Você já se surpreendeu com pensamentos angustiantes sobre
sua vida, do tipo: “O que vai acontecer com minha vida se minha saúde faltar?
Como será se um parente adoecer e eu tiver que parar minha vida para cuidar
dele? Será que vou conseguir cuidar do meu filho até que ele cresça? E se
sofrer um acidente e ficar inválido. Será que não vou sucumbir no meio do
caminho?”
Estas e outras questões fazem parte de um dos maiores
problemas do homem moderno que é a ansiedade. Rollo May afirma que a ansiedade
é um dos mais urgentes problemas de nossos dias, sendo chamada de “a emoção
oficial de nossa época e a base de todas neuroses”. Ansiedade pode ser definida
como um sentimento íntimo de apreensão, mal estar, preocupação, angústia e/ou
medo. Pode surgir como reação a perigo identificável ou em resposta a um perigo
imaginário.
Naturalmente podemos ter diferentes graus de ansiedade que
eventualmente pode ser até produtivo. Certa vez Jesus falou aos seus discípulos
sobre ansiedade, talvez porque percebesse o sofrimento deles em relação ao
futuro, preocupações com coisas básicas como a roupa e a comida. O que nos
chama a atenção é a sabedoria do Mestre e sua forma coerente e lógica com que
trata desta questão. Ele fala de algumas razões lógicas:
Primeiramente
afirma que quem dá o essencial, dá o secundário. Se Deus deu a vida, certamente
vai dar alimento. A vida é essencial, o alimento é secundário. Se Deus deu o
corpo, certamente vai dar as vestes. O corpo é essencial; vestes, secundário.
Deus deu-nos a vida e nos dará condições para suportá-la. Se Deus cuida do
maior, não podemos confiar nele para cuidar do menor?
Em
segundo lugar Jesus afirma que se ele cuida dos animais, também cuidará de nós.
Seu raciocínio agora é do menor para o maior. Deus cuida dos passarinhos, e dos
lírios, não vai cuidar do ser humano, criado à sua imagem?
Em seguida, demonstra que a ansiedade não coopera em nada. Ele pergunta
retoricamente: “Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado
ao curso de sua vida?” A pessoa vai fazer uma prova mais eficiente se estiver
ansiosa? Conseguirá resolver um conflito de forma mais precisa? Ansiedade, além
de roubar a saúde, afeta o julgamento, o poder de decisão e nos leva
progressivamente a ter mais dificuldade em lidar com sua vida.
Em quarto lugar, a ansiedade é própria de quem não confia em Deus. Ele afirma que
"os pagãos é que procuram todas estas coisas”. Preocupação é incompatível
com a fé cristã. Ansiedade é essencialmente falta de confiança em Deus, e pode
até ser compreensível quando se tem um Deus caprichoso e imprevisível, mas não
para quem tem um Deus coerente que dirige a história e cujas promessas não são
esquecidas. A ansiedade não pode nos conduzir se temos um Deus a quem chamamos
de Pai.
Preocupação nunca é causada por circunstâncias externas. A
mesma circunstância para um pode trazer angústia, e para outros, serenidade.
Preocupação e serenidade não vem das circunstâncias e sim do coração.
Preocupação recusa aprender a lição da natureza. Jesus recomenda aos homens que
olhem os pássaros e os lírios do campo, e vejam como eles são guardados.
Um pardal e um pintassilgo estavam conversando e um
perguntou para o outro: “Por que os homens andam tão inquietos e ansiosos?” E o
outro respondeu: “certamente porque não tem um Deus como o nosso”.