sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Não Olhe para Cima!

  




 

Com roteiro e direção de Adam McKay, o filme Não Olhe para Cima (2021) se tornou o terceiro mais visto da Netflix em todos os tempos. Do gênero ficção científica e sátira política, estreado por Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence e Meryl Streep, ele atraiu a atenção do grande público e surpreendeu a todos com o seu sucesso. Mas, o que a obra sugere?

 

Os astrônomos Mindy (DiCaprio) e Kate (Jennifer) fazem a descoberta surpreendente de que há um cometa orbitando o sistema solar e vindo em direção à Terra. Seu impacto será semelhante ao de um asteroide que colidiu com o planeta há cerca de 66 milhões de anos e extinguiu a maior parte dos seres vivos. Preocupados,

 

procuram as autoridades para revelar que o choque acontecerá em seis meses, mas são totalmente ignorados pelos políticos que no momento discutem pautas que podem afetar sua popularidade. Os especialistas procuram também a Imprensa, que trata com ironia as informações recebidas, ignorando a advertência.

 

O filme é um tanto arrastado e gira em torno das inócuas discussões politicas, polarizações, insensatez, manipulação da mídia, dos políticos e de um poderoso e estranho empresário que vê na catástrofe a chance de obter grandes lucros. Com o comportamento deste empresário a obra mostra como as redes sociais podem ser facilmente manipuladas por interesses diversos.

 

O enredo é maniqueísta e os interesses pessoais são sempre colocados acima do bem comum. A filósofa Hannah Arendt afirma que quando a vida humana se torna

 

descartável, estamos em sério perigo. Os cientistas que veem a catástrofe iminente são tidos como ameaças e parecem agir como idiotas.

 

Não Olhe para Cima aborda o negacionismo, bem como a recusa em aceitar uma realidade cientificamente comprovada. Mostra como a mídia pode prestar um desserviço quando não está interessada nos fatos, mas sim em narrativas que atraem o público e vendem mais. Também lança luz sobre a política inescrupulosa e insensata e como a ganância e o desejo de ter vantagem pode conspirar contra todo o bom senso e a realidade. 

 

O filme se torna vago diante de um roteiro exagerado. Falta sutileza, elemento fundamental quando a intenção é destacar grandes absurdos, mas pode ser uma boa proposta para quem quer se divertir e não está obcecado com tolices e desatinos.

 

 

A cena que mais me chamou a atenção é uma quase esquecida no filme! É o momento em que Yule (Thimotée Chalamet), um skatista desmiolado, começa a namorar, por acaso, a astrônoma Kate. Ele parece alheio a tudo, mas quando o grande impacto está para acontecer, ele é o único que consegue olhar verdadeiramente para cima, fazendo uma oração sensata e profunda. Eu esperava mais sátira e humor nesta oração, mas ele a faz com reverência e todos, perdidos na fé e na espiritualidade, incapazes de olhar para cima, conseguem dizer: Amém!

 

Talvez estejamos aprendendo a “olhar para cima”, ainda que estejamos rodeados pela insensatez e a loucura dos políticos insensíveis, da mídia desatenta e dos empresários gananciosos. Mesmo diante da iminente destruição humana, ainda é possível olhar para cima!


Farei o que Puder... Enquanto eu Puder

  



 

Recentemente, encontrei um conhecido professor de Educação Física em nossa cidade, que me disse o seguinte: “Eu não sei quanto tempo terei para praticar esportes, nem como será minha saúde amanhã, mas eu farei o que puder, enquanto eu puder.”

 

Todos certamente sentimos cada vez mais o processo de envelhecimento do corpo e ele acontece mais rapidamente do que imaginamos. Você vai praticar determinado esporte e percebe que o corpo reage mais lenta e tardiamente. É como um motor que perdeu seu poder de aceleração. Entretanto, não dá para encerrar a carreira por causa da diminuição do ritmo. Dentro do possível, é preciso mesmo fazer o que se pode, enquanto for possível.

 

 

Um antigo livro judaico diz: “Tudo que vier à sua mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças.” Não é necessário (nem possível) fazer além das forças, mas também não precisamos fazer aquém...

 

A tentação de acomodar é gigantesca! O corpo se mostra preguiçoso e lento. As plataformas de streaming e as redes sociais atraem. O sofá fica mais macio e surge o grande risco da estagnação. Nestas horas é necessário vencer a tentação do conforto e da preguiça. Devemos fazer “o que pudermos, enquanto pudermos.”

 

O corpo tem limites e impõe restrições. Parei de jogar futebol porque, ultimamente, eu tinha apenas duas alegrias em relação a esse esporte: primeira, entrar no campo e sentir a adrenalina de jogar; segunda, quando conseguia, sair do campo sem me machucar, sem distensão muscular. Mas chegou o momento em que a segunda

 

alegria foi se tornando cada vez mais rara. Então parei! Uma boa caminhada não me dá a mesma adrenalina do campo, mas me renova e não corro risco maior de uma contusão. Pronto.

 

Haverá um tempo em que terei de diminuir o tempo e a extensão da caminhada, mas tenho planos de fazer o que eu puder... enquanto eu puder.

 

É muito arriscado limitar o corpo antes da limitação que o próprio tempo vai impor. Não é saudável fazer menos do que é possível. Talvez essa seja a grande diferença entre idosos saudáveis e não saudáveis. Alguns decidem mexer o esqueleto e mantêm o corpo e a mente ativos.

 

Portanto, faça o que puder enquanto puder...

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Sua Falta de Fé é Perturbadora

 



 

A conhecida série Star Wars (Guerra nas Estrelas) arrastou uma multidão de fãs aos cinemas e conquistou um número muito grande de admiradores. A trilogia levou cerca de 30 anos para ser concluída e seu conteúdo é marcado por diálogos inteligentes. A saga, escrita por George Lucas sob orientação do maior mitólogo do mundo - Sir Joseph Campbell - é carregada de símbolos e lendas.

Um dos trechos mais interessantes do filme acontece entre Luke, que diante de tantos reveses afirma para Yoda: “O meu grande problema é que eu não acredito”. A esta afirmação Yoda responde: “É por isso que você fracassa. Sua falta de fé é perturbadora” ou, conforme o texto em inglês: “Estou muito preocupado com sua falta de fé”.

Elben M. Lens César afirmou: “Toda vez que se fala na evolução não como método divino de operação, mas como jogo de forças do acaso; toda vez que se encarece a relatividade como uma deusa; toda vez que se profetiza o enclausuramento do homem nas garrafas da cibernética; toda vez que se pretende, com a técnica, substituir plenamente a natureza; sim, toda vez que se encaminha para a afirmação de uma autossuficiência humana, pretensiosa e injusta, ficamos no ar.”

Basta ter acesso a alguns dos mais celebrados cientistas e filósofos - que em suas introspecções caminharam para o secularismo e a descrença - para percebermos quão malévolos foram os resultados do secularismo em suas almas. Sartre, Nietzsche, Camus ou Jaspers, na tentativa de eliminar a ideia de Deus, penetraram em um universo de sombras e escuridão, náusea, niilismo e desespero. A falta de fé é perturbadora e o seu resultado é o absurdo e a angústia.

 A supressão de Deus rouba do homem uma das suas dimensões essenciais: o desejo de transcendência, o anseio pelo infinito. Independentemente da formação cultural das sociedades, sempre perceberemos a dimensão da sobrenaturalidade. Por essa razão, o matemático e filósofo Blaise Pascal afirmou que “o homem tem um vazio do tamanho de Deus.”

Talvez seja isso o cerne da falta de sentido e angústia de muitos. Eventualmente, são pessoas bem sucedidas, vendem uma imagem de sucesso e realização, mas há um senso de vacuidade não explicável que precisa ser tratado. Falta uma dimensão mística, uma resposta espiritual. Ela é disponível e real.

Jesus percebeu nitidamente isso nas pessoas que andavam ao seu redor. Há um relato do Evangelho que afirma que ele se compadeceu delas por serem “como ovelhas sem pastor.” Jesus oferece um convite: “Vinde a mim todos os cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei.”

Para você, cuja alma é marcada pelo secularismo, eu diria: Por que não tentar se aproximar de Jesus? Seu convite é de graça! Sua oração “sem fé”, mas marcada por um fio de esperança, pode revolucionar sua existência.