sábado, 21 de novembro de 2020

Amigos Tóxicos



 

Charles Jones, autor do livro War Shots diz o seguinte: “Daqui cinco anos você estará bem próximo de ser a mesma pessoa que é hoje, exceto pelos livros que ler e as pessoas de quem se aproximar.”


Livros tem o poder de mudar sua compreensão da vida, reorientar, moldar a mente e coração. Você é capaz de saber em que uma pessoa acredita apenas olhando a sua biblioteca. O que ela tem lido demonstra em quê ela tem crido. Quanto aos amigos...


Bem... existem vários tipos de amizades. Uma delas é a funcional, que tem a ver com o trato administrativo e comercial. Você pode até ter simpatia, sair para um happy hour e achar a amizade interessante, mas quando os laços comuns se desfizerem, você mudar de profissão, de carreira ou sair da cidade, essa amizade não vai durar. Neste relacionamento existe um acordo tácito: foi bom enquanto durou!


Existem amigos que transcendem o tempo e a geografia. Eles, de certa forma, apegam-se a você, gostam de você e você gosta deles. Pode ser que as circunstâncias da vida os levem a uma afastamento, mas quando vocês se reencontrarem tudo é bom novamente. Não parece que vocês ficaram longe tanto tempo...


Alguns amigos, contudo, são tóxicos. Trata-se daqueles que andam conosco, mas sempre acham um jeito de nos diminuir, criticar, apontar pontos fracos, desmotivar. O caminho mais fácil seria simplesmente nos afastarmos deles porque, muitas vezes, há até mesmo uma certa hostilidade. Infelizmente, temos dificuldade de nos distanciar e este relacionamento nos intoxica e adoece. É como se fosse uma bruxaria. 


Em inglês existe um neologismo para isso. É o ‘frenemy‘, uma mistura de ‘FRiend‘ (amigo) com ‘eNEMY‘ (inimigo). O ‘frenemy‘ desenvolve uma relação complicada. Ele não é amigo, mas está por perto. Seria mais fácil se ele se distanciasse, já que costuma agir assim por inveja do sucesso, da beleza ou da inteligência - embora insista em dizer que é um amigo.


A melhor atitude que podemos tomar em situações semelhantes é o afastamento, já que tal presença causa ansiedade e deprime. Embora não seja muito fácil fazer um diagnóstico preciso, é perceptível que depois de passarmos um tempo com esta pessoa nos sintamos pesados e angustiados. Nem sempre identificamos o que tem causado o mal-estar, mas ele está presente. 


Estes amigos tóxicos precisam se distanciar para que a normalidade existencial retorne. Sua presença é virótica e não há vacina para dirimir o mal. A única coisa eficaz neste quadro é, realmente, o isolamento social. Talvez mais eficaz ainda seja o lockdown.

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