Há uma famosa doença diagnosticada na psiquiatria como
síndrome de Estocolmo, um estado
psicológico desenvolvido por algumas pessoas que são vítimas de seqüestro, no qual
a vítima se identifica com seu raptor, procurando conquistar sua simpatia e até
mesmo protegê-lo. A síndrome recebe seu
nome em referência ao famoso assalto de Norrmalmstorg, Estocolmo, no qual
vítimas continuavam a defender os sequestradores e mostraram um comportamento
reticente nos processos judiciais. Inicialmente as vítimas se identificam
emocionalmente com os sequestradores, como mecanismo de defesa, por medo de
retaliação e/ou violência, depois pode até se enamorar e apaixonar pelo
agressor. Obviamente a vítima não tem consciência disso, mas a mente fabrica
uma estratégia ilusória.
A verdade
é que as obsessões se alimentam por si mesmas, e quando a pessoa adoece, na sua
obsessividade passa a girar em torno de uma idéia ou pessoa. Quanto mais tempo
se tem uma ilusão, mas difícil se torna a sua superação.
Muitos
relacionamentos são patológicos desde o princípio. Amores tóxicos e doentios se
constroem nesta relação doentia, onde um precisa ser o agressor e o outro se
torna a vítima e o agredido. Casamentos são um bom exemplo disto. Cada um topa
assumir um determinado papel, as crises surgem quando um decide mudar as regras
e o outro rejeita. Na relação doentia podem se intoxicar e adoecer.
Erich
Fromm, ao tratar da “síndrome do declínio”, cunhou um dos três componentes de
“simbiose incestuosa, ou tipo de caráter maligno. A melhor ilustração é a de um
parasita que decide se alimentar da seiva de uma árvore, mas que na medida que
cresce vai exigindo cada vez mais da seiva que ela tem, e a sufoca até a morte.
Mas quando a árvore morre, ela não sobrevive, porque construiu sua vida em
torno dela.
Sempre
temos a tentação de falar da malignidade do agressor, mas é dolorido ver, por
outro lado, como o ofendido se submete a esta escravidão, sem poder de ruptura.
Isto se torna uma “escravidão voluntária”, na linguagem de Scott Peck, no qual
a vítima aceita viver nesta condição.
“Uma
pessoa passiva significa uma pessoa inativa – um aceitador ao invés de um
doador, um seguidor ao invés de um líder. Isto o transforma em dependente,
infantil e preguiçoso, como a de um bebê precisando da mãe, e que se recusa
crescer... não nos tornamos parceiros do mal por acidente. Como adultos, não
somos forcados pela sina a nos tornarmos presas de um poder maligno; armamos
nós mesmos a armadilha... quando adultos que não estão ameaçados de morte se tornam
vitimas do mal, é porque – de uma forma ou de outra, fizeram a barganha da
indolência” (Peck)
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