domingo, 29 de setembro de 2013

Atitude


 
Quantas vezes decidimos ser pessoas melhores, assumir compromissos maiores, sermos mais pacientes com os que nos irritam e sermos mais companheiros, mas tais resoluções se parecem com um regime que sempre começa na segunda-feira. Temos boas intenções, mas a prática parece algo complicado. 
Precisamos tomar atitudes na vida. Corremos o sério risco de vivermos protelando e adiando, este é o comportamento típico do procrastinador, que deixa sempre para amanhã coisas que precisava fazer hoje. 
Acabei de retornar do hospital. Fui visitar uma pessoa idosa que descobriu que tem um câncer terminal. Ela está serena, apesar de sentir dores. Está segura, por causa de sua firmeza de fé, apesar da iminência da morte. Ela sempre orou para que Deus não a deixasse numa cama, dando trabalho para os outros, parece que Deus está atendendo sua súplica. Sua filha, que mora no exterior, está viajando hoje para estar com ela. Quem quiser demonstrar-lhe alguma forma de amor, deve fazê-lo agora. Aparentemente não há muito tempo. Muitas outras atitudes que precisamos tomar, também precisam ser agora – A vida continua. 
A vida não muda sem que assumamos novas posições. Sem que resolvamos pagar o preço de novas e delicadas decisões, relacionadas ao perdão, à forma de viver e tratar as pessoas. 
Todos enfrentamos dificuldades inerentes para mudanças. Elas exigem sacrifícios, muitas vezes um alto preço a pagar, elas transformam o nosso cotidiano, mudam nossos paradigmas, velhos e arraigados hábitos. No entanto, apenas “melhores atitudes podem nos levar a maiores altitudes”.
 “Ninguém comete erro maior do que aquele que não fez nada porque só podia fazer pouco”. E. Burke (1729-1797) Outra pessoa afirmou: “Quanto mais eu vivo, mais entendo o impacto da atitude na vida. Para mim, atitude é mais importante do que fatos. É mais importante do que o passado, do que cultura, do que dinheiro, do que as circunstâncias, do que os fracassos, do que os sucessos, do que aquilo que os outros possam fazer, dizer ou pensar. É mais importante do que a aparência, capacidade ou habilidades. Atitude é o que cria ou destrói uma empresa, uma igreja, um lar. O incrível é que todos os dias podemos escolher a atitude que vamos adotar, mas não podemos alterar o passado. Não podemos mudar o fato de que as pessoas irão agir de uma certa maneira. Não podemos mudar o inevitável. A única coisa que podemos fazer é tocar com a única corda que temos e esta é nossa atitude... Estou convencido de que a vida é 10% o que acontece comigo e 90% como eu reajo a isso”.  
A grande verdade da vida é: "Quem quer, cria recursos, quem não quer, cria desculpas".    


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

namoro misto


Por que você não deveria namorar (ou casar ) um descrente?

Introdução:

Este é um assunto que pode parecer desnecessário, afinal, podemos pensar que uma pessoa que ama a Deus não consideraria gastar todas sua vida, dividindo sua vida familiar, com alguém que não tem a mesma compreensão das coisas eternas. Infelizmente, esta não é a realidade.

Queremos considerar alguns relevantes princípios que podem ser aplicados a qualquer cristão pensando em casar (ou namorar) alguém que não ama Jesus com todo seu coração.

Na segunda carta de Paulo aos Coríntios, a Palavra de Deus nos ensina: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo? Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso” (2 Co 7.14-18)
A Bíblia nos recomenda a não colocar nosso pescoço debaixo da mesma canga, fazendo nossos planos e sonhos com alguém que não possui a mesma compreensão espiritual que temos.

O que é “Jugo desigual”?
  1.  Primeiramente, são pactos e associações com Instituições filosóficas/religiosas que não conhecemos bem e que comprometem o Reino de Deus – Por exemplo, envolvimento com seitas místicas. No Brasil é muito comum pessoas cristãs, inadvertidamente, se tornarem membros da maçonaria. Para alguém ser admitido na maçonaria, no seu rito de entrada (também chamado de batismo), a pessoa deve declarar: “Estou nas trevas em busca da luz”. Apesar de negarem este aspecto da religiosidade, eles usam termos próximos de uma religião. Por exemplo, a loja deles é chamada de Templo. Podemos encontrar estes títulos claramente apresentados na Davis Square e Church St, em Massachussets, onde surge o termo “Masonic Temple”. Já tive presbíteros que eram mais fiéis à reuniões maçônicas que a reunião de oração.
Ao escrever este texto, o apóstolo estava muito preocupado com a distinção que os cristãos tinham que fazer com os ídolos. Vinham de uma sociedade pagã, onde conviviam sem nenhum problema como vários deuses, e ele tenta demonstrar que o Deus que agora servem é um Deus exclusivo, que não reparte sua glória com ninguém, por isto não deveriam participar de sociedades com demônios ou de comidas sacrificadas a eles.
O texto nos adverte para não nos envolvermos ou fazermos qualquer pacto que possa dividir nossa atenção. Nada que distraia ou nos envolva em compromissos e pactos que nos distanciem de Deus.

