sábado, 21 de novembro de 2020

Halloween ou Thanksgiving Day?



 

É típico de países colonizados a criação de uma certa dependência financeira, emocional e cultural dos países dominadores ou de outras culturas. Isto é perceptível no Brasil, embora não se trate apenas de nossa realidade. Muitos outros países também se subordinam à força cultural de outros.


O Brasil é rico em mitos e folclores, mas, lamentavelmente, tem importado cada vez mais as lendas de outros povos. O Halloween ou dia das bruxas, por exemplo, tem se tornado parte da agenda escolar das crianças. Elas são encorajadas a se vestirem e reproduzirem um folclore que, embora seja universalmente conhecido, é tipicamente americano.


O Dia das Bruxas é uma celebração observada em vários países, é dedicado a lembrar os mortos e tem sido comemorado no dia 31 de Outubro. Entre as atividades de Halloween mais comuns estão festas e o uso de fantasia, decoração das casas, confecção de lanternas de abóboras, fogueiras, jogos de adivinhação, participação em atrações “assombradas", contação de histórias assustadoras e a prática de assistir filmes de terror. Afinal é o dia das bruxas.


Nestas horas, certas comichões e reações alérgicas brotam. Se estamos propensos a importar, por que não importamos aquilo que há de melhor? Por exemplo: o Thanksgiving Day (Dia Nacional de Ações de Graças) é o maior feriado americano. Embora suas origens sejam cristãs, esta festa foi incorporada ao calendário de todas as religiões e, de fato, é o único dia em que a nação americana fecha as portas - até mesmo de supermercados e shoppings - para as famílias se reunirem. Boa parte daqueles que professam alguma forma de fé interrompe suas atividades para agradecer. A celebração ocorre na quarta quinta-feira de novembro.


É um dia dedicado à gratidão a Deus! São feitas orações e festas para agradecer pelos bons acontecimentos ocorridos durante o ano. A data surgiu no Nordeste americano entre os cristãos e a primeira celebração foi feita pelos colonos que, em 1620, fundaram uma vila em Plymouth, MA. Eles tiveram uma boa colheita, mesmo depois do inverno rigoroso. A partir daí, aquela vila decidiu comer ao ar livre em grandes mesas anualmente.


Se temos que importar elementos de outra cultura, não seria mais apropriado o Dia Nacional de Gratidão a Deus que o Dia das bruxas e de celebração aos mortos? Parece-me haver uma forma de distorção endêmica que poderia ser minimizada se tivéssemos um olhar mais atento. Enfim... isso é apenas um desabafo e você, leitor, faz desse meu desabafo o que lhe parecer bem! 

Como viver 100 anos?



 

Estudiosos do mundo inteiro estão mapeando as chamadas de “zonas azuis”, onde atingir 100 anos de idade é muito comum. Atualmente já existem algumas áreas catalogadas. Esses lugares despertam a curiosidade de pesquisadores ao longo dos anos.


Doenças relacionadas ao estilo de vida são uma grande preocupação. No momento, doenças cardíacas e pulmonares, câncer e diabetes são as maiores causas de morte no mundo, responsáveis por cerca de 38 milhões de mortes anualmente, 16 milhões das quais prematuras.


A Região da Sardenha, na Itália; Okinawa, no Japão; Loma Linda, na Califórnia; Barbagia, na Sardenha; a Península de Nicoya, na Costa Rica e Ikaria, na Grécia são algumas das zonas azuis já conhecidas. Mas o que esses locais têm em comum? O que descobriram já é do conhecimento da maioria das pessoas: fazer mais exercícios, comer mais vegetais e frutas, não fumar, não abusar do açúcar, não beber muito e evitar o sedentarismo.


Em Okinawa, no Japão, está a maior concentração de mulheres centenárias do mundo, cerca de 30 vezes mais do que nos EUA. A Sardenha tem 10 vezes mais centenários que os EUA e, na maioria das vezes, as pessoas ainda caçam, pescam e colhem seus próprios alimentos. Em Nicoya, Costa Rica, ocorre a menor taxa de mortalidade de meia-idade do mundo. Os moradores chegam a mais de 90 anos sem doenças cardíacas, diabetes, certos tipos de câncer, demência ou obesidade. Em Loma Linda, Califórnia, há um grande número de adventistas, que evitam o consumo de carne, álcool e cafeína. A dieta deles consiste em vegetais, frutas, nozes e grãos. 


À longevidade dos moradores dessas regiões, pode-se creditar elementos como dieta e espiritualidade, além do senso de propósito e fortes conexões comunitárias. Em geral, as características mais identificadas são: 


- Prática de atividades regulares de baixa intensidade como parte da rotina;

- Interrupção das refeições quando a pessoa se sente 80% satisfeita;

- Dieta baseada em vegetais;

- Ingestão de uma pequena quantidade de álcool diariamente;

- Conhecimento do próprio "significado na vida";

- Consciência da hora de "reduzir a marcha", do momento de desacelerar e relaxar;

- Prática da fé e participação em cultos;

- Valorização dos entes queridos, que são colocados em primeiro lugar;

- Manutenção de boas conexões sociais.


Quer comemorar seu centenário? Estas são boas dicas para atingir essa fantástica marca.

Amigos Tóxicos



 

Charles Jones, autor do livro War Shots diz o seguinte: “Daqui cinco anos você estará bem próximo de ser a mesma pessoa que é hoje, exceto pelos livros que ler e as pessoas de quem se aproximar.”


Livros tem o poder de mudar sua compreensão da vida, reorientar, moldar a mente e coração. Você é capaz de saber em que uma pessoa acredita apenas olhando a sua biblioteca. O que ela tem lido demonstra em quê ela tem crido. Quanto aos amigos...


Bem... existem vários tipos de amizades. Uma delas é a funcional, que tem a ver com o trato administrativo e comercial. Você pode até ter simpatia, sair para um happy hour e achar a amizade interessante, mas quando os laços comuns se desfizerem, você mudar de profissão, de carreira ou sair da cidade, essa amizade não vai durar. Neste relacionamento existe um acordo tácito: foi bom enquanto durou!


Existem amigos que transcendem o tempo e a geografia. Eles, de certa forma, apegam-se a você, gostam de você e você gosta deles. Pode ser que as circunstâncias da vida os levem a uma afastamento, mas quando vocês se reencontrarem tudo é bom novamente. Não parece que vocês ficaram longe tanto tempo...


Alguns amigos, contudo, são tóxicos. Trata-se daqueles que andam conosco, mas sempre acham um jeito de nos diminuir, criticar, apontar pontos fracos, desmotivar. O caminho mais fácil seria simplesmente nos afastarmos deles porque, muitas vezes, há até mesmo uma certa hostilidade. Infelizmente, temos dificuldade de nos distanciar e este relacionamento nos intoxica e adoece. É como se fosse uma bruxaria. 


Em inglês existe um neologismo para isso. É o ‘frenemy‘, uma mistura de ‘FRiend‘ (amigo) com ‘eNEMY‘ (inimigo). O ‘frenemy‘ desenvolve uma relação complicada. Ele não é amigo, mas está por perto. Seria mais fácil se ele se distanciasse, já que costuma agir assim por inveja do sucesso, da beleza ou da inteligência - embora insista em dizer que é um amigo.


A melhor atitude que podemos tomar em situações semelhantes é o afastamento, já que tal presença causa ansiedade e deprime. Embora não seja muito fácil fazer um diagnóstico preciso, é perceptível que depois de passarmos um tempo com esta pessoa nos sintamos pesados e angustiados. Nem sempre identificamos o que tem causado o mal-estar, mas ele está presente. 


Estes amigos tóxicos precisam se distanciar para que a normalidade existencial retorne. Sua presença é virótica e não há vacina para dirimir o mal. A única coisa eficaz neste quadro é, realmente, o isolamento social. Talvez mais eficaz ainda seja o lockdown.

Qual é o seu nível de medo?


 

 

Recentemente, estive em Roraima pela primeira vez. Fui fazer uma conferência na cidade e aproveitei para visitar um velho e querido amigo, Samuel Coutinho, que possui em seu DNA uma grande atração por aventuras. Desde sair de São Paulo de motocicleta chegando a Roraima até fazer um giro por toda a América do Sul. Não faz tempo, comprou um avião de fabricação ucraniana e gosta de ver a vida com este avião de pequeno porte, serpenteando rios e apreciando as belas paisagens do seu Estado, eventualmente indo até o Monte Roraima num voo arriscado por causa dos ventos que aquela maravilhosa montanha atrai. 


Generosamente, ele me convidou a voar com ele. A estrutura do avião para dois passageiros é muito simples porque ele é feito para voos panorâmicos e a porta é toda transparente. Para quem não tem qualquer medo de altura é relativamente fácil. Embora não seja tão difícil para mim, confesso que tive que lidar com certa apreensão. 


Avaliando meu medo e ao fazer aquele voo numa estrutura metálica que me parecia tão frágil, diria que cheguei ao nível 6. Não era baixo, mas também não era exageradamente alto. Certamente meu irmão mais velho chegaria ao nível 10. Isso, se ele tivesse coragem para fazer um voo deste. 


Meu amigo não tinha qualquer medo! Pelo contrário, havia certa leveza e regozijo em pilotar seu brinquedo de estimação. Este é o seu hobby. Refletindo a respeito disso, considerei que medo é uma questão de perspectiva. Nem sempre tem a ver com a realidade, mas com a forma como julgamos os eventos. Só isso explicaria medos irracionais como o pavor de borboletas, baratas, pererecas e outros pavores que se tornam até cômicos em sua natureza. O medo não corresponde à realidade. 


E você, tem medo de quê? O que tem paralisado sua vida? Quanto do seu medo realmente faz sentido? Como você tem lidado com suas ameaças imaginárias? O medo, assim como o ódio, amargura e teorias conspiratórias, não é bom conselheiro e pode facilmente nos aprisionar e destruir nossa espontaneidade. “O medo de perder não deixa a gente ganhar”, já dizia o ditado popular japonês.


Analise seus medos e se for preciso, peça ajuda, mas não se torne escravizado por suas ameaças. Eventualmente, grandes gigantes se tornam pequenos quando os enfrentamos. Descobrimos que eles são mais psicológicos que reais.

Ainda há esperança?



 

No meio de tantos conflitos, ideologias, mentiras, transformações morais, violência e corrupção é fácil nos perdermos e deixarmos de confiar que ainda haja alguma coisa pela qual valha a pena lutar e esperar.


O contrário da esperança é o desespero. Ele normalmente vem atrelado ao niilismo, uma visão de mundo que não consegue vislumbrar nenhuma referência histórica ou filosófica que possa dar sentido. O niilismo surgiu no final do século 19 e afirma que, no jogo das contradições e dores com o qual o mundo lida corriqueiramente, não há solução satisfatória, senão espaço para o desalento e a angústia. O nada devora a alma.


O filósofo alemão Nietzsche foi o grande defensor do niilismo. Para ele, “a forma é fluida, porém, o “sentido” é ainda mais e esta ausência de ideais desemboca no desencanto com a vida em si. Não há nada. Tudo é vazio. Não há algo em que você possa apegar-se e dizer: isto é sólido! O niilismo desintegrou as concepções religiosas e, no seu lugar, nenhum valor absoluto pode ser encontrado. 


Ao perder a referência religiosa que traz esperança, utopia, fé, houve um desenraizamento das convicções, que foram então substituídas, gradualmente, pela secularização (não há Deus, mas se houver ele não se importa conosco). Surgiu então um espiritualismo vago com tendências místicas (há alguma coisa, mas não sei onde, nem o quê) e a busca de um transcendentalismo panteísta (Deus é tudo e tudo é Deus!). Assim, Deus não é alguém, mas apenas radiações das energias cósmicas e de mim mesmo. 


  A concepção cristã é carregada de esperança, de sentido. Apesar das guerras e paradoxos, a esperança continua existindo. Embora o barco muitas vezes se encontre à deriva, a tripulação e os tripulantes não entram em pânico porque sempre há o vislumbre de que Alguém, além das circunstâncias e dos ventos contrários, pode acalmar o mar.


A Esperança não pode ser baseada na crendice e superstição. É preciso investigar as bases em que ela repousa. Sem fundamento sólido, a esperança será falsa e provocará a mais desagradável sensação. Será apenas “fé na fé”. Ora, a crença vazia desemboca no misticismo oco, o que faz com que muitos aguardem o resgaste dos OVNIs e contem com as cegas energias cósmicas. Isso trará ainda mais desilusão. Muitos confiam na palavra dos astrólogos, outros nas previsões e conquistas da ciência. No final, o resultado é mais desesperança e descrença. 


Não dá para se agarrar a qualquer canto de sereia ou proposições mágicas. A fé cristã sustenta-se em alguém que prometeu: “No mundo passais por aflições, tende bom ânimo, eu venci o mundo.” Jesus demonstrou autoridade para sustentar o volume e o peso de nossa esperança através do tempo e do espaço ao ressuscitar dentre os mortos. Ele é a única esperança!