Este título naturalmente é provocativo!
O brasileiro é sempre muito crítico de si
mesmo, e lamentavelmente encontramos poucas coisas para apreciar no nosso país.
Criticamos o transporte, a saúde, a economia, o governo – e somos incapazes de
vislumbrar coisas positivas e falar bem do Brasil. Certamente temos muitos
motivos para isto.
Não
sei se você tem sentido tristeza e desânimo ao assistir às reportagens. Veja
quanta coisa ruim: corrupção sistêmica, endêmica e pandêmica; segurança em
situação crítica e violência; saúde pública caótica, com dengue, zika vírus,
hospitais superlotados; sistema de transporte confuso e educação na UTI.
Infelizmente, fechar os olhos e desligar-se de tanta notícia ruim, não melhora
a situação presente.
Mas
quando falo de um Brasil melhorando, deixe-me destacar alguns aspectos:
1.
Liberdade de imprensa - Boa parte do pessimismo
de hoje tem sido causado pela imprensa livre que denuncia e revela os fatos.
Quando as pessoas se tornam saudosistas e falam do retorno ao governo militar,
devemos lembrar que repressão e ditadura odeiam liberdade de expressão. Muito
do caos moderno tem a ver com líderes do passado que manipularam o rádio e a televisão e produziam a “versão oficial” dos fatos. A “Hora do Brasil”, ainda é um resquício deste
controle. Quem deve transmitir as informações são órgãos livres e não imprensa
paga pelo governo;
2.
Corrupção - Você acha a corrupção de hoje maior?
Que tal ouvir um empresário conhecido e celebrado no Brasil, Ricardo Semler,
autor de um best-seller nos anos 80, virando
a própria mesa que afirma que a corrupção de hoje possui uma escala menor
que no passado e que ele mesmo, jamais conseguiu fechar um contrato com
estatais ou autarquias do governo, porque sempre se recusou a dar propina. A
reportagem pode ser acessada na internet. A cultura brasileira da propina
precisa ser sistematicamente combatida, ela tem uma genealogia terrível,
proveniente do Brasil Império e senhores feudais. No entanto, nunca o Brasil
conseguiu aprisionar tantos políticos graúdos ou empresários intocáveis nesta
nação, e a Policia Federal agora está com suas cadeias cheias de corruptos e
corruptores. Apesar de estarmos chocados com os fatos, esta é uma boa noticia.
3.
O exercício da democracia – Ainda somos uma nação
embrionariamente nova quanto ao exercício do direito da cidadania. Eleições
livres, alternância de poder, direito ao voto, são coisas relativamente novas.
Em 1970, portanto há 40 anos atrás, o Congresso e o Executivo eram biônicos,
indicados pelos poderosos. A obrigatoriedade do voto é ainda um ranço
ditatorial, mas também vai acabar. Aprender a escolher líderes demora, ter
acesso aos representantes é fato recente. Na adolescência da democracia, já
vimos coisas bonitas acontecendo, mas é preciso mais. É preciso usar movimentos
de massas, de lutas, alguns exageros, excessos e paixões vão surgir, mas aos
poucos, vamos encontrando o valor de cada uma destas expressões.
4.
Poderes independentes – Apesar de termos
informações de magistrados corruptos, sentenças vendidas, a verdade é que,
mesmo os juízes não estão isentos de julgamentos severos. Juízes de Tribunais
superiores, ainda que indicados pelo executivo, tem conseguido confrontar e
agir de forma autônoma. Isto é uma grande conquista para a nação. É duro viver
debaixo de um regime quando a Lei é o Rei, e não é a Lei que reina. Esta
inversão não é apenas semântica, mas luciférica.
Sei
que há muito a se fazer e aprender e não tenho espaço para continuar
filosofando sobre estas coisas. neste artigo quis apenas trazer uma pitada de
expectativa e esperança. E para aqueles que agora estão desanimados com seus
comércios e investimentos, deixe-me dizer uma última palavra: Épocas de crise
abrem grandes oportunidades para ajustes e crescimento. Quem sobreviver, sairá
mais forte quando a demanda reprimida retornar. O grande crescimento dos EUA,
veio depois de uma Grande Depressão e da II Guerra Mundial. Cenários
catastróficos podem ser altamente construtivos.
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