Ao cumprimentarmos alguém, a frase inicial mais comum é perguntar como ela está. Quase sempre a resposta é: “Tudo bem, obrigado!” Trata-se de uma formalidade social que cumpre um papel de bons tratos e educação. Ao fazermos a pergunta, não necessariamente estamos interessados em saber se, de fato, o outro está bem. A resposta que recebemos atende uma exigência social e nem sempre condiz com a realidade.
Muitas vezes as coisas não estão bem, mas sim muito ruins. Nem sempre a saúde está boa, a família está bem, os negócios vão bem, o humor está bom. Por vezes a depressão domina, a ansiedade controla o dia a dia, a tristeza e a melancolia estão presentes. Clarice Lispector se expressou: “Às vezes melancolia sem causa escurecia-me o rosto, uma saudade morna e incompreensível de épocas nunca vividas me habitava.” É o tédio, a sombra, a falta de sentido, o vazio, a saudade “morna e incompreensível.”
O que diferencia a grave depressão de uma “tristeza reativa” é a intensidade e a constância. Precisamos estar atentos aos movimentos do coração, considerar a profundidade e extensão da dor. Podemos estar no limite de um colapso emocional, de um forte estresse ou até mesmo de um burnout. O corpo, eventualmente, demonstra um desgaste além do normal e isso serve como termômetro. Assim, a produtividade cai, a irritabilidade vira rotina, o cansaço e a fadiga tornam-se habituais e a insônia está sempre presente.
Cuidado! Você pode estar em uma perigosa linha de equilíbrio que já oscila entre o amarelo - advertência e cuidado - e o vermelho - perigo e risco iminente de colapso. A cura dependerá da gravidade do diagnóstico. Para um leve estresse, mudar a rotina da alimentação, diminuir o ritmo das atividades e do perfeccionismo, fazer caminhadas leves ou ir à academia e desenvolver hobbies podem ser altamente eficazes.
O sábado foi criado por Deus para que nossa energia fosse renovada. Por conta disso um dia de descanso cumpre o papel de nos restaurar emocional e fisicamente. Toda natureza precisa de reciclagem, de descanso. É um momento para a homeostase. Entretanto, quando os fusíveis emocionais são gravemente danificados, é necessário buscar técnicos competentes que reajustem as peças.
Muitas pessoas não precisam apenas de descanso e lazer, mas também de remédio e orientação clínica. Por causa do enorme desgaste sofrido, precisam de psicoterapia longa e demorada para reencontrar o fio da meada, reorganizar os sentidos e o universo simbólico, e de um psiquiatra que lançará mão de recursos medicamentosos.
Também muito da dor e vazio estão relacionados também à ausência de propósito e à vacuidade existencial e espiritual. Blaise Pascal afirmou que “o homem tem um vazio em forma de Deus.” Nem sempre uma viagem, tempo de descanso ou mesmo remédio conseguirão resolver esta sede infinita do Ser pela eternidade e por Deus. Ora... é porque fica faltando um ponto infinito para interligar todos os demais.
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