O cansaço pode vir de muitas fontes (corpo, mente, existência, espírito) ou pode ser decorrente de uma combinação de todos estes fatores. Alguém afirmou que o cansaço é uma circunstância de fadiga na qual a pessoa fica sem forças físicas ou emocionais para realizar tarefas cotidianas.
O cansaço tem se tornado evidente nos tempos estranhos da pandemia, quando as pessoas são obrigadas a viver no isolamento social, distanciadas de pessoas queridas. A quebra da rotina gera cansaço. Quando a rotina não é alterada, o cansaço do corpo é positivo, pois é resultado de um esforço produtivo de ação. No entanto, a falta de efetividade gera uma sensação estranha e cansaço, além de provocar também o esgotamento emocional entre os que perderam seus empregos e rendas.
O cansaço fez parte da vida de Jesus. Ele, muitas vezes, sentiu-se cansado e teve que parar para recobrar as forças. Quando João Batista foi brutalmente assassinado por Herodes Antipas, Jesus saiu para um lugar deserto para reorganizar as emoções. Ele convidou seus discípulos para, literalmente, “descansarem”. Era um cansaço emocional.
Em outra ocasião, ele se assentou cansado à beira de um poço de água, esperando que alguém lhe desse um gole de água. Ali ocorreu um dos mais intrigantes diálogos de Jesus, protagonizado por Ele e a mulher samaritana. Em diversos momentos, Jesus percebeu o esgotamento físico e mental de seus discípulos diante de tantas demandas e serviços.
Trabalhar é importante e necessário, mas precisamos entender se o cansaço que temos é legitimo ou é fruto da ansiedade, se ele surgiu por decisões erradas que tomamos ou por outro motivo. Pecados e desacertos facilmente nos esgotam. Há muito cansaço produtivo, mas há também muito cansaço resultante dos frenéticos esforços que fazemos por aprovação humana ou ganância. Há muito cansaço decorrente da preguiça, da indolência e do hedonismo, pois há muito gasto de energia no que tem valor inútil. É energia jogada fora. Podemos trabalhar muito e sermos pouco produtivos e nada estratégicos.
Se nosso cansaço é decorrente de atividades produtivas ou, se ele surge em razão do trabalho diligente, estamos falando de um cansaço positivo. É preciso recobrar o ânimo e renovar as forças. Não podemos desistir de fazer o bem, mesmo quando cansados. Não podemos desistir de perseverar no que é certo, mesmo diante de oposição. Outras vezes, descansar é preciso, legítimo e sagrado. Deus ordenou o descanso quando criou o sábado para o homem recuperar suas energias.
Uma das mais graciosas declarações feitas por Jesus àqueles que estavam com o tanque vazio de esperança e exaustos, foi para que encontrassem o doce descanso que somente Ele pode providenciar: “Vinde a mim, todos os cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim. E encontrarei descanso para vossas almas”. Talvez, seja necessário não desistir pelo cansaço, mas apenas descansar para que sejamos ainda mais efetivos em nossas ações.