sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Máscaras da Corrupção


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Comenta-se, com frequência, que há no Brasil uma cultura de corrupção. Uma cultura é forjada com a ação de pessoas e grupos de poder histórico, que então impulsionam uma nova interpretação dos fatos. Portanto, uma cultura não se forja no vácuo, mas pela intermediação de agentes humanos que, intencionalmente ou não, agem como protagonistas.

O problema da corrupção é que ela usa máscaras culturais e um dos melhores exemplos tem a ver com a força midiática. A mídia tenta construir narrativas e verdades. Por isso, ela depende da interpretação dada pelos agentes do jornalismo. Isto tem ficado cada vez mais explícito na polarização cada vez mais radical entre direita e esquerda no Brasil. 

Se você ouve a Jovem Pan, verá que, na maioria das vezes, o discurso da emissora apoia a direita. O modo como os fatos são colocados leva-nos a apoiar a versão apresentada. Se ouvimos ou assistimos a Globo vemos que, por mais favoráveis que as notícias sejam ao atual governo, ela vai tentar explorar um ângulo negativo nas abordagens que faz. E isso não é muito difícil, já que o governo tem telhado de vidro. Todos os movimentos do primeiro escalão são rigorosamente escrutinados.

Quem está dizendo a verdade? Seria a mídia inimiga ou a aliada à corrupção? As narrativas dependem do interesse pessoal e econômico das empresas de comunicação, por isso a mídia é tão interesseira e suscetível à corrupção quanto qualquer órgão do governo.

A corrupção é algo intrínseco à natureza humana. Os líderes da Reforma Protestante, como João Calvino, já falavam sobre a natureza intrínseca da corrupção humana. “Não somos pecadores porque pecamos, mas pecamos porque somos pecadores”. Pecado não é acidente de percurso ou deslize circunstancial, mas tem a ver com a essência da natureza humana. Isso é assustador! O coração humano tem uma tendência à decadência moral.

Em seu livro O Mito da Neutralidade Científica, Hilton Japiassu faz severas críticas ao pensamento de que a ciência é neutra, não carregada de interesses e intencionalidades, eventualmente sórdidos. Ele indaga: “Pode ainda (a ciência) ser considerada como um saber puro, como uma contemplação desinteressada e amorosa da verdade? (...) Estaríamos condenados a ficar presos aos sortilégios cúmplices da organização científica, submetendo-nos sempre mais às astúcias de seu controle insidioso a ponto de nos instalar, sem possibilidades de resistência, numa tecnonatura incessantemente aperfeiçoada?”

Tanto a mídia quanto o poder judiciário sofrem a influência de interesses. Não há “isenção jornalística”, nem isenção da corte e nem mesmo da ciência. Tudo isso revela o lado sombrio da existência humana. Nenhuma religião ou ideologia estão isentas desta lastimável realidade humana.

Jesus conhecia a natureza humana. A Bíblia afirma em João 2:24 que “(...) mas o próprio Jesus não se confiava a eles, porque os conhecia a todos, (...) porque Ele mesmo sabia o que era a natureza humana”. Por isso afirmava que Ele era a luz do mundo e aquele que o seguisse não andaria - e não anda - em trevas. Precisamos da graça de Deus para observar melhor as intenções e motivos dos nossos corações, para deixar que Ele ilumine os porões ocultos do nosso coração, removendo as máscaras da corrupção que tão facilmente obscurecem nossas decisões e nosso juízo de valores

sábado, 15 de fevereiro de 2020

Exaustão

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Não é muito raro nos depararmos com um inadequado sentimento de impotência, inadequação e incapacidade de fazer aquilo que é necessário. Depois de passar por um burn-out, o conferencista Wayne Cordeiro  recebeu a recomendação do seu médico para interromper todas as suas atividades por três meses. A lógica médica é a de que quando o organismo entra em colapso, após um forte stress, ele precisa de um tempo para reequilibrar a energia.

O que aconteceria conosco se o médico recomendasse que parássemos tudo por três meses? A não ser que você seja um funcionário, isto seria impossível.

Entretanto, a exaustão faz a produtividade cair vertiginosamente e um forte senso de ansiedade e angústia passa a nos dominar. Com isto vem a culpa, as cobranças, as pessoas esperam respostas e possuem certa expectativa em relação a atenção, processos, atividades, e por não conseguirmos corresponder aos anseios dos outros, nos sentimos ainda pior e a exaustão se torna mais evidente.

O sentimento de fuga passa a ocupar um lugar dominante. Consideramos a possibilidade de encontrar um lugar onde não haja pressão, sonhamos com uma ilha deserta, um rancho na beira do Araguaia, onde não tenhamos que trabalhar tanto para pagar impostos. Recentemente li uma estatística interessante: Cerca de 2 milhões de pessoas nos EUA, já optaram por morar em lugares remotos. Eles vendem suas casas, largam seus empregos e mudam para regiões inóspitas procurando viver o mais isolado possível. É a busca de um lugar sem ansiedade e cobrança, um lugar sem aborrecimentos e ansiedade.

Não é difícil que isto aconteça conosco. Este desejo não é de todo ruim. O problema é a intensidade com que estes desejos surgem, eventualmente se tornando obsessivos. Infelizmente muitas vezes tentamos fugir de um inimigo que não conhecemos, mas não conseguimos fugir de nós mesmos, como diz certo adágio: “mudamos de ar, mas não mudamos de mente”. Uma música popular brasileira diz: “Eu quero ficar só, mas sozinho comigo eu não consigo”.

Que remédio podemos encontrar para esta exaustão? Em geral ela é resultado, não das pressões das pessoas, mas da falta de equilíbrio na nossa mente. O nosso corpo não admite abusos e excessos, apesar de ser uma máquina fantástica. Quando ocorre uma descompensação ou desequilíbrio, ele sofre fadiga e desgaste. Em geral, isto se dá porque a nossa mente, espiritualidade, emoções, não estão ajustadas. Muitas vezes tratamos melhor nossos carros, damos mais manutenção às máquinas, do que à nossa alma, mente e corpo. Exaustão é resultado do excesso. Em algum momento, precisamos parar e colocar a máquina em equilíbrio. Isto é homeostase. Perder ou desprezar qualquer dimensão da nossa humanidade, seja em relação à fé, à saúde, relacionamentos ou emoções, pode trazer resultados trágicos.

O Falso Não Anula o Verdadeiro

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Vivemos dias em que prevalece a ética do ódio. Ela se manifesta na crueldade com que a mentira tenta ser disseminada. Não se busca a verdade, mas se procura construir narrativas que transformem a mentira em verdade. Por isso as fake news são tão amplamente anunciadas. No entanto, o falso continua sendo falso. Não é possível misturar água com óleo.

Tente acompanhar os noticiários. Os jornais não estão interessados em relatar  notícias que promovam o bem e a verdade, mas aquelas que ideologicamente estejam de acordo com a linha editorial da empresa. Você não experimenta profundo ceticismo quando ouve as notícias veiculadas? Onde está a verdade? Chegamos a um momento em que a verdade não é o que é, como classicamente definiu Sócrates, mas, sim, aquilo que eu quero que seja ou aquilo que sinto que é. A verdade é apenas uma formulação ideológica.

Quando Moisés chegou ao Egito para libertar o povo de Israel da escravidão, ele enfrentou um grave embate entre a verdade e a mentira. Havia uma grande luta presente. Quando ele anunciou que Yahweh o enviara para libertar o seu povo, Faraó indagou: “Quem é o Deus Yahweh?”. Ora, o Egito era povoado por uma multiplicidade de deuses. Por que este Deus desconhecido deveria ocupar a primazia levando Faraó a libertar o povo escravo? Mais do que uma luta contra poderes políticos, Moisés deveria enfrentar uma luta sobre a verdade e a mentira.

Quando veio a primeira praga e as águas se transformaram em sangue, os magos do Egito reproduziram o sinal fazendo o mesmo. Na segunda praga, quando as rãs surgiram, os magos também reproduziram o fenômeno. Até que veio a terceira praga e houve muito piolho em toda a terra do Egito, causando profunda aflição às pessoas. Os magos tentaram reproduzir o fenômeno com suas ciências ocultas, mas não conseguiram. Então disseram a Faraó: isto é dedo de Deus!

Nesta hora, surge a diferença entre o falso e o verdadeiro. A mentira pode imitar a verdade por algum tempo, mas não para sempre. Nós podemos enganar algumas pessoas por algum tempo, mas não podemos enganar a todos, todo o tempo. E por isso chegamos à profunda constatação de que a mentira tenta imitar e sempre falsificar a verdade. Apesar de vermos a mentira sendo dita e afirmada todo o tempo, nem tudo é falso. Não precisamos titubear a vida inteira. A verdade é real e ela se revela.

Apesar de tantas mentiras, a verdade existe. Apesar de tanto discurso sobre relativismo e subjetivismo, a verdade existe. Apesar de tanta mentira sendo dita com aparência de verdade, a verdade se encontra presente em algum lugar. Apesar de termos tanta água lamacenta, isto não significa que não haja fonte de água cristalina. A mentira não pode ocultar para sempre a verdade. O falso não anula o verdadeiro.