quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Quanto custa?



Recentemente, o Jornal Contexto de Anápolis-GO publicou uma lista de preço de mercadorias básicas nos supermercados de Anápolis. Os preços variavam em até 300%, deixando no ar uma pergunta: Qual é o preço real das coisas? Qual é, realmente o valor justo?
Na área de prestação de serviços, o descalabro pode ser ainda maior, já que pouco se sabe quanto é o serviço de um mecânico, ou de instalações domésticas ou elétricas. Faça um levantamento de custo de uma obra em sua casa, peça três orçamentos, a variação pode ser surpreendente. Um serviço mecânico pode ser uma fortuna. A revisão de um carro novo numa concessionária, pode ter um custo bizarro quando você observa que apenas houve uma troca de óleo e verificação de itens simples.
O que é necessário para definir se um valor é caro, barato ou justo?
É verdade que certas demandas são produzidas de acordo com o contexto. Sabe-se que é relativo (esta palavra é chave) o valor que damos ao dinheiro. No mercado de luxo existem realidades surreais. Na Austrália, recentemente, uma empresa colocou a venda um rolo de papel higiênico feito de ouro, estimado em 1.3 milhões de dólares. Existe uma vodca no mercado, exclusiva para bilionários excêntricos, cuja garrafa está avaliada em 3.7 milhões de dólares, suficiente para comprar duas Ferraris.
O mais preocupante, contudo, é a perda de referência de valores, moral e vida. A incapacidade da sociedade em definir o que é prioritário, necessário e supérfluo é preocupante. Numa época de valores relativos, quanto vale a família? A vida com Deus? A fidelidade conjugal? A saúde emocional dos filhos? Qual o valor intrínseco de um pai amoroso que cuida de seu filho? De um homem que respeita sua casa? Qual o valor agregado para uma criança da ausência, passividade, indiferença ou até mesmo a rejeição do pai?
Atribuir valor à vida, às pessoas, aos relacionamentos, à espiritualidade, à família e amigos, pode variar mais que os 300% de uma mercadoria colocada na prateleira de uma loja.  A incapacidade de estabelecer a diferença entre o prioritário e o urgente, entre o bom e o ruim, entre as trevas e a luz, é fatal em alguns casos. Todos estes elementos possuem valores agregados.
Estatísticas apontam que cerca de 80% dos que se encontram na carceragem masculina, possuem um ponto em comum: Não tiveram relacionamentos positivos ou significativos com seus pais (homens), sofrendo abusos verbais, agressões e violência doméstica, ou silêncio e indiferença resultantes de uma paternidade, passiva ou ausente.
É fundamental avaliar o preço de atos e decisões. Qual é o valor real das coisas? Caso contrário, teremos a esdrúxula  ideia de que vale a pena pagar 3.7 milhões de dólares numa garrafa de vodca, mas não vale a pena investir na vida dos filhos, na saúde emocional da família e nos valores espirituais. Não é exatamente assim que facilmente valorizamos coisas supérfluas em detrimento daquilo que é essencial? Desconsideramos o Sagrado em prol de caprichos e desejos? Corremos o risco de viver na contradição de uma conhecida frase popular: “Hoje em dia as pessoas sabem o preço de tudo, mas não sabem o valor de nada”.


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