2. Rituais místicos que podem criar alguma ligação com obras demoníacas- É comum pessoas sem muito conhecimento do que significa ser cristão e imaturas na fé, participarem de brincadeiras e atividades aparentemente inocentes que estão relacionadas ao demônio. Algumas destas incluem meditação e levitação, tabuas de Ouija, a aparentemente inocente brincadeira do copo, a consultas a videntes, cartomantes ou quiromantes. No Rock in Rio (2011), a direção do evento, convidou 50 pais de santos para darem passes às pessoas que participavam do evento. Foram construídas pequenas tendas, onde podiam receber passes. É curioso que nenhum pastor ou padre tenha sido convidado...
Outro perigo que surge nesta área é a linha tênue entre parapsicologia e demonismo. Muitos se envolvem com supostas práticas parapsicológicas, e na verdade estão andando na linha do demônio, sem o saber. Parapsicologia e demonismo possuem uma linha divisória muito pequena.
Um dos meus diáconos em Goiânia, Sr. Jabes de Souza Santos, nos relatou ser comum em sua casa, antes de aceitarem a Jesus, que num encontro da família chamassem as crianças entre 3-5 anos, e pedirem que as mesmas colocassem seus dedos mindinhos ao redor de uma pesada mesa de madeira, para a levitarem. Todos os adultos ficavam ao redor e aquela cerimônia “despretensiosa” era praticada. Perguntei-lhe porque não fizeram mais depois de sua conversão e ele me respondeu que eles, misteriosamente, não tinham mais prazer nestas coisas.
“Jugo desigual” tem a ver, primariamente com envolvimento com ídolos e outros deuses. A Bíblia conta que Salomão se envolveu com muitas práticas terríveis. “Seguiu a Astarote, deusa dos sidônios, e a Milcom, abominação dos moabitas; assim, fez Salomão o que era mau perante o Senhor”. 1 Rs 11.5,6 O texto é claro ao afirmar que “Sendo já velho, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses, e o seu coração não era de todo fiel para com o Senhor, seu Deus, como for a o de Davi seu Pai”. I Rs.11:4
A gente pensa que estas coisas não acontecem atualmente, mas sabemos de pessoas que saíram da graça de Deus para oferecerem altares a deuses falsos. Um dos casos mais conhecidos no Brasil é o de um ex-professor do Seminário do Norte, que casou com uma babalorixá e hoje, embora não se curve diante dos sacrifícios, está ao lado de sua esposa para comprar as coisas que ele precisa e fazer suas oferendas aos demônios, enquanto ela invoca as entidades para as sessões que são feitas.  Definitivamente fez vínculos com demônios e coisas sacrificadas a ídolos.

  1. Negócios altamente rentáveis, cujo enriquecimento é lícito do ponto de vista da lei, mas contrários à lei de Deus e à nossa consciênciaMuitos cristãos podem adquirir ações em bolsas ligadas a cassinos, clínicas de aborto, pesquisas genéticas reprovadas pela ética cristã como clonagem de seres humanos e células troncos com abortivos.  Investimentos em hospitais que subsidiam propaganda homossexual ou projetos anti ecológicos que trazem danos à natureza ou subsidiam guerras e conflitos militares. Jugo é “canga” usada para colocar dois animais juntos. O que a Bíblia nos ensina que o crente não pode fazer nenhum vínculo com a pessoa que não comunga da mesma fé. Não pode se atrelar a ela, colocar a canga no seu pescoço e no do outro que não conhece a Deus. O texto é mais objetivo na questão da idolatria e adoração a outros deuses. Como cristãos não podemos ter vínculos que comprometam nossa fidelidade a Deus. Estou absolutamente certo de que o problema de Daniel em não querer se envolver com o vinho e a carne do rei era pelo vínculo idólatra que isto criava.
Nesta categoria ainda se incluem sociedade com pagãos. O Homem do mundo tem valores diferentes do homem que serve a Deus. O mundo age com base no lucro e no sucesso. Embora o homem cristão possa trabalhar nesta perspectiva, este não pode ser o nosso último alvo ou final. Antes disto, devemos buscar a glória de Deus e adorá-lo com nossa vida.

  1.  Vínculos afetivos ou comerciais com pessoas que são hostis ou rejeitam o evangelho e a Jesus -
    1. Proposta de trabalho onde você não pode testemunhar a Jesus, ou no qual você tem que se silenciar acerca do que você crê, ou mesmo defender comportamentos e princípios éticos que você condena. Existem cristãos aceitando isto, enquanto grupos e ativistas gays tem espaço para expressar suas atividades e fazer suas propagandas temos nos intimidado com o Evangelho. Existem muitos saindo às ruas para defender marcha de gays e vadias, e não saímos às ruas para defender princípios éticos e valores ligadas à família.

