Orgulho tem sido tradicionalmente visto como o
primeiro, pior e mais mortal dos sete pecados capitais, mas a sociedade moderna
procura transformar este vício em virtude. A atriz Dame Edith Sitwell afirmou:
“Nunca considerei o orgulho, exceto em determinados casos, um grande pecado...
na verdade, desprezo qualquer coisa que reduza o orgulho do homem”. O escritor
inglês, Marc Lewis, autor do livro Sin to Win (Pecar para vencer), revela que o
segredo do sucesso especialmente o financeiro, consiste em cometer os setes
pecados capitais já que estão diretamente relacionados às pessoas bem
sucedidas. Segundo ele, o pecado mais importante é o orgulho, diretamente
associado ao amor-próprio.
O orgulho
distorce facilmente as boas intenções. Os Guiness afirma que “é necessário que
se seja terrivelmente religioso para ser artista”. Uma das distorções mais
manipulativas, por exemplo, é a construção de impérios na religião. Quantas
igrejas, associações beneficentes, obras de caridade, hospitais e universidades
foram criadas sob a camada da generosidade, mas que na verdade eram expressões
egolátricas de seus fundadores? Muitas destas instituições ocultam uma forma
politicamente correta de camuflar o ego, abafar a discordância e desmascarar a
oposição e sacralizar atitudes.
Precisamos
ficar atentos com a vaidade travestida de virtude.
Certa vez,
no cerimonial de enterro dos imperadores da casa de Habsburgo, colocados nos
jazigos do mosteiro capuchinho em Viena, o grande cortejo do imperador Franz
Josef encontrou as portas fechadas. O arauto bateu à porta e o abade perguntou:
“Quem és tu que bates?”.
A resposta
foi: “Sou Franz Josef, imperador da Áustria, rei da Hungria”. O abade respondeu
com firme voz: “Não te conheço. Diz-me outra vez quem és”. O arauto respondeu
incisivamente: “Sou Franz Josef, imperador da Áustria, rei da Hungria, Boêmia,
Galícia, Lodomeria e Dalmácia, Grão Duque da Transilvânia, Margavo da Morávia,
Duque de Stiria e Coríntia”.
O abade
replicou: “Ainda não te conhecemos. Quem és?”
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Então, o
arauto se ajoelhou e disse: “Sou Franz Josef, um pobre pecador implorando a
misericórdia de Deus”. E o abade, escancarando os portões afirmou: “Então podes
entrar”.