quarta-feira, 23 de abril de 2014

Entre coelhos e o Cordeiro




Novamente nos aproximamos da Páscoa. A maior festa judaica e uma grande celebração cristã. A origem é a mesma. Páscoa é um termo que vem do hebraico Peshat, que significa “passagem”, porque foi celebrada pela primeira vez quando o povo de Deus saiu para se estabelecer em Canaã, onde hoje fica o Estado de Israel , nas fronteiras da Jordânia, Síria, Líbano e Egito.
O cristianismo adotou a festa para celebrar o sacrifício de Cristo, que foi levado como cordeiro mudo para um sacrifício, cujo tribunal foi uma farsa. Pilatos, responsável pelo julgamento o declarou inocente: “Não vejo neste homem crime algum”, mas para não contrariar o Sinédrio, uma instância religiosa mantida pelos judeus para julgar a quebra