Um profissional de ponta, com currículo invejável, decidiu largar a estabilidade de sua empresa para se aventurar numa startup, por causa da vantagem de poder trabalhar home-office. Mudanças são necessárias, mas ao mesmo tempo exigem muitas adaptações, identificação com a cultura da nova empresa, entender o que é importante e fazer as adequações necessárias.
Sua gerente de área é uma pessoa muito exigente e começou a fazer cobranças e dar feedbacks extremamente duros. Diante disto, mesmo correndo risco de não ser compreendida, ela resolveu dar um feedback aos feedbacks recebidos. Sua resposta foi muito inteligente e sua gerente parece ter entendido o recado que ela quis passar.
A gerente disse o seguinte: “Eu recebi um feedback do Michael, e esse feedback é exatamente igual ao feedback da Ellen, e eu não esperava que eu teria que falar sobre esse assunto novamente, o que tá acontecendo?”
A resposta da profissional: “Fico triste por não estar correspondendo as expectativas, mas se for possível, queria dizer que seu feedback foi de raiva e frustração e não de curiosidade e orientação. Se você entende que o seu profissional está ativamente querendo fazer certo e que todo feedback que você tem dado tem sido levado em consideração e tem sido aplicado dentro das possibilidades, então o feedback seu poderia ter sido dado com um pouco mais de curiosidade, para entender o que aconteceu e para trabalharmos juntos. Se foi uma falha ou se é algo que a gente precisa ainda de um pouco mais de trabalho, vamos buscar juntos uma solução. Ao invés de você ter falado dessa forma, você poderia ter dito: “Olha, eu recebi o feedback do Michael, esse feedback me relembra muito o feedback lá no começo e eu queria entender o que aconteceu, e como poderíamos fazer para não receber esse feedback de novo? Desta forma teríamos um diálogo de como melhorar, mas sem aquela sensação de, tipo, ser atacada.”
A gerente entendeu e agradeceu o feedback, e juntos, estão trabalhando para melhorar a produtividade e corrigir as falhas.
Instituições e pessoas precisam de feedbacks para corrigirem rotas, e isto não pode se transformar em disputas e conflitos. As pessoas estão trabalhando ideias, não é uma questão pessoal. Nem sempre os feedbacks são bem dados, e nem sempre são bem recebidos, mas pessoas e empresas que aprendem a trabalhar tais aspectos podem crescer em maturidade e melhorar as emoções que muitas vezes estão envolvidas. Profissionais sérios buscam o crescimento de sua instituição.
Precisamos aprender a trabalhar esta dinâmica. Wilson de Souza, que foi Diretor da Eletrobrás no Brasil, com quem tive oportunidade de trabalhar e conviver muito de perto gostava de dizer: “feedback é feedback. Você pode jogar na lata de lixo ou aprender com ele.” Certamente levarei para sempre comigo este precioso aprendizado de um homem com grande carreira empresarial, mas com grande sensibilidade humana.
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