Ontem recebemos a
visita de uma amiga, cuja filha de 10 anos não parava de cantarolar uma música
que sua professora de artes da escola estava ensaiando para a programação
especial do Dia das Mães. Havia uma
clara ansiedade no seu coração quando ela voltou-se para sua mãe e disse:
“Mamãe, amanhã tenho que acordar as 5 hs, para me preparar”, isto mesmo, 5 hs
da manhã, para tomar banho, pentear o cabelo e estar pronta para a apresentação
que sua escola faria. A mãe teve certa dificuldade em convencê-la de que era
cedo demais, e não precisava ficar preocupada, pois tudo daria certo.
Achei muito bonito
esta preocupação de criança em oferecer à sua mãe algo tão especial. Ela estava
certa, este negócio de maternidade é algo muito denso e profundo.
Tudo já começa de
forma literalmente visceral. Relacionamento de pai com filho nunca terá a mesma
dimensão materna, porque não possui esta intensidade uterina. Do ponto de vista
antropológico, a maternidade se locupleta nas teias da intimidade feminina, a
tal ponto de que, em algum momento, chega-se a imaginar que o filho é a própria
extensão da mãe. O processo de amamentação tem esta vertente de que a vida e o
sustento da criança sai das entranhas maternas.
Por isto a morte de um
filho para a mãe é algo tão doloroso. É um pedaço arrancado de sua essência.
Explica-se ainda a relação de ciúme e a reação de controle que facilmente a mãe
procura ter sobre suas “crias”. Proteção excessiva reflete esta dor da ruptura
do cordão umbilical, necessário, mas tantas vezes traumático. É necessário ter
uma boa dose de consciência e maturidade para deixar ir, para entender que o
filho (a) cresceu, e que não há mais necessidade do leite materno para
continuar a viver.. Isto envolve ruptura, rompimento e crescimento.
Por isto mãe é tão especial.
Para os judeus, é considerado um autêntico israelita, não aquele que nasce de
um lar judeu, mas aquele que eclode do ventre de uma judia. Nascer desta mulher
é o que determina, indubitavelmente, o surgimento de um filho que pertence ao
sangue e à raça judaica.
Depois de tudo isto, o
que eu realmente gostaria de dizer é: Mãe: Você é especial do ponto de vista
visceral, antropológico e espiritual. Parabéns pelo seu dia!
Samuel Vieira
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