sexta-feira, 17 de março de 2023

Louco é quem pensa que o louco não pensa...

 


 

Certo homem estava no manicômio observando atitude desconexas de alguns pacientes quando se assustou vendo que um deles estava subindo perigosamente em um poste que ficava no meio da construção. Tentando trazer alguma ordem indagou-lhe o que ele estava fazendo, e sua resposta foi: “vou comer uma goiaba!” O homem sorriu e tentou mostrar que aquilo não era um pé de goiaba. Foi quando se surpreendeu com a resposta inusitada: “Quem disse que eu não sei que este não é um pé de goiaba?” e para sua surpresa retirou uma goiaba do bolso e começou a comê-la, ainda subindo o poste.

 

Em toda forma de pensar, por mais esdrúxula que ela seja, existe uma certa lógica e razoabilidade. Em Corumbá-MS, havia um conhecido maluco que todos conheciam e era folclórico na cidade, que continuamente repetia: “todo maluco tem razão!”

 

O problema da loucura é quando ela está nas mãos dos poderosos. Aí se torna uma arma. Porque por detrás da fanfarrice, da bizarrice, da insanidade, existe uma coerência macabra, e uma narrativa para se construir um sentido, que ninguém vê, mas o louco extrai de sua paranoia ou distúrbio mental sua coerência de propósito. Joseph Mengele, o louco médico dos batalhões de Hitler, encontrou lógica na “solução final”. Ele percebia que matar os prisioneiros de guerra, dando tiro nas suas cabeças, apesar de toda doutrinação e treinamento, deixava os soldados emocionalmente fragilizados. Então achou que seria mais “humano”, colocá-los nas câmaras de gás e realizar o genocídio de forma coletiva. Seria assim menos pessoal e mais eficiente. Louco é quem pensa que o louco não pensa...

 

Toda lógica de dominância e poder possui sua coerência maligna em certa linha de pensamento. Assim funcionam as ideologias. Esta é a maneira de pensar de Maduro na Venezuela, camarada tão apreciado do Presidente Lula. Maduro entendeu que era necessário se libertar da dominação estrangeira e do poder das grandes nações. Sua ideologia justificava sua ação. O homem é o que pensa. Filosofia antecede ética. Para alcançar seus objetivos, ele não considera se o povo será  massacrado, expatriado, e morrerá nas fronteiras. Isto é apenas um efeito colateral. Ele é do bem! As pessoas é que não entendem sua tão benéfica forma de governar. Tudo é para o bem do povo. Louco é quem pensa que o louco não pensa...

 

A falta de bom senso e de coerência de líderes que se transformam em paladinos da justiça e do bem, sempre foi o ponto de partida para a derrocada de um povo. Todos estes líderes, sem exceção, se transformaram em figuras messiânicas. O bem contra o mal. É preciso destruir, toda forma de pensamento discordante que ameace a estrutura de poder construído. Só pode se transformar em figura icônica da justiça e do bem, aquele na mão de quem o poder se concentra. Daquele que não pode ser contrariado ou contraditado. Quem tem o poder de decretar e não encontra resistência porque não existe poder capaz de se opor. Quem é o xerife do xerife? Quem é o líder do líder? Só o louco não percebe isto, mas, no final das contas, louco é quem pensa que o louco não pensa...

 

 

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