Platão
concebia a história de forma cíclica. Para ele, a vida humana era repetitiva
num desproposital ir e vir. O que hoje era a norma, amanhã poderia ser
descartado. Ele via a sucessão de poderes desta forma: Anarquia, ditadura,
oligarquia, democracia, anarquia, etc.. sucessivamente. Nenhum propósito,
apenas ciclos repetitivos. Esta foi a visão adotada também pela filosofia
existencialista.
Nietzsche
falava do “eterno retorno”. O pessimista livro de Eclesiastes afirma: “geração
vai, geração vem, mas a terra; mas a terra permanece para sempre... O que foi é
o que há de ser, e o que se fez, isto se tornará a fazer, nada há, pois, novo,
debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê isto é novo? Não! Já
foi nos séculos que foram antes de nós” (Ec 1.4,9-10).
A visão
cíclica é oposta à visão de finalidade defendida pela cosmovisão cristã. No
cristianismo, a história possui propósito, pode-se falar de “começo, meio e
fim”, tanto que a Bíblia inicia em Genêsis (origem, criação), e termina com
Apocalipse (revelação, consumação). De um ponto de vista filosófico, possui teleos,
isto é “teleologia”, finalidade.
Embora a
visão cristã seja muito mais coerente e carregada de esperança, pode-se falar
de um certo pêndulo histórico, que leva a sociedade a caminhar de
um extremo para o outro, ora negando, ora defendendo determinados princípios.
No sistema
politico, países europeus lutaram de forma sistemática pela liberdade de
expressão e pela negação de qualquer dogma ou absoluto. A insatisfação social
gerou um desejo pelo utopia revolucionária da esquerda. Entretanto, o que temos
percebido hoje é um forte segmento social, desejando certo controle e
revelando cansaço com a ausência de parâmetros morais, princípios e valores.
Como resultado a direita extremista começa a ameaçar e demonstrar força.
No âmbito
educacional, a herança familiar foi marcada pela repressão educacional e
autoritarismo paterno. Na década de 60, uma cultura da liberdade foi buscada,
gerando uma educação menos tradicional e mais livre, que depois de uns 40-50
anos volta a ser questionada pelos exageros e estranhezas que a falta de
princípios gerou. O resultado: O surgimento de uma geração caprichosa, que não
suporta frustração e não sabe aguardar processos... o pêndulo novamente começa
a oscilar. Questiona-se hoje a validade desta abordagem e escolas e princípios
mais conservadores, com disciplinas mais rígidas, voltam a ser exaltadas.
Novamente
percebe-se a oscilação do pêndulo. Perigosamente saindo de um extremo para
outro.
Assim
acontece com a democracia. Hoje vemos nas mídias sociais grupos expressando
anseios utópicos de “um tempo em que o militarismo era bom”. O mesmo no sistema
educação: “uma educação mais dura e repressiva”, e na família “...o método
antigo é que era bom...”
Acontece
que a sabedoria nunca mora nas extremidades. Ela é marcada por equilíbrio,
prudência e sensatez, quando os pêndulos não habitam estes lugares inóspitos
das fronteiras, mas encontra ambiente que estabeleça a correta relação entre
distintos pontos. Este lugar desejado pode ser chamado de maturidade.
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