sexta-feira, 26 de maio de 2017

O Pêndulo histórico

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Platão concebia a história de forma cíclica. Para ele, a vida humana era repetitiva num desproposital ir e vir. O que hoje era a norma, amanhã poderia ser descartado. Ele via a sucessão de poderes desta forma: Anarquia, ditadura, oligarquia, democracia, anarquia, etc.. sucessivamente. Nenhum propósito, apenas ciclos repetitivos. Esta foi a visão adotada também pela filosofia existencialista.

Nietzsche falava do “eterno retorno”. O pessimista livro de Eclesiastes afirma: “geração vai, geração vem, mas a terra; mas a terra permanece para sempre... O que foi é o que há de ser, e o que se fez, isto se tornará a fazer, nada há, pois, novo, debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê isto é novo? Não! Já foi nos séculos que foram antes de nós” (Ec 1.4,9-10).

A visão cíclica é oposta à visão de finalidade defendida pela cosmovisão cristã. No cristianismo, a história possui propósito, pode-se falar de “começo, meio e fim”, tanto que a Bíblia inicia em Genêsis (origem, criação), e termina com Apocalipse (revelação, consumação). De um ponto de vista filosófico, possui teleos, isto é “teleologia”, finalidade.

Embora a visão cristã seja muito mais coerente e carregada de esperança, pode-se falar de um certo pêndulo histórico, que leva a sociedade a caminhar de um extremo para o outro, ora negando, ora defendendo determinados princípios.

No sistema politico, países europeus lutaram de forma sistemática pela liberdade de expressão e pela negação de qualquer dogma ou absoluto. A insatisfação social gerou um desejo pelo utopia revolucionária da esquerda. Entretanto, o que temos percebido hoje é um forte segmento social, desejando certo controle e revelando cansaço com a ausência de parâmetros morais, princípios e valores. Como resultado a direita extremista começa a ameaçar e demonstrar força.

No âmbito educacional, a herança familiar foi marcada pela repressão educacional e autoritarismo paterno. Na década de 60, uma cultura da liberdade foi buscada, gerando uma educação menos tradicional e mais livre, que depois de uns 40-50 anos volta a ser questionada pelos exageros e estranhezas que a falta de princípios gerou. O resultado: O surgimento de uma geração caprichosa, que não suporta frustração e não sabe aguardar processos... o pêndulo novamente começa a oscilar. Questiona-se hoje a validade desta abordagem e escolas e princípios mais conservadores, com disciplinas mais rígidas, voltam a ser exaltadas.

Novamente percebe-se a oscilação do pêndulo. Perigosamente saindo de um extremo para outro.
Assim acontece com a democracia. Hoje vemos nas mídias sociais grupos expressando anseios utópicos de “um tempo em que o militarismo era bom”. O mesmo no sistema educação: “uma educação mais dura e repressiva”, e na família “...o método antigo é que era bom...”


Acontece que a sabedoria nunca mora nas extremidades. Ela é marcada por equilíbrio, prudência e sensatez, quando os pêndulos não habitam estes lugares inóspitos das fronteiras, mas encontra ambiente que estabeleça a correta relação entre distintos pontos. Este lugar desejado pode ser chamado de maturidade. 

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