No deserto do Arizona, um filantropo americano decidiu realizar um projeto controvertido. Ele financiou um grupo de pesquisadores para construir uma bioesfera, simulando a vida num planeta hostil, e a transformou num espaço habitável completamente isolado do resto do mundo. Dentro de suas paredes impermeáveis de vidro, este grupo de pessoas procurou viver com autossuficiência de plantas, animais, comida e água, tudo sem precisar do mundo exterior. Eles queriam demonstrar que se tal comunidade fosse bem sucedida , a experiência poderia ser repetida em outros planetas.
O
sucesso do projeto permanece em questionamento, apesar de muitas descobertas se
mostrarem interessantes. Foi possível fazer colheitas de grão e determinados
animais conseguiram se adaptar, certas espécies de arvores, como o
choupo-do-Canadá se desenvolveram bem na bioesfera, crescendo com aparente
vitalidade. Contudo, estudos posteriores revelaram que seu tronco era
extremamente frágil, sem correntes de ar, a árvore não se tornou capaz de
enfrentar os ventos. Tinha altura, mas não resistência.
Esta
é uma boa ilustração de que viver numa redoma não é psicologicamente saudável.
Somos uma geração que detestamos qualquer dor e não sabemos lidar com perdas e
lutos, entretanto, situações de adversidade e oposição são essenciais para o desenvolvimento do caráter
provado e de uma vida equilibrada.
A
Bíblia afirma que “A tribulação produz
perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança”(Rm
5.3,4). Os eventos adversos nos tornam resilientes, gerando a mesma capacidade
que determinados corpos apresentam de retornar à forma original, após serem
submetidos a uma deformação elástica, ou, de se recobrar facilmente e se
adaptar às pressões e mudanças. Por mais salutar que possa parecer, tentar
evitar que os filhos sejam protegidos de todas as intempéries não é realista,
nem gera perseverança e experiência. Ventos fortes, oposição, contrariedade,
nos transformam em pessoas fortes, e não necessariamente em gente cínica e
traumatizada.
Embora
saibamos que muitas dores podem ser evitadas, porque decorrem de más escolhas e
decisões equivocadas, muitos males advém da realidade do mal ao nosso redor.
Uma família disfuncional traz muitos danos psicológicos aos filhos, com sérios
desdobramentos nas futuras gerações. Outras vezes, porém, o sofrimento
paradoxalmente advém da integridade e justiça. Por isto somos encorajados pelas
Escrituras: “Se, quando praticais o bem,
sois afligidos e o suportais com paciência, isto é grato a Deus”(1 Pe
2.20).
O
apóstolo Pedro escreveu estas palavras para uma comunidade nos primórdios do
cristianismo, que estava sob enorme pressão e antagonismo, não porque estivesse
fazendo algo errado, mas porque decidiu agir honestamente com sua consciência.
Naturalmente
nos assustamos quando a adversidade surge por causa da integridade. De qualquer
forma, a oposição nos assusta, sejam quais forem as suas razões. Apesar de ficarmos estremecidos, deveríamos entender
que as raízes de uma árvore se fortalecem na medida em que enfrentam
tempestades e fortes ventos. Árvores da montanha se tornam muito mais fortes, e
aprofundam suas raízes, porque precisam se fortalecer diante das intempéries.
As árvores
da bioesfera conseguiram crescer, mas se tornaram raquíticas porque suas raízes
eram superficiais e seus troncos frágeis. Então, não se assuste com as
dificuldades de hoje, porque podem moldar seu caráter, fortalecer seus valores
e forjar sua personalidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário