sábado, 21 de novembro de 2020

Qual é o seu nível de medo?


 

 

Recentemente, estive em Roraima pela primeira vez. Fui fazer uma conferência na cidade e aproveitei para visitar um velho e querido amigo, Samuel Coutinho, que possui em seu DNA uma grande atração por aventuras. Desde sair de São Paulo de motocicleta chegando a Roraima até fazer um giro por toda a América do Sul. Não faz tempo, comprou um avião de fabricação ucraniana e gosta de ver a vida com este avião de pequeno porte, serpenteando rios e apreciando as belas paisagens do seu Estado, eventualmente indo até o Monte Roraima num voo arriscado por causa dos ventos que aquela maravilhosa montanha atrai. 


Generosamente, ele me convidou a voar com ele. A estrutura do avião para dois passageiros é muito simples porque ele é feito para voos panorâmicos e a porta é toda transparente. Para quem não tem qualquer medo de altura é relativamente fácil. Embora não seja tão difícil para mim, confesso que tive que lidar com certa apreensão. 


Avaliando meu medo e ao fazer aquele voo numa estrutura metálica que me parecia tão frágil, diria que cheguei ao nível 6. Não era baixo, mas também não era exageradamente alto. Certamente meu irmão mais velho chegaria ao nível 10. Isso, se ele tivesse coragem para fazer um voo deste. 


Meu amigo não tinha qualquer medo! Pelo contrário, havia certa leveza e regozijo em pilotar seu brinquedo de estimação. Este é o seu hobby. Refletindo a respeito disso, considerei que medo é uma questão de perspectiva. Nem sempre tem a ver com a realidade, mas com a forma como julgamos os eventos. Só isso explicaria medos irracionais como o pavor de borboletas, baratas, pererecas e outros pavores que se tornam até cômicos em sua natureza. O medo não corresponde à realidade. 


E você, tem medo de quê? O que tem paralisado sua vida? Quanto do seu medo realmente faz sentido? Como você tem lidado com suas ameaças imaginárias? O medo, assim como o ódio, amargura e teorias conspiratórias, não é bom conselheiro e pode facilmente nos aprisionar e destruir nossa espontaneidade. “O medo de perder não deixa a gente ganhar”, já dizia o ditado popular japonês.


Analise seus medos e se for preciso, peça ajuda, mas não se torne escravizado por suas ameaças. Eventualmente, grandes gigantes se tornam pequenos quando os enfrentamos. Descobrimos que eles são mais psicológicos que reais.

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