quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Que vida boba!


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No seu maravilhoso e angustiante poema chamado “Cidadezinha qualquer” (1930), Carlos Drummond de Andrade escreveu:

Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus. 

Alguns afirmam que este poema foi escrito quando Carlos Drummond perdeu sua querida filha, e isto lhe teria gerado uma profunda depressão.

Existe um livro na Bíblia chamado Eclesiastes que discorre sobre a vida humana vivida “debaixo do sol” (expressão que acontece 29 vezes no livro), afirmando que ela nada mais é que um tédio insuportável. O tema central é “vaidade,”, algumas traduções falam de “inutilidade” (NVI) “ilusão” (NTLH), “tudo é fugaz” (EP) e na linguagem de hoje: “Tudo é terrivelmente frustrante” (BH). A paráfrase da Bíblia viva afirma que “a vida é boba!”.

Ed Rene Kivitz afirma que este é “o livro mais mau humorado da Bíblia”. Eclesiastes diz que “a vida não faz sentido” (Ec 2.19) e que nada mais é que “um absurdo e uma grande injustiça” (Ec 2.21).

O pessimismo tem uma razão de ser. Salomão, o autor do livro o escreveu quando se afastou de Deus. Ele começou muito bem sua história pessoal, pois quando jovem, resolveu viver uma vida para Deus, mas com o passar do tempo, seu desejo de grandeza, sua vaidade e anseio pela fama o absorveu de uma forma tão grande que ele desconsiderou Deus e passou a viver segundo o seu bel-prazer.

O pessimismo torna-se insuportável quando a vida passa a ser vivida no plano meramente histórico, e as respostas filosóficas para as contradições, injustiças e paradoxos não são encontrados. O próprio Salomão, reconhece “separado de Deus, quem pode alegrar-se?” (Ec 2.29).

“A vida deixa de ser boba quando é vivida em sua plenitude acima e abaixo do sol, no plano físico e metafísico, no plano religioso e secular, no plano da fé e da razão” (Elber Lenz Cesar).
 

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