Numa conhecida canção de Renato
Teixeira ouvimos o seguinte: “Cada um de nós compõe a sua história e cada ser
em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz”. Quão importante e sério é esta
afirmação.
Não é muito difícil encontrar
bodes expiatórios e justificativas para nossos desacertos. Quando agimos assim,
criamos um vicioso ciclo de “vitimização”: Alguém me deve algo! Pode ser minha
família, meus pais, meu marido, a igreja, a sociedade, e, de forma direta,
Deus. Assim nos esquecemos que nossas escolhas determinam o futuro. Todas decisões
afetam a vida como um todo, e as pessoas que se encontram ao nosso redor. Sou parte
de uma engrenagem e provoco mudanças que até podem ser desfeitas, mas o custo
poderá ser muito alto.
Jean Paul Sartre, conhecido
e controvertido existencialista afirmou: “Cada escolha carrega consigo uma
responsabilidade. E cada escolha, ao ser posta em ação, provoca mudanças no
mundo que não poderão ser desfeitas”. Intencionalmente cito a frase de Sartre,
contrariando meu pensamento acima. As mudanças podem ou não serem desfeitas?
Por entender o poder do arrependimento e da graça de Deus, quis introduzir aqui
um elemento de esperança, afinal, creio que nada na existência humana, enquanto
estivermos vivos, pode ter um cunho determinista e fatalista. As coisas podem
mudar.
Sartre afirma ainda, “o
importante não é o que o mundo faz de você, mas o que você faz com aquilo que o
mundo fez de você”.
O Dr John White, livre
docente de psiquiatria na Universidade de Manitoba, Canadá escreveu no seu
livro As Máscaras da melancolia: “A mesma dor que faz um santo, faz um cínico.
A escolha é de cada um... tenho em mim a capacidade de escolher o que vou fazer
com a minha dor, seja ela qual for, posso arrastá-la comigo toda uma vida, e
sentir-me a criatura mais infeliz e injustiçada do planeta; ou posso buscar
outros caminhos”.
A palavra chave é atitude.
Certa vez Jesus entra num
local onde se amontoavam pessoas com diferentes enfermidades, acreditando que de
vez em quando, um anjo descia e tocava no tanque de água, e quem entrasse
primeiro, seria curado. Jesus encontrou ali um paralítico e lhe fez uma pergunta
aparentemente estranha: “Queres ser
curado?” e sua resposta foi bem evasiva: “Estou aqui há 38 anos e ninguém me
ajuda, não tenho ninguém que me ponha no tanque”.
Seria possível um doente não
querer cura? Infelizmente sim! A doença, a tragédia, a dor, o luto, muitas
vezes se transformam na justificativa e explicação que buscávamos para não mais
querer viver, ou desistir da vida. Entender que há sempre novas possibilidades
se abrindo diariamente para a vida, é encantador e maravilhoso. Isto nos livra
do fracasso e da mediocridade.
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