    1. Casamento com pessoas contrárias ou indiferentes ao Evangelho. É o que convencionamos chamar de “Casamento misto”. O maior de todos pactos humanos, é, sem dúvida, o casamento. Colocar-se num jugo desigual, pode trazer danos tremendos à vida daqueles que amam a Deus. Muitas pessoas cheias do Espírito Santo perderam sua vida de piedade e reverência a Deus depois que se envolveram com uma pessoa sem Jesus. Canga igual para animais de hábitos diferentes é complicado. Tente colocar uma canga num cabrito e num boi, ao mesmo tempo...
Estar casado com alguém que não ama a Deus é um preço muito caro! Por que? Casamento, depois da decisão de seguir a Cristo, é a maior e mais importante de sua vida. O problema é que muitos cristãos começam um namoro acreditando que isto não seja algo tão sério,

a)- Primeiro, porque a Bíblia fala contra isto ; A Bíblia afirma que o casamento deve ser “somente no Senhor” (1 Co 7.39). Contudo, existem várias justificativas para que a gente queira ignorar isto. Ou, veja o que este texto diz: “Qual a comunhão entre o crente e o incrédulo?”. O apóstolo Tiago afirma que devemos “acolher a palavra da verdade, com mansidão”. Nestas horas, geralmente as pessoas reagem e ficam indignadas porque Deus diz certas coisas que eles não gostam. Em alguns casos, se rebelam e fazem do jeito que querem fazer, contrariando frontalmente a Palavra da verdade. É bom lembrar, que os princípios de Deus são dados para a vida, portanto, “nunca devemos violar os princípios de Deus se desejamos ganhar ou manter as bençãos de Deus” (Andy Stanley). Deus não tem compromisso com a infidelidade. A quebra de princípios pode não levá-lo ao inferno, mas podem trazer o inferno até você.

b)- Segundo, porque os interesses são diferentes. Uma pessoa sem Deus pensa e age de forma diferente daquele que ama a Deus. O crente pensa nas coisas relacionadas à missão e ao reino de Deus, enquanto o homem sem Deus, busca fazer as coisas para sua carne. Mesmo que o que fazem não seja, necessariamente ruim ou eticamente condenável. O problema é a motivação. O lazer do cristão é diferente, as férias possuem objetivos diferentes e as prioridades são diferentes. No domingo de manhã, o crente quer ir para a Escola Dominical, o descrente, para o clube; No carnaval, o crente quer ir para o retiro, o descrente, para a folia.

Quais são as justificativas mais comuns para um casamento misto?
Jaime Kemp apresenta algumas das mais comuns no seu livro “Namoro, Noivado, casamento e sexo”.
Þ   Estou somente namorando, não temos intenção de nos casar…
Þ   Nós temos tanta coisa em comum...
Þ   Não sei se ele é crente, estou namorando a pouco tempo e ainda não tive condições de verificar isto...
Þ   Ele não é crente, mas é um cara legal...
Þ   Creio que ele (a) está aberto (a) ao Evangelho...
Þ   Ele quer que nossos futuros filhos freqüentem a Igreja...
Þ   Eu lhe falei que só namoraria pessoas crentes, e então ele aceitou o Evangelho...
Þ   Conheço poucos rapazes (moças) crentes, meu círculo de amizades envolve mais pessoas descrentes...
Þ   Ele é mais cavalheiro que a maioria dos rapazes que eu conheço...
Þ   Ele não é crente porque não quer ser hipócrita...

Qual é o problema do casamento misto?

O casamento misto não tem uma base cristã para o lar. O ambiente dele não é o seu. O problema no Brasil ainda é maior porque todos dizem que tem uma religião cristã. Você quer um casamento nos princípios e propósitos de Deus? Onde vocês podem orar juntos para resolver seus problemas pessoais? Na hora da crise vocês tem uma rocha comum?
Outro aspecto a ser considerado: É muito mais fácil alguém te puxar para baixo, que você levá-la para cima.
A recomendação bíblica é muito clara. O casamento tem que ser no Senhor. “Fica livre pra casar com quem quiser, mas somente no Senhor” (1 Co 7.39). A liberdade restringe-se a um vínculo com uma pessoa que possua as mesmas convicções quanto à sua fé.
Isto nos leva a considerar outro aspecto muitas vezes esquecido. Muitas pessoas namoram pessoas que andam perifericamente na igreja, e até mesmo a freqüentam com certa regularidade, acreditando que ela é cristã por causa disto. Mas o fato de alguém cultivar certa presença numa comunidade ou mesmo se batizar nela, não significa que ela tem compromisso com Deus.

Deixe-me fazer algumas perguntas para você checar se esta pessoa ama o Senhor ou não:
Þ      Ela é comprometida com a Palavra de Deus?
Þ      Tem interesse em orar e buscar a Deus?
Þ      Está envolvido com a Igreja local?
Þ      Tem amor pela obra?
Þ      Prega e ensina a Palavra de Deus?
Þ      Tem sede de crescer em Jesus?
Þ      Já assumiu o compromisso de ser verdadeiramente um discípulo de Cristo?
Estes pontos ajudam a clarificar a vida de uma pessoa que está “No Senhor”.

