Muitas pessoas tem perguntado sobre
minha opinião acerca das imagens de uma transexual “crucificada” na parada gay.
As reações foram distintas, os motivos levantados vão desde a concepção de que
se tratava de um sacrilégio até o simples direito de liberdade da pessoa, ou do
grito de alguém que realmente se sente marginalizada e ferida. Vi pessoas
profundamente ofendidas, li sobre teorias conspiratórias afirmando que no outro
dia quem fez este ato teatral teria morrido, etc ... vi senadores, políticos e
pastores midiáticos reagindo energicamente, vi reações da liderança da Igreja Católica
e evangélica manifestando seu repúdio e um sem número de pessoas indignadas com
a cena.
Meu sentimento, porém, foi de
compaixão e não de ódio ou mágoa. Concordo com o Rev Augustus Nicodemus que afirmou
não se sentir ofendido, como cristão, apesar de discordar da estratégia de
marketing dos organizadores, porque nossa fé não está colocada em símbolos
cristãos, e nem em objetos sagrados como cruz, templos sagrados, imagens
sagradas ou líderes sagrados. Por isto não explodimos bombas quando tripudiam da
Bíblia ou fazem cenas obscenas diante das igrejas, ou quando se vestem de forma
agressiva para ferir. As pessoas que participaram da parada sabiam do conteúdo
explicito do que seria exposto, e concordaram com isto. É um direito de
manifestação e liberdade de expressão. Revelaram o que são e pensam.
Como lidar com as expressões
agressivas contra o que cremos? As palavras do Rev. Nicodemus falam por si: “As
coisas que considero santas estão muito além do alcance dos homens, para que
estes possam profaná-las. O meu Salvador está nos céus, o meu Deus é rei do
universo, minha morada é celestial, a Palavra de Deus está escrita nos céus e é
eterna, o pão e o vinho nada mais são que representações materiais daquele que
se assenta no trono do universo. Realmente, não há nada no meu cristianismo que
esteja ao alcance de quem deseja me ofender através da profanação”.
Tenho aprendido que posso não
concordar com o que o outro pensa, mas respeito até o último instante o direito
dele pensar, contudo, não precisamos concordar que o que pensam e fazem. É justo
e direito ter opinião distinta sobre orientações
sexuais e crenças diferentes, mas quero ter o direito de ter opiniões claras na
minha mente, ter conceitos claros sobre família, Deus, valores e sexualidade. O
que é inadmissível é que quem se sinta agredido, decida agredir, ou que aqueles
que pensam diferente queiram que concordemos com seus pressupostos. Não tenho
preconceitos, mas existe alguma coisa errada em ter conceitos?
Devemos respeitar toda crença e
convicções. Jesus, contudo, disse algo muito interessante sobre convicções: “A
sabedoria é justificada por seus filhos”. Os resultados, as consequências, as
expressões, o jeito de agir e ser, revelam o que pensamos e somos. Os frutos
advindos das opiniões que temos revelam quem somos. As manifestações públicas e
midiáticas, revelam os resultados do coração. As imagens e atos revelaram o
coração e não há como ser diferente. Assim como a boca fala do que o coração
sente, atos refletem convicções.
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