Com 55.17% dos votos, Bolsonaro foi eleito o presidente do Brasil. Antes de mais nada, precisamos entender que, por mais bizarro que pareça, o PT é responsável pelo surgimento de um político com ideias da direita radical. Apesar de não concordar com todo o conceito pagão da teoria cíclica de Platão tenho que admitir que o pêndulo facilmente varia de um extremo a outro. Assim se deu no Brasil.
As declarações de Bolsonaro fizeram sentido para uma população que viu, de forma cansativa e repetitiva, os escândalos financeiros patrocinados pela esquerda corrupta (embora a direita também não seja diferente), que optou por se corromper demais e ter ética de menos. Que se manteve no poder fincado no populismo e na capacidade de comprar deputados e senadores quando queria aprovar seus projetos políticos. Deu no que deu...
Além dos absurdos cometidos, colocou-se acima da justiça, esquecendo o que um de seus mais fortes cabos eleitorais já havia advertido: “A lei tem motivos, a lei tem pudor; e inspeta seu próprio inspetor” (Chico Buarque). A justiça encontrou seus paladinos.
A esquerda errou também, por ignorar o fato de que o Brasil é uma nação religiosa com valores e moral conservadora. Algumas bandeiras de minorias, contrárias à educação sexual e valores familiares, apoiada por setores liberais, descambou num paroxismo exacerbante do desconstrucionismo moral, assustando a população. É importante compreender que democracia se constrói não na defesa de um grupo e de uma minoria, mas pela decisão majoritária.
Bolsonaro então, surge como reação, e em muitos casos, como protesto. Agora eleito, certamente precisará assentar-se com a coroa inglesa e ter um pouco de aula de etiqueta para começar a agir como estadista e não como um capitão cheio de bravatas, que pode servir na caserna, mas não para quem se assentará no mais alto posto do governo brasileiro: o Palácio do Planalto.
Caso o futuro presidente não entenda que assim como o PT se tornou seu principal cabo eleitoral pelos desmandos, seu governo, se mal sucedido, tornar-se-á a maior propaganda da esquerda para daqui a quatro anos. A frustração messiânica nas utopias dos seus eleitores, poderá se transformar no combustível para que a esquerda novamente retorne. Então, é melhor governar bem...
Uma das belezas da democracia é o direito de protestar e dizer: “assim não dá!” O voto se torna nossa voz. A alternância de poder é sempre uma realidade. Por isto, a direita precisa parar de ser arrogante, insensível e olhar com misericórdia a dor do pobre, estar atenta à miséria social e à fome, entender as raízes da violência crescente e não apenas tentar resolvê-la com cassetete; ter sensibilidade com a saúde maltrapilha e a educação abandonada pelas elites, caso contrário, daqui a quatro anos, lembraremos novamente de Platão.
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