Os três termos deste título evocam dores, feridas e ressentimentos e deveria ser assim mesmo por causa do caráter repulsivo, ferino e destrutivo próprio de tais práticas.
Assédio é todo comportamento indesejado, de natureza ofensiva, que importuna ou perturba e é caracteristicamente repetitivo. O assédio sexual refere-se a avanços sexuais persistentes e não solicitados, normalmente no local de trabalho, onde as consequênciasda recusa são potencialmente prejudiciais para a vítima. Existem ainda vários outros tipos de assédio, como o moral e o virtual.
Racismo é a crença que pessoas possuem características inatas, biologicamente herdadas, que determinam seu valor. Neste caso, o “sangue” é a identidade da pessoa e seu valor não é determinado por qualidades e defeitos individuais, mas pelo seu pertencimento a uma cultura. Assim, as “raças” são hierarquizadas como superiores ou inferiores.
Preconceito é uma opinião desfavorável não baseada em dados objetivos, mas por conceitos formados antecipadamente e sem fundamento sério ou imparcial. O preconceito pode ocorrer por uma determinada afiliação política, gênero, crenças, valores, classe social, idade, deficiência, religião, sexualidade e nacionalidade.
O problema é que, em uma sociedade obcecada pelo “politicamente correto”, as coisas têm se tornado desproporcionais, como a crítica recente feita pela jornalista Glória Maria. É Glória quem diz: "Nesses últimos anos, explodiu essa questão do assédio moral e sexual. Eu acho isso tudo, basicamente, um saco. Por exemplo: hoje, tudo é racismo, tudo é preconceito... Eu, até hoje, na TV, tenho meus câmeras antigos, os técnicos que estão comigo há 40 anos, todos me chamam de 'Neguinha'. Eu nunca me ofendi, nunca me senti discriminada. Me chamam de uma maneira amorosa, carinhosa. É claro que se falam 'Ô, nega', não sei o quê, é outra coisa."
E Glória Maria continua: "Então, hoje, tudo é preconceito, tudo é assédio. Está chato. Estou há mais de 40 anos na televisão. Já fui paquerada muitas vezes, mas nunca me senti assediada moralmente. Acho que o assédio moral é uma coisa clara, não tem dubiedade. Não tem como você interpretar. O assédio é uma coisa que te fere, é grosseiro, te machuca, te incomoda, te desmoraliza, agora, a paquera, pelo amor de Deus... Os homens estão com medo. Nós mulheres sabemos bem fazer a diferença de uma paquera para o assédio, um abuso sexual".
"Acho que politicamente correto é o caráter, a honestidade, a sua capacidade de olhar para o outro. Isso é politicamente correto. Agora, esse mundo em que a gente está, que vem muito da amargura das pessoas, da frustração, isso eu não gosto, não aceito. Nessa eu não entro, não, sob nenhuma hipótese", completa a jornalista.
Sabemos que, infelizmente assédio, racismo e preconceito devem sempre estar na agenda de um povo civilizado. Estabelecer a diferença em tais situações requer sensibilidade e sensatez. O que nem sempre acontece.