A cena aconteceu em Tripoli, Libano, na década de 30. Habib, um homem simples e trabalhador foi contratado pela Escola Americana como zelador. Seus filhos, passaram a ter convivência com missionários e profissionais que eram responsáveis pela administração e ensino naquela instituição.
Um dia, um de seus filhos, com oito anos de idade, ganhou um presente inesperado: 1 dólar americano. Descontado a inflação daquela época para os dias atuais, tratava-se de uma pequena fortuna para um menino pobre. Ele voltou para casa satisfeito e vibrando com o presente para mostrar aos seus familiares. Quando chegou em casa, encontrou sua irmã mais velha, a Meire, dizendo que ia fazer um bolo para distribuir com as crianças mais pobres no dia do Natal. Aquele menino toma uma decisão inesperada. Decide dar o seu dólar para que pudessem fazer um bolo maior e poder alcançar um número maior de crianças.
Este é um pequeno relato da história do Sr. Mounir Naoum, que saiu do Libano para aportar em terras brasileiras e fixar sua residência em Anápolis, com apenas 18 anos de idade. Quando se despediu de seu pai, ele lhe disse: “Meu filho, nunca se afaste de Deus e nunca se afaste da igreja.” Aqui, começando do nada, trabalhou incansavelmente e com rara habilidade em negociar, construiu uma grande empresa, e estabeleceu o Grupo Naoum, trazendo aos poucos seus irmãos do Líbano e juntos foram ampliando os negócios.
O Grupo Naoum floresceu diversificando seus negócios, desde usinas de álcool e açúcar até hotéis de cinco estrelas em Brasília. “Seu Mounir” faleceu no dia 26 de Agosto, prestes a completar seu 95º aniversário, deixando uma biografia surpreendente de sucesso e generosidade. Pai de cinco filhos, 15 netos e 21 bisnetos. Se tornou folclórico na cidade o episódio de muitos pedintes indo para a porta de sua casa na hora do almoço, para que ele pudesse dar algum dinheiro. E ele procurava atender a todos.
Dono de uma personalidade carismática, ousadia nos negócios, visão e senso de oportunidade, sua biografia desafia jovens empresários, e certamente transforma-se num caso de estudo quando pensamos em empreendedorismo. Para aqueles que andaram próximo dele, fica a lição de como o otimismo indestrutível é fundamental. É quase impossível relatar algum episódio em que ele estivesse desanimado ou desencorajado, e mesmo quando sua empresa enfrentou grandes desafios e crises, já no final da sua vida, ele sempre reafirmava que as coisas iam melhorar.
No final de seus dias, diante da crise da empresa, declarou à uma de suas filhas: “Deus está permitindo que passemos por tudo isto para nos ensinar humildade e para que voltemos para ele.” Apesar da velhice e toda prosperidade, ainda foi capaz de demonstrar lampejos profundos de lucidez e sabedoria.
Nos seus últimos dias, recebia poucas visitas de velhos e bons amigos, e ficou mais recluso. No dia 26 de Agosto, ele almoçou, deitou-se serenamente e descansou.
Dois dias antes, numa conversa com sua filha, começaram a cantar em inglês, uma música aprendida em sua infância:
Jesus loves me, this I know (Jesus me ama, disso eu sei).
For the Bible tells me so, (Pois a Bíblia assim o diz).
See, sometimes I'm lonely but never alone (Às vezes solitário, mas nunca sozinho)
Yes, Jesus
loves me, for the Bible tells me so. (Sim,
Jesus me ama, pois a Bíblia assim me diz)
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