quinta-feira, 10 de junho de 2021

O Poder do Humor



 

Todos nós sabemos da importância do humor para a vida e para a própria sobrevivência, como bem declarou Oscar Wilde: “A vida é muito importante para ser levada a sério.” Mas me surpreendi ao ler a obra de Victor Frankl falando da importância do humor no campo de concentração. Não parece uma estranha combinação? Como ter bom humor em um ambiente tão hostil?

 

Frankl exercia a psiquiatria quando foi levado para a câmara do horror. Para ele, o humor havia se tornado uma arma da alma na luta pela autopreservação. “Dificilmente haverá algo na existência humana tão apto como o humor para criar distância e permitir que a pessoa se coloque acima da situação, mesmo que somente por alguns segundos”.

 

Para sobreviver às tensões e ameaças no campo de concentração, Frankl decidiu que eles teriam o compromisso de inventar, pelo menos, uma piada por dia porque o bom humor, esta tentativa de enxergar as coisas sob uma perspectiva engraçada, era um truque útil à arte de viver.

 

Era a possibilidade de viver a vida como uma arte, mesmo em um ambiente que cheirava morte e era desumanizado. Eles chegaram à conclusão que o estado de espírito era a maior (e certamente, a única) das alegrias possíveis naquele lugar, verdadeira antessala do inferno.

 

Vale lembrar de Kurt Cobain, da banda Nirvana. Ele suicidou aos 27 anos e certa vez declarou em uma  entrevista: “Meu mau humor atinge o meu relacionamento com a minha própria pessoa.” Esta é uma grande verdade! Antes de mais nada, a pessoa mau

 

humorada tem dificuldade para viver. Como ponto de partida, o mau humor ameaça diretamente a nossa própria existência.

 

O mau humor é uma barreira ao bom relacionamento. Santa Tereza D’Ávila gostava de afirmar: “Deus me livre dos santos de cara amarrada”. É difícil caminhar com pessoas que dão azia em pacote de sonrisal, que de tão negativas e azedas, ao colocarem o dedo no leite, imediatamente o transforma em coalhada. Como alguém apropriadamente afirmou: “Na viagem da vida, não quero malas de mau humor.”

 

Em contraposição ao mau humor, o bom humor é capaz de modificar um ambiente e resolver muita tensão na vida. É necessário ver bom humor até no meio do caos, pois se o perdermos, a vida não terá mais graça. Talvez seja um princípio universal de que quanto maior a tristeza no mundo, maior a necessidade do humor.

 

 

Para sobreviver, precisamos aprender a rir de nós mesmos, o que é uma forma de sobrevivência e maturidade. Nossas imperfeições e defeitos são tantas vezes patéticos que, se nos levarmos tão a sério, estaremos perdidos. Gosto muito da frase de Tenório Cavalcanti: “Não, estou bem. Mas se tirar a vírgula eu fico mal.” Outra frase que ouvi me ajuda bastante na reflexão sobre o humor: “Antes eu fosse de lua. Assim mudaria de humor só quatro vezes ao mês.”

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