Testemunho:

Uma vez que você entrega seu coração e suas emoções para alguém, você ficará surpreso ao notar quão difícil será uma ruptura, mesmo quando você sabe que é necessário tomar tal decisão. Uma jovem cristã escreveu a seguinte carta para seu conselheiro:
“Tenho 16 anos e sou filha de missionários no Oriente Médio. Eu tenho mantido um relacionamento de intimidade com o Senhor e recentemente encontrei um garoto na escola que não é cristão e estamos namorando por três meses. De início acreditei que estava tudo certo, afinal eu não estava me casando com ele e nem tinha intenção de fazê-lo, uma vez que ele não tinha um compromisso pessoal com Jesus, mas ultimamente encontrei alguém que me afirmou que eu estava errada e que eu não deveria manter este tipo de relacionamento desde o princípio”.
“Uma noite ele veio à minha casa, e eu estava ouvindo um CD de música evangélica, e ele ironizou as letras dizendo que eram letras tolas e riu do que ele chamou ´deste estranho Jesus´. Quando ele saiu, senti-me profundamente ferida pela forma como ele zombou das coisas de Deus, e eu realmente me senti profundamente triste, chegando à conclusão de que deveria por um fim em nosso relacionamento, mas está sendo muito difícil porque nós temos um carinho muito grande um pelo outro e eu estou com medo de que o meu testemunho enfraqueça se o nosso namoro acabar. Eu realmente tenho pedido ao Senhor que me dê sabedoria. Gostaria de pedir que orasse por mim sobre este assunto”.
Este é o típico caso de rapazes e moças cristãs que oram por uma decisão depois de terem assumido o relacionamento. Ela não precisa de sabedoria para saber o que fazer, o que ela precisa é de graça e poder para fazer aquilo que ela sabe que está errada, afinal, “Que comunhão há entre o crente e o incrédulo?”. É muito fácil permitir que nosso coração dirija nossa consciência ou nossa obediência. Uma vez que seus desejos demandam prioridades, seu zelo por Deus facilmente esmaece. Nossas emoções são poderosas e podem facilmente nos controlar, afinal, “Enganoso é o coração, e demasiadamente corrupto, quem o conhecerá?” (Jr. 17.9). precisamos sempre indagar se temos sido orientados pela Palavra de Deus ou pelos nossos sentimentos.
Quando Caim pecou contra o Senhor, Deus veio admoestá-lo e reorientá-lo, já que ele havia se distanciado completamente de sua vontade. Sua palavra é muito oportuna: “Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo” (Gn 4.7). Desejo precisa ser dominado, e apenas quando os submetemos a Deus, eles poderão estar sob controle, já que no nosso coração existe uma predisposição para o engano, como afirma o profeta Jeremias. Precisamos dominar nossos desejos, para que eles não nos dominem e nos animalizem.


Esclarecimento necessário:

Creio ser interessante fazer outro comentário sobre casamento misto. Já vi alguns dizendo: “Estou casado com alguém que não ama a Jesus, logo o meu casamento não pode ser abençoado por Deus, porque é um casamento misto” Pessoas assim estão apenas tentando justificar seu fracasso no casamento, mas buscando uma justificativa espiritual para romperem seu matrimônio. O que a Bíblia ensina àqueles que já estão casados?

Dois textos podem nos ajudar nisto:

I Co 7.12-14: “Aos mais digo eu, não o Senhor: se algum irmão tem mulher incrédula, e esta consente em morar com ele, não a abandone; e a mulher que tem marido incrédulo, e este consente em viver com ela, não deixe o marido. Porque o marido incrédulo é santificado no convívio da esposa, e a esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. Doutra sorte, os vossos filhos seriam impuros; porém, agora, são santos”.
Portanto, não pode pairar nenhuma dúvida sobre o fato de que uma pessoa casada com um descrente está autorizada por Deus a se divorciar.

1 Pe 3.1-2: “Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido, para que, se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa, ao observar o vosso honesto comportamento cheio de temor”.
Há uma promessa de Deus que, pela atitude cristã da mulher temente a Deus, o marido incrédulo vai ser despertado para a salvação e conhecerá a verdade do Evangelho. Esta é uma promessa que pode revolucionar nossa história.

O nosso texto base, tem sido a 2 Carta de Paulo aos Coríntios. Este texto é um texto forte, que nos leva a avaliar seriamente alguns vínculos que temos estabelecido. Neste texto, Paulo tira esta idéia de “jugo desigual”, ou “canga desigual”, da vida agropastoril.

O que vem à sua ideia quando você fala de “Jugo desigual?’
Na zona rural é muito comum vermos bois levando cargas pesadas, mas atados por uma peça de madeira no pescoço. O nome que se dá a esta peça é canga ou jugo. São animais da mesma espécie colocados juntos para fazer um trabalho especifico. Eles são cuidadosamente treinados para responder aos mesmos comandos. O fazendeiro geralmente coloca dois animais do mesmo tamanho, força e temperamento porque sabe que precisarão trabalhar juntos. Se um animal desequilibra, o outro terá que fazer uma força extrema, porque a tarefa é dada para ser desenvolvida como uma equipe. Se estiverem fora da sintonia possivelmente o equipamento poderá se quebrar, sofrerão ferimentos, haverá confusão e o trabalho nunca será feito. Afinal, “andarão dois juntos se não houver entre eles acordo?” (Am 3.7).
Por isto é que a Palavra de Deus recomenda que casamento deve ser feito, “apenas no Senhor” (1 Co 7.39). Caso você deseja servir ao Senhor no seu lar, então ambos precisam de um acordo para que a tarefa seja realizada. Este princípio é realmente simples, por isto me impressiona que tantos ainda decidam ignorar a Palavra de Deus e agir sem considerar seus princípios.

A Bíblia apresenta algumas razões para que o Jugo desigual não aconteça:

a)- Porque o Evangelho não é inclusivo e tolerante com todas as coisas: (2 Co 6.17). Deus nos chama para sermos santos, separados. Por natureza o cristianismo precisa ser diferente.

ü       “Retirai-vos”- (2 Co 6.17)- Esta é uma forte afirmação. Ser cristão envolve ruptura com tudo aquilo que compromete a santidade de Deus. “Sede Santos, porque eu sou santo” (1 Pe 1.16). Todas as exigências éticas de Deus para o seu povo podem ser resumidas neste chamado: “Sede santos”. Apesar da simplicidade óbvia, a ordem tem sido encarada com grande confusão, negligência e receio dos crentes e escárnio dos incrédulos. Deus exige santidade de seu povo.

ü       “Não toqueis” (2 Co 6.17)- Esta afirmação nos leva a considerar que é necessário um ruptura com certos processos e atitudes de nossa vida. Associação ou envolvimento com determinados comportamentos e rituais, comprometem nossa santidade com Deus.

b)-  Porque existe uma diferença de conteúdo: As perguntas que são feitas no texto, são retóricas, isto é, levam-nos a responder da forma como são feitas. “Que comunhão entre Luz/trevas; crente/incrédulo; Justiça/iniqüidade; Cristo/maligno?”. Todos estes elementos são contrários na sua natureza e essência. As trevas não comungam com a luz, a justiça não se associa com a iniqüidade, Cristo se opõe ao maligno, e o crente não pode se associar e pactuar com o incrédulo. Porque são, por sua natureza, como água e óleo.
A proposta aqui não é para um isolamento monástico nem fuga do mundo. O apóstolo Paulo já esclareceu esta questão na carta anterior que escreveu. “Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros; refiro-me, com isto, não propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras; pois, neste caso, teríeis de sair do mundo” (1 Co 5.9-10). A questão, porém, tem a ver com vínculos, pactos e associações que fazemos. E certamente a aliança do casamento está no centro desta questão.

c)- Porque associações nos comprometem - A Bíblia conta a história interessante dos gibeonitas em Josué 9. Quando ouviram o que Israel fizera a Jericó e Ai, duas cidades prósperas e vizinhas, resolveram pactuar com o povo de Israel , e para isto fingiram vir de longe, vieram com sandálias rotas e sacos velhos e odres de vinhos rotos e trouxeram um pão seco e bolorento dentro dos sacos de viagem. Assim fizeram um pacto com o povo de Deus. A Bíblia diz que o povo de Israel não pediu conselho ao Senhor antes foram enganados e fizeram aliança acreditando que eram pessoas vindas de longe, quando na verdade eram vizinhos, estavam no caminho e na terra que o povo queria conquistar, por isto Israel foi impedido de guerrear contra eles.
Muitas pessoas, ainda hoje, sem o saber, envolvem-se com coisas satânicas, para serem agradáveis e populares. Tomem cuidado com os vínculos, pactos e associações que são feitos, muitos destes compromissos podem estar desagradando a Deus.

4. Porque precisamos rejeitar coisas impuras – (2 Co 6.17).  Nossa vida deve ser uma vida de pureza e santidade aos olhos de Deus. A sociedade atual é extremamente inclusivista, licenciosa e tolerante até com o pecado e com o mal, e deseja unir trevas com a luz. Deus diz que é necessário pagar o preço para sermos aprovados, e este preço muitas vezes é da impopularidade e do radicalismo. Precisamos lembrar do status que recebemos de Deus, que nos chamou para sermos seus filhos (2 Co 6.18).
Certa vez, Luiz XIV, um jovem príncipe, herdeiro da coroa francesa teve que ser deportado para não morrer. No seu exílio, foi morar com muitos guerreiros e soldados que tinham uma péssima conduta ética, e ele ainda adolescente tinha que suportar todas as provocações, os soldados se excediam nas bebidas, gritarias, mau temperamento e brigas, além da licenciosidade moral, fornicação e prostituição. Quando lhe perguntaram porque não agia como os demais, ele respondeu de forma segura: “Porque um dia serei o rei da França, e isto não é um comportamento digno da realeza”. Ah! Se nós entendêssemos a vocação e o chamado que Deus nos tem dado e qual a suprema grandeza de sua glória, certamente seriamos mais prudentes e cautelosos na nossa ética, para glorificar nosso rei.

Conversões de conveniência

Em geral, tenho muita dificuldade em fazer casamentos mistos. Condiciono sempre o casamento a alguns encontros com os noivos, para abrir meu coração e falar do propósito de Deus para suas vidas. Eventualmente faço apelos para conversão, evangelizando pessoas durante tais encontros.
Por desejarem que eu realize a cerimônia de seus casamentos, não é muito difícil encontrar pessoas que “aparentam” ter uma certa espiritualidade, e para desfazer qualquer possibilidade de continuar mantendo um contacto fundamentado numa mentira, afirmo diretamente que não condiciono o casamento ao fato da pessoa fazer parte da comunidade na qual sou pastor. Aprendi que isto elimina qualquer predisposição para a hipocrisia e as conversões de conveniência.
Por outro lado, vejo rapazes e moças crentes, namorando descrentes, e criando uma “cláusula” nos relacionamentos: “Só me casarei com você, se você se converter”. É obvio que se o descrente está apaixonado pela pessoa crente, como não possui qualquer compromisso espiritual, facilmente concordará em “se converter e se batizar”, mas será que realmente esta pessoa teve uma experiência com Jesus e entendeu o plano de Deus para sua vida? Em geral, tais compromissos mostram-se superficiais, logo após o casamento.
Nunca confiei em uma conversão deste tipo. Não seguimos Jesus por causa de alguém, este não é o tipo de discipulado que Jesus deseja; mas seguimos a Cristo por causa dele mesmo.

“Namoro Missionário”
Eu não estou muito certo quando surgiu o termo “namoro missionário”, mas ele é mais que apropriado para ilustrar o que falamos. Imagine você – uma jovem cristã, cheia de zelo por Deus - indo para uma tribo remota de nativos para evangelizar o perdido e sentindo grande peso espiritual pelo charmoso filho do chefe da tribo. Ele parece interessado em Deus e você gasta um bom tempo na esperança de trazê-lo para o Senhor...
Então, sem que você saiba, sua amiga de uma sociedade missionária recebe um cartão postal dizendo que ela está se casando e não volta mais. Será que ele se converteu? Bem, na verdade não – mas ela está confiante de que em breve isto acontecerá. Enquanto isto, ela está tentando organizar as coisas da casa, na sua cabana cheia de ídolos (que não verdade, ela não pensa em adorar...) e sonhando com um futuro maravilhoso que construirão juntos.
Se você ouve falar de uma situação como esta, deve se perguntar quais são as chances desta garota encontrar real felicidade – ou dela professar seu amor pelo Senhor? Suas ações certamente parecem contradizer aquilo que ela realmente afirma crer.

O Jogo do Namoro
Vivemos dias em que os jovens tem tratado o relacionamento de namoro como algo superficial e vazio. Uma música contemporânea reflete bem este pensamento moderno: Já sei namorar, já sei beijar de língua, agora só me falta sonhar... Não sou de ninguém, eu sou de todo mundo, e todo mundo me quer bem” (Tribalistas). Esta idéia de “ser de todo mundo” é uma grande falácia. Ninguém é de todo mundo, todos nós precisamos de intimidade e responsabilidade nos nossos relacionamentos, caso contrário, haverá muitas feridas e dores.
O resultado tem sido o conhecido conceito de “ficar”. Embora “ficar” seja um verbo que dá idéia de estabilidade, neste caso ele expressa algo efêmero e passageiro. “Ficar”, na linguagem moderna significa se entregar a alguém durante um tempo curto, sem nenhum compromisso ou envolvimento afetivo. Namoro tem se tornado algo vazio e pecaminoso.
Tenho a convicção de que namoro não deve ser feito de forma superficial, e muito menos sem a aprovação de Deus. Ouvi certa vez a afirmação de que “namoro é para se conhecer, noivado é para planejar e casamento é para executar”. Embora não estejamos certos de que vamos casar com a pessoa que namoramos, uma vez que a estaremos conhecendo, é prudente pensar que estaremos nos conhecendo porque a outra pessoa se tornou interessante. Antes de um envolvimento, devemos ser capazes de ver as qualidades de um sincero amor de Deus na vida desta pessoa, e os frutos de sua fé também devem ser claros.
É natural que você comece a namorar alguém com quem você já esteja observando sua forma de ser por algum tempo. Para iniciar um namoro, que é um relacionamento mais profundo, você deve entrar quando o Senhor lhe mostrar que este passo deve ser dado. Se você teme ouvir um não de Deus, muito provavelmente você não está interessado em saber sua vontade para sua vida. Isto é um sinal vermelho de que alguma coisa vai mal no seu processo de seguir a Cristo, já que você não está realmente interessado em segui-lo.
Muitos estão num casamento miserável, porque ignoraram a orientação de Deus, e resolveram seguir seus próprios desejos e a voz de seus corações. Estão aprendendo lições de uma forma muito dura. Casamento é um pacto indissolúvel, selado por Deus, e a Palavra de Deus nos ensina que “O que Deus juntou, não o separe o homem” (Mt 19.7), e que “Deus odeia o divórcio!” (Ml 2.16).
Quando falamos do casamento, estamos nos referindo a um compromisso de uma vida de amor, honra, cuidado – até que a morte nos separe! Então, como fazer uma aliança com alguém que não ama Jesus?

Apelo aos que ainda não tomaram uma decisão em ser um discípulo de Cristo

Muitos ainda não quiseram fazer pactos com a Igreja e com o Evangelho. Fazer pactos é dizer, “eu assumo, eu me comprometo”. Não fazem tais compromissos por causa do medo dos vínculos!  É importante, porém, reconhecer que o Deus do Evangelho é um Deus pactual, Deus das alianças, que exige compromisso e deseja nossa fidelidade plena, sem reservas.
Alguns nunca disseram: “Eu aceito, eu me envolvo, eu entrego meu coração a Jesus e meu rendo ao convite de ser um discípulo”. Se você ainda não assumiu compromisso porque ainda não aceita o Evangelho é coerente e razoável que não deve assumir tal compromisso. Agora se você já aceita, e por razões familiares, comodismo ou negligência tem negligenciado ao adiado esta entrega incondicional, você ainda não tem a vida, porque não a entregou a Jesus. Lembre-se do que Cristo afirmou: “Quem me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante do Pai que está nos céus. Quem, porém, me negar diante dos homens, eu o negarei no último dia”. Mt.10:32,33.  O Deus da Bíblia é um Deus do pacto, da aliança, do compromisso. Por isto a palavra afirma: “Hoje se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração…”

Conclusão:

A dura realidade é que aqueles que amam a Jesus e se casam com descrentes, jamais terão a experiência da plenitude de um casamento como Deus planejou. Nunca experimentarão a verdadeira intimidade se estarem unidos nos vínculos do amor de Jesus. Verdadeiras alianças só podem ser construídas debaixo do altar do Senhor.
Confie no Senhor, ande em obediência, e Deus satisfará suas necessidades no Seu tempo e da Sua forma. Confie no Senhor de todo o seu coração e não te estribes no teu próprio pensamento. Não se engane! Quem verdadeiramente ama o Senhor, nunca vai comprometer sua história com alguém que ama o mundo.
Ore sinceramente ao Senhor, pedindo-lhe para que oriente seu coração para que ele não se afaste dos ensinamentos do Senhor. Se você está pensando em se casar com uma pessoa descrente, ter um lar cristão, temente a Deus e que busca seguir os mandamentos de Deus, criando filhos na disciplina e temor do Senhor, como você espera alcançar estes objetivos se seus desejos são tão distintos?

Creio que é isto que o texto da Palavra de Deus está ensinando: “Que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo?”. Que Deus possa abrir o seu coração e mente, na medida em que você, sinceramente, busca fazer sua vontade.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Mais jardins, menos muros





Final de Setembro é prenúncio de uma estação cheia de vida no Hemisfério Sul, pois entramos na estação das flores – início da primavera! É exatamente sobre flores e jardins, sobre begônias e margaridas, que gostaria de escrever.
Algumas cidades são notórias pela quantidade de jardins e árvores. Tome-se, por exemplo, a cidade de Curitiba que possui mais jardins e espaços verdes que o recomendado pela OMS. Outras cidades também são conhecidas pela ausência de verde: Atenas (Grécia) é o exemplo negativo.
No Brasil enfrentamos um grave problema que está se tornando cada vez mais acentuado: Construímos muros cada vez mais altos, para coibir a criminalidade, e lamentavelmente nossa estratégia parece estar errada, porque os números da violência só aumentam. Valorizamos muros cada vez mais altos que se parecem com presídios mas não estamos protegidos.
Fico tentando imaginar como seria se arrancássemos todos os muros de alguns bairros da cidade e tivéssemos uma visão dos lindos jardins escondidos e não apreciados mesmo pelos proprietários, já que possuem agendas carregadas e raramente tem tempo para desfrutar as flores do seu quintal. Eu sei que esta idéia é utópica, mas certamente andaríamos dentro de um jardim. Existem espaços lindos detrás de muralhas protegidas por câmeras e alarmes.
Minha proposta é que os proprietários ao reformarem suas casas ou edificarem novas construções, encontrem alternativas criativas com os seus habilidosos arquitetos, para mostrarem jardins, flores, begônias e margaridas aos transeuntes. É bem melhor fazer uma caminhada pela manhã ou no fim da tarde olhando para o verde, que ao lado de um muro alto. Gramados e jardins descansam; muros e arames farpados estressam.
Estou consciente de toda questão da criminalidade, já que este é um dos itens mais citados quando se fala na melhoria de qualidade de vida de uma cidade, e talvez seja insolúvel. Ao mesmo tempo, porém, devemos considerar o efeito benéfico que gramados e áreas públicas geram nos cidadãos.
O Parque Ipiranga se tornou um marco na vida de nossa cidade e certamente é o melhor cartão postal que temos. A cidade resolveu fazer um jardim e valorizar o verde. A partir de então, os preços dos imóveis inflacionaram e prédios não param de ser erguidos na região. Podemos verificar que esta é uma tendência das cidades. Considere Goiânia: Onde são atualmente edificados os melhores prédios atualmente? Onde surgem elegantes restaurantes e lojas? Ao redor de parques e áreas verdes.
Existe muita área verde para ser explorado em nossa cidade com baixíssimo custo operacional. Um bom exemplo vem do Parque da Cidade, no Anápolis City, que está se tornando realidade por iniciativa dos vizinhos. Naturalmente a questão do verde precisa de uma leitura sociológica. Precisamos valorizar tais espaços. Muros altos não valorizam a cidade, o verde sim. Arames farpados não atraem, jardins sim. A regra é simples: precisamos de mais flores e menos muros.


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Divórcio é traumático também para filhos adultos



Ela é uma típica mulher de classe média brasileira: 34 anos, três filhos para criar, tentando dar a educação mais apropriada, cumprindo uma jornada de 40 horas semanais como administradora de uma empresa de rápido crescimento e passando por todos os mecanismos de fuga, culpa, desafios, na árdua tarefa de equilibrar as exigências domésticas com a proeminente carreira. O que ela não poderia imaginar é que seus pais, depois de 38 anos de casado, resolveriam se divorciar.
A separação deles naturalmente não se deu num vácuo, mas foi resultado do desgaste e dos embates diários que ultimamente vinham travando em casa: luta pelo poder, acusações, indiferença... O distanciamento era visível e as irritações mútuas, constantes. Os eventos mais corriqueiros se transformavam em grandes disputas. As críticas eram cada vez mais corriqueiras, raramente sorriam juntos, andavam de mãos dadas ou se beijavam. Devagar, foram construindo um universo paralelo, vivendo sob o mesmo teto, mas separados emocionalmente. Ainda assim, ninguém acreditava que um dia viessem a se separar, e todos tinham esperança de que acertariam as diferenças e retomariam a caminhada num nível um pouco mais civilizado, infelizmente o divórcio se concretizou de forma dolorida.
Foi muito estranho verificar o quanto o divórcio se tornou traumático para a família. Apesar de ser uma mulher madura, estar casada e ter três filhos para cuidar, no dia imediato à separação, ela percebeu que as coisas seriam bem mais complicadas do que ela imaginava. Os pais ficaram desorientados, apesar de terem tomado juntos a decisão, e para ela, que tinha o hábito de levar diariamente os filhos à casa dos avós, agora percebera que este lugar não mais existia. De repente, viu que seus filhos estavam com um terrível humor, e ela, profundamente entristecida, sem que associasse diretamente a separação dos pais à sua tristeza. Sentiu-se só, teve raiva dos pais, amargurou-se e finalmente entendeu que o divórcio não era traumático apenas para filhos pequenos, mas afeta profundamente a emoção de pessoas adultas, já que altera toda a estrutura familiar.
Ela descobriu que as duas pessoas em quem buscava conforto e segurança, agora não eram mais bons ouvintes pelas dificuldades que eles mesmos enfrentavam para a readaptação ao novo estilo de vida. Os diálogos caminhavam quase sempre para a questão da separação dos dois, e ela que sonhara em ver os filhos crescendo ao lado dos avós, não sabia mais que atitude tomar. Amigos antigos, agora ao convidarem para uma festa de aniversario, tinham que optar a quem chamariam. A perda da família original não fazia sentido e ela se sentiu terrivelmente só.

Atualmente as coisas estão mais assentadas em sua mente, e as emoções mais organizadas, afinal de contas, a vida deve continuar, de um jeito ou de outro, mas para esta mulher ficou a nítida impressão que, de fato, não existe divórcio amigável e sem conflitos, principalmente quando filhos e netos estão envolvidos.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Sobre os médicos cubanos



Todos reconhecemos a necessidade de mais médicos em nosso país, embora saibamos que os problemas da área de saúde vão muito além da escassez de profissionais. Falta um olhar atento e sensibilidade real dos dirigentes da nação em relação ao quadro completo. Não adianta termos mais médicos se não tivermos dipirona, gases, leitos, soro e ambulatórios minimamente equipados para atender as demandas.
Existem, porém, vários dilemas desafiadores neste processo de contratação:
  1. A rapidez com que as coisas foram feitas. A sensação que se tem é que tudo isto já estava pronto para uma migração de tantos profissionais. Não é fácil retirar uma quantidade tão grande de gente qualificada de uma ilha, e muito menos de acolher tais pessoas com dignidade. Morei fora do Brasil por alguns anos e sei como são complexas as papeladas e a burocracia para fixar residência noutro país.
  2. A necessidade de mais médicos já é percebida há muito tempo. Por que o Brasil não permitiu e encorajou jovens ávidos para serem aprovados nos concorridos vestibulares do nosso país para estudarem fora? Por que não agilizou a criação de novos cursos de medicina? Perdemos a oportunidade de qualificar bons estudantes que poderiam entrar no mercado de trabalho, com um controle muito maior sobre a qualidade de seu ensino.
  3. Por que esta importação de médicos “cubanos”? Conhecendo o dolorido histórico de perseguição de nossa presidente na época militar do Brasil, de sua ideologia marxista/leninista, não paira a suspeita de se tratar de uma questão ideológica? O materialismo dialético não estaria enviando “missionários” com recursos públicos para doutrinação de bolsões de pobreza em nosso país?
  4. Por que um “contrato de gaveta”, que beneficia diretamente o Estado ao invés de dar plenos direitos de cidadania aos profissionais que exercerão suas profissões no Brasil? Os médicos cubanos só receberão 35% do valor do salário, o restante vai para manutenção do regime cubano – não seria este um artifício legal para transferir dinheiro para um Estado totalitário?
  5. Mais preocupante que todos os itens anteriores. Médicos e médicas virão para o Brasil sem trazer seus familiares e caso peçam asilo político estes lhe serão negados. Por que não trazer os filhos e esposas? A família estorva ou ajuda o exercício da profissão? Será que a ideologia deve estar acima do bem estar pessoal e da unidade da família?
Estas perguntas, honestamente, me inquietam...