Alexandre, O Grande, se tornou um personagem quase mítico na história da humanidade. Sua passagem pela terra foi marcada por uma carreira meteórica, ambição desmesurada, irrefreável audácia e crueldade sem limites. Ele se recusava a atacar um exército de surpresa ou à noite porque não admitia “roubar uma vitória.”
O jovem monarca grego assumiu o reinado aos 20 anos. Tinha sólida formação filosófica, já que foi instruído por Aristóteles. Uma das suas mais famosas vitórias foi a batalha com Dario III, do Império Persa. O episódio foi marcado por trocas de cartas cheias de ofensas pessoais e de sátiras. Essas cartas foram preservadas e algumas delas ainda podem ser lidas.
Alexandre, O Grande, morreu aos 33 anos de uma doença desconhecida. Conta-se que, percebendo a hora de sua morte, chegou a dizer aos seus conselheiros que gostaria que seus braços ficassem fora do caixão para que todos soubessem que ele não estava levando nada deste mundo!
Por causa de sua formação filosófica, encantou-se por Diógenes, um filósofo cínico, adepto da pobreza e que andava sempre com roupas rasgadas por opção mesmo. Em um embate com Sócrates, este teria afirmado: “Diógenes, posso ver teu orgulho pelos buracos de teus mantos.”
Certa vez, quando viajava para a Macedônia, Alexandre mandou um recado ao seu subordinado Aristifo: que pedisse a Diógenes para encontrá-lo. Mas Diógenes, de forma zombeteira, teria respondido ao poderoso imperador: “Se este príncipe deseja travar conhecimento comigo e com a minha maneira de viver, ele que venha para cá. Atenas dista da Macedônia o mesmo que a Macedônia dista de Atenas.”
O tão desejado encontro aconteceu de forma quase acidental. Quando o imperador lhe perguntou em que lhe poderia servir, ele respondeu: “Não me tire o sol!” A resposta foi esta porque Alexandre estava em pé e sua sombra se projetava sobre o filósofo. A resposta marcou tanto o imperador que, ao se afastar do filósofo, ele teria comentado que desejaria ser Diógenes se não fosse Alexandre.
“Que não me tires o sol!” Essa expressão pode conter muitos significados e dá margem a um grande número de interpretações, mas, sem dúvida, podemos
entender que, perder o calor e a claridade são algumas das coisas mais pesadas da alma.
Ver o sol, apreciar sua beleza, sentir seu calor, receber dele a luz é maravilhoso. É fácil perder o sol, tornando-se prisioneiro da culpa, do calabouço da alma, do frio das masmorras da existência. É fácil tornar-se acorrentado pelo ódio, dominado pelo ressentimento e pela culpa e tudo isso nos faz perder a beleza do sol.
Vem o frio, a solidão, o abandono, a penumbra. Quando o Sol não nos alcança, somos lançados a uma existência sem beleza, sem calor e sem a luz de que tanto precisamos. Governos iníquos e corruptos, emoções fragmentadas, relacionamentos tóxicos facilmente roubam de nós a beleza do sol
porque passamos a ser dominados pelo inverno rigoroso da alma. A expressão de Diógenes certamente continua muito atual: "Que não me tires o sol!”
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