Criou-se o mito de que o povo
brasileiro é pacífico, mas quando analisamos as estatísticas nos surpreendemos
com dados estarrecedores. O Brasil mata mais que regiões em guerra, tem onze
das 30 cidades mais violentas do mundo, em 2012 foram assassinadas 64.357
pessoas no país; em 2013 morreram 40.451 pessoas em acidentes e 170.805 foram
feridas. Uma em cada 14 mulheres, ao menos uma vez na vida, foi vítima de abuso
sexual; entre 2009 e 2011 houve quase 17 mil mortes de mulheres por conflito de
gênero, ou seja, 5.664 por ano.
No Brasil, o instinto de violência
infiltrou-se no fluxo do sangue da nação. A ONG americana Social Progress mantém
um ranking da qualidade de vida em 132 países e no índice de segurança pessoal,
aparece como o 11º país mais inseguro do mundo, e para esta avaliação cinco critérios
foram utilizados: Número de homicídios, crimes violentos, percepção da
criminalidade, terrorismo e mortes em trânsito. Ou seja, sobreviver no Brasil é
uma arte.
A pergunta mais relevante é:
Por que o Brasil é um país tão violento?
Vários fatores sociológicos devem
ser considerados como pobreza da periferia, falta de oportunidade de educação e
emprego, tráfico de drogas, violência pública, mas Alexandre Andrada, professor
de economia da UNB levanta uma hipótese antropológica: “É provável que haja
algo em nossa cultura, hábitos e costumes que incite à violência”.
Violência é também uma questão
de coração. Pessoas feridas ferem; violência gera violência; impotência é um
fator de violência e existe ainda a violência reativa, isto é, a violência dos
violentados. Historicamente, quando a justiça é ausente ou frouxa, as pessoas
se sentem impotentes e decidem fazer justiça com suas próprias mãos. A ausência
da aplicação de leis favorece a mentalidade do justiceiro ou do vingador. Estados
totalitários e governos corruptos encorajam a violência.
A violência, acima de tudo,
é resultado de um coração angustiado e mal resolvido. Caim matou Abel por
inveja. Seu coração estava com graves problemas. Curiosamente assassinou logo
após um ato religioso, depois de terem trazidos suas ofertas a Deus. Isto demonstra
que a formalidade e superficialidade religiosa não nos livra da agressividade. Não
é sem razão que a história da humanidade está repleta de “guerras santas”,
cruzadas e inquisições com ou sem fogueiras.
Somente um coração em paz é
capaz de reproduzir paz. Jesus convidou seus discípulos a refletir sobre isto: “Deixo-vos
a paz, a minha paz vos dou, não vo-la dou como o mundo a dá”. Sem a serenidade
e a paz de Deus, nosso coração continuará atribulado e inquieto, ferindo e
sendo ferido. A violência de nossa cultura reflete o grau de conflitividade de
uma sociedade que, acima de tudo, perdeu sua relação com aquele que pode trazer
paz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário