos. Por não encontrarem o pote de ouro, a vida ideal,
sem problemas, sentem-se desencorajados ao lidar com a concretude da vida, e
tornam-se absorvidos pelo “deverias”; não querem dar duro e enfrentar
sacrifícios, porque ilusoriamente acreditam que deveriam receber maior consideração,
salários mais altos, melhores condições de trabalho e patrões menos exigentes.
Aqueles que nascem em
famílias que evitam a todo o custo a ideia de sacrifício dos filhos, e não souberam
estabelecer limites e parâmetros realistas, encontram ainda maior dificuldade
porque seus pais os impediram de crescer psicologicamente, fazendo-os acreditar
que eram merecedores de uma vida melhor sem cumprirem as etapas necessárias de
esforço, sacrifício, lutas, abnegação, resiliência e persistência. Estes,
facilmente, se tornam vítimas da “tirania dos deverias”
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