sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Como as Distrações Estão Controlando seu Dia?

 


 


 

No livro Indistractable: How to Control Your Attention and Choose Your Life (Como Dominar sua Atenção e Assumir o Controle de sua Vida), o autor israelense Nir Eyal afirma que “ser produtivo não é ter uma lista de atividades para cumprir, mas ter o completo domínio de suas atenções.” Vale lembrar que o termo indistractable não tem tradução para o português e dá a ideia de alguém que possui foco nas tarefas e não se perde em distrações e entretenimento.

Na verdade, não é fácil ter foco e atenção dirigidos. Muitas pessoas trabalham muito e produzem pouco pela dificuldade de concentrar seu tempo e energia no que realmente importa. Em meio a tantas mídias, vídeos, informações e ideias é fácil se desviar do que é importante e ser consumido pelas distrações.

 O escritor israelense formado em Stanford diz que sua situação tornou-se tão angustiante que decidiu dedicar cinco anos de sua vida para refletir de forma mais intencional sobre o que precisava fazer e não conseguia. Exemplo: perder peso, comer de forma mais saudável e estar presente em sua família.

 Para Nir Eyal, os telefones se tornaram os principais vilões, principalmente na pandemia. As pessoas checavam notícias mais frequentemente e gastavam horas no Instagram, mas ele enfatiza que não basta culpar os meios de comunicação porque o problema seria mais profundo. O uso excessivo dos telefones estaria ligado a algo emocional, que funciona como um gatilho para escapar do desconforto quando há tédio, solidão, ansiedade ou estresse.

Se distração é toda ação que nos impede de fazer o que é necessário, a tração é o ato reverso e deve estar alinhada aos valores que professamos. Todos nós nos distrairemos em algum momento, mas podemos criar estratégias para não esquecer as tarefas e prioridades. Quando organizamos a agenda, por exemplo, nossa performance melhora porque não deixamos que os outros programem nossas vidas.

Se durante o dia ouvimos, assistimos ou lemos notícias pensando em diminuir a ansiedade, acontece exatamente o oposto: ficamos cada vez mais tensos. Tendo como base as notícias que acompanhamos, as empresas que controlam o sistema midiático enviam mais e mais informações para que continuemos presos. O tipo de notícia e a frequência do envio são calculados por algoritmos, massivamente presentes em nosso dia a dia ao lado das mais variadas tecnologias.

Os anúncios que aparecem enquanto navegamos na internet ou redes sociais não estão ali por acaso: eles têm ligação com alguma pesquisa ou acesso feito por você anteriormente. A cada clique do mouse você é "visto" pelos algoritmos, que identificam seu histórico de navegação para oferecer mais produtos, mais informações e mais serviços. É uma roda que não para de girar e estamos todos engendrados. Portanto, fique alerta.

Precisamos controlar os gatilhos internos, que são as sensações desconfortáveis que controlam nosso emocional. O que dispara nossos medos, ansiedades e impulsos? Precisamos encontrar essa resposta para tentar nos livrar dos gatilhos que nos conduzem às distrações e, consequentemente, à ausência de foco. Assim poderemos controlar nosso temperamento, mantendo as tarefas e nosso foco no que é essencial. Não podemos permitir que as tarefas urgentes dominem o que é prioritário. Lembrando o que Sérgio Cortella já afirmou: “prioridade não tem S”.

sábado, 13 de novembro de 2021

A morte é um chiste!




Ao se deparar com a morte de um colega de trabalho, Pedro Bial escreveu o seguinte artigo:

“Morrer é ridículo. Você combinou de jantar com a namorada, está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana que vem, precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no carro e no meio da tarde morre. Como assim? E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente? Não sei de onde tiraram esta ideia: morrer. A troco? Você passou mais de dez anos da sua vida dentro de um colégio estudando fórmulas químicas que não serviriam pra nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física, quase perdeu o fôlego, mas não desistiu. Passou madrugadas sem dormir para estudar pro vestibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer da vida, cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora de decidir, então decidiu, e mais uma vez foi em frente. De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na freeway, numa artéria entupida, num disparo feito por um delinquente que gostou do seu tênis. Qual é? Morrer é um chiste. (...)”

A palavra “chiste”,  vem do espanhol e pode ser traduzida por “piada”, ou “brincadeira”. Talvez este seja o sentimento que o povo brasileiro teve diante da morte da goiana Marilia Mendonça, de forma tão abrupta, no auge do sucesso, aos 26 anos. Muitas pessoas morrem com esta idade, e não somos informados ou não ficamos tão chocados, mas quando se trata de uma personalidade pública isto abre um grande espaço de reflexão, porque nos identificamos com a dor dos amigos, dos familiares, com a dimensão da perda. 

Chiste é uma palavra que vem da língua espanhola e é muito usada em psicanálise. Trata-se do máximo de sentido na menor declaração, gerando grandes efeitos. Quando uma pessoa é capaz de fazer brincadeira diante da angústia, ou piada inteligente com a tragédia, ou rir da sua própria dor, isto pode ser chamado de chiste. A brevidade é uma das principais marcas linguísticas do humor. O chiste é breve, e é nele que reside, por assim dizer, a graça. E pode ajudar a descarregar uma agressividade que tem de ser reprimida. 

A Bíblia afirma que “a morte é a último inimigo a ser destruído” (1 Co 15.26). Enquanto isto, temos que lidar com sobressaltos, a dor, o luto, o sentimento de impotência. Nossa humanidade está destinada à transitoriedade, à temporariedade, A vida é como um conto ligeiro, como um breve pensamento, como a erva do campo que nasce de madrugada e à tarde, murcha e seca. 

Para o nihilismo a morte é o ponto final, desespero e vácuo; para aqueles que creem, transição e expectativa. Jesus sempre encharcou seus discípulos com esperança. “Não se turbe o vosso coração, credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu pai ha muitas moradas. Se isto não fosse verdade, eu jamais diria isto. Pois vou preparar-vos lugar”.

Faça a Pergunta Certa




David Sturt e Todd Nordstrom descrevem como, há 50 anos, uma pergunta mudou fundamentalmente a maneira como nos comunicamos todos os dias. Ao ver que todos os telefones estavam presos a uma parede por um fio curto e ondulado, o jovem engenheiro da Motorola, Marty Cooper, indagou: “Por que é que quando queremos ligar e conversar com uma pessoa temos de ligar para um lugar?” Esta pergunta levou a companhia a se empenhar e criar o DynaTAC 8000X, o primeiro telefone celular. 


Muitas pessoas afirmam que a origem de quase todas as inovações brilhantes está na pergunta certa. Quando fazemos perguntas erradas ou irrelevantes não somos provocados nem inquietados e, por conseguinte, novos insights não são gerados nem somos conduzidos à excelência. 


O cientista Albert Einstein afirmou: “Se eu tivesse uma hora para resolver um problema e minha vida dependesse disso, usaria os primeiros 55 minutos para determinar a pergunta apropriada a ser feita, pois uma vez que eu saiba a pergunta apropriada, poderei resolver o problema em menos de cinco minutos.” 


Obviamente, nenhum de nós é um gênio, mas precisamos começar a perguntar: por que as coisas são como são e por que precisamos agir desta forma? Não haveria outro meio de fazermos as coisas ou temos que repetir sempre os métodos empregados? 


Uma pergunta correta pode revolucionar e abrir novas possiblidades em uma infinidade de situações. Uma pergunta certa pode levar empresas a descortinarem novas oportunidades de mercado, a usarem apropriadamente seus recursos, a potencializarem sua forma de operar. Assim, essas empresas ajudam indivíduos a usarem melhor as oportunidades, além de investirem seu tempo e talento de forma adequada. 


Por outro lado, fazer perguntas erradas produz respostas irrelevantes. Quando fazemos perguntas certas e, eventualmente, difíceis, isso nos ajuda a avaliar honestamente onde estamos, a perceber os desvios e atalhos prejudiciais que usamos, além de nos ajudar a quebrar os padrões inconsistentes.


No livro Leading With Questions (Liderando com Perguntas), Michael Marquardt escreveu: “Bons líderes fazem muitas perguntas. Grandes líderes fazem as grandes perguntas e grandes perguntas podem ajudá-los a se tornarem grandes líderes” A verdade é que a melhor pergunta direciona a melhores alvos.


Se estivermos interessados, a pergunta certa pode nos ajudar a refletir. No encontro com Jesus, Pilatos fez cerca de sete perguntas. Algumas, profundamente relevantes. Entre elas estão: "O que é a verdade?”, “O que farei, então, de Jesus chamado Cristo?” (Jo 18.22). Infelizmente, suas perguntas certas não resultaram em benção para sua vida porque ele não estava aberto a prestar atenção a nenhuma de suas respostas.

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Síndrome do pensamento acelerado




Dr. Augusto Cury é um aclamado escritor na área da auto ajuda, tem mais 30 milhões de livros vendidos, e é o autor mais lido da última década no Brasil. Ele é idealizador da Teoria da Inteligência Multifocal, que analisa o processo de construção dos pensamentos e desenvolveu estudos sobre uma enfermidade que afeta milhões de pessoas no mundo inteiro que ele chama de “Síndrome do pensamento acelerado” (SPA).

Para ele o mal deste século é a ansiedade decorrente do fato dos seres humanos estarem constantemente preocupados com as exigências do mercado e com os desafios que  vida impõe, fazendo com que a mente viva numa constante agitação, e não encontre descanso. O estresse é sempre decorrente de exigências excessivas que o organismo humano e os impulsos sensoriais não conseguem administrar nem elaborar, e isto tem atingido milhões de pessoas. 

Os sintomas do SPA são: Acordar cansado, dores de cabeça, dores musculares, irritabilidade, incapacidade de relaxar, descansar, dificuldade de lidar com pessoas lentas, sofrimento por antecipação e déficit de esquecimento ou déficit de memória. O pensamento acelerado faz com que as pessoas, mesmo em tempos de férias, continuem agitadas e inquietas. A mente, as emoções, a alma não entra em repouso.

O excesso de informação seria uma das causas. No passado, o número de informações dobrava a cada duzentos anos, hoje dobra a cada ano. O excesso de atividade e de trabalho intelectual aliado ao excesso de preocupação tem gerado esta síndrome. Muitas equivocadamente estão pensando que a vida é uma corrida de 100 metros rasos, quando na verdade trata-se de uma maratona. Não faz sentido correr demais na largada, se não conseguiremos cumprir a jornada. 

Esta síndrome não permite que as pessoas se coloquem no lugar do outro nem considerem a importância de terem qualidade de vida. Os mais aclamados profissionais e executivos, com melhores salários estão desenvolvendo esta síndrome cada vez mais cedo. Eles são ótimos para empresas e sistemas, mas são carrascos de si mesmos. 

Cury propõe duas abordagens simples:

A. Contemplar o belo, fazer das pequenas coisas um espetáculo aos olhos;

B. Não trair o essencial. Não trair sua cama, seu final de semana, o tempo com as pessoas mais caras e nem trair o tempo consigo mesmo.

Gostaria de sugerir outras coisas para desacelerar: 

-Fazer caminhadas ao ar livre

-Encontrar amigos

-Sair de férias

-Ter tempo para aprofundar sua fé e espiritualidade, são pontos essenciais. 

Quando Jesus viu seus discípulos estressados com a súbita morte de João Batista, ele os convidou para algum bem simples: “Vinde repousar um pouco, à parte, num lugar deserto” (Mc 6.31). 

O convite de Jesus é extremamente válido para nossos tempos agitados.

Eu Não Sei do que Você Está Falando


 


Meu pai está com 88 anos e, apesar de estar fisicamente muito saudável, nem sempre suas percepções estão ajustadas. Na maioria das vezes demonstra lucidez e é capaz de conversar sobre alguns assuntos. Em outros momentos, faz comentários completamente fora do senso comum. 

Muitas vezes minha mãe afirma que ele está com “mamparra”, termo usual no interior de Minas Gerais e que significa fingimento, corpo mole ou preguiça. Fazer mamparra ou estar com mamparra é fingir-se doente para fugir do trabalho ou obrigação que demande esforço físico. Então, por não querer ter trabalho, ele estaria fazendo-se passar por doente e dependente. Sabemos, obviamente, que isso não acontece sempre, mas ele está usando cada vez mais desse artificio para a sobrevivência.

Uma das frases que ele começou a usar agora é própria desse mecanismo. Quando minha mãe o critica ou alguém fala algo de que ele não gosta ou ainda quando se trata de uma conversa da qual ele não quer  participar ele diz: “Eu não sei do que você está falando.” Ponto. Discussão encerrada. Afinal, para que discutir com alguém que desconhece o conteúdo do assunto abordado?

Certamente este artifício (e ninguém saberá se o que ele diz é a realidade ou não) o tem livrado de muitas discussões e mal-estar. Ele não quer e não precisa participar mais das decisões que envolvem sua família e envolvem-no. 

É quando fico pensando na sabedoria de ter “ouvidos moucos”, que diz respeito àquele que não ouve muito bem. Na verdade, há certas situações nas quais o melhor a fazer é não dar atenção ao que é dito, ouvindo apenas o que interessa, fazendo ouvidos de mercador. É a prática de se fazer de surdo, estratégia usada pelos antigos comerciantes para evitar barganhas excessivas por parte dos clientes que pechinchavam e pediam descontos.

Não ouvir ou não dar ouvidos pode ser sabedoria. A Bíblia relata que quando Saul assumiu o reinado e tornou-se o primeiro rei em Israel, logo surgiram oponentes questionando sua competência e liderança. Então, a atitude dele foi a seguinte: “Porém Saul se fez de surdo” (1 Sm 10:27).


John Kennedy, o carismático presidente americano assassinado em Dallas, disse, certa vez: “Sempre se ouvirão vozes em discordância expressando oposição sem alternativa, descobrindo o errado e nunca o certo, encontrando escuridão em toda parte e procurando exercer influência sem aceitar responsabilidade.” 


Ter “ouvidos moucos” pode ser estratégico. Não dê atenção demais às criticas e questionamentos, não vale a pena se consumir com gente eternamente crítica e insatisfeita. Certamente o meu pai, mais uma vez, tem agido corretamente. De vez em quando precisamos afirmar: “Eu não sei do que você está falando...”