quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Marketing e realidade
A propaganda tem objetivos específicos: Despertar desejos e gerar necessidades. Para que isto se dê suas propostas sao mais que atraentes: "voce é feito para quê?” (tag heuer) Sugerindo que sem o referido produto, você ainda não se tornou aquilo para o que foi feito, enquanto ser humano. "Just do it!" (Nike). Dando a impressão de que o que você precisa é adquirir seus produtos. "Onde os seus sonhos se tornam realidade" (Disney World), fazendo-nos pensar que estando nos seus parques, a vida se realiza por completo. Ao ver todas estas sugestões, um pai cristāo costumava brincar com seus filhos dizendo: "Não acredite neles, eles estāo querendo nos enganar". Jacques Ellul, um dos meus autores prediletos, teólogo francês, sugere que uma das bestas do apocalipse é a propaganda. Chego a pensar que ele estava certo...
A propaganda gera desejos e cria necessidades. Depois de algum tempo ouvido e vendo suas imagens, você tem a impressão de que realmente precisa daquelas coisas. Esta é a razão pela qual sabiamente as propagandas de cigarro foram tiradas da televisão. As novas gerações viam os charmosos carros, cavalos, mulheres e homens tão perfeitos e os associavam sua felicidade e sucesso ao uso do cigarro.
Depois de ver um relógio tagheuer e um produto da apple sendo atrativamente oferecido, somos atiçados pelos sons e imagens e desejamos o mesmo. Steve Jobs afirmou que não lhe interessava saber o que as pessoas queriam para criar um novo produto, mas que fazia os produtos e convencia as pessoas de que era exatamente isto que elas precisavam. Seus produtos iriam convencer ao público do que ele queria. Entrevistas recentes com Jovens que usam Iphone mostram que alguns deles prefeririam morrer a ter que viver sem este objeto de desejo e consumo.
A disposição dos produtos nas prateleiras dos supermercados, os sons, cores e imagens a eles associados, são cuidadosamente planejado pelos marqueteiros. Até mesmo os políticos, se tornam desejados por nós como foi feito na eleição do então desconhecido Collor de Mello.
A forma que um produto nos é oferecido, nos conduz a um velho caminho já apontado na gênese da raça humana. A velha serpente criou necessidades e gerou descontentamento, desejos e suspeitas no Éden. Eva tinha tudo, mas mesmo assim, quando um novo e atraente produto foi empacotado num argumento sugestivo, sua vida se tornou um inferno. Ela tinha todas as coisas, exceto uma; Satanás sugeriu que exatamente aquela que ela nāo tinha é que lhe fazia falta. Portanto, é possível estar no paraíso e ainda ficar insatisfeito por causa de uma propaganda.
Nossos pais aceitaram a sugestāo da serpente e nāo creio que conseguiríamos resistir à tentaçāo se estivessemos no lugar deles. Ofertas bem menos sugestivas nos tem sido feitas e facilmente temos anuído à elas. O marketing ulptrapassa a realidade,concebe a utopia e faz-nos sentir incompletos, mesmo tendo tudo o que temos e muito mais do que precisamos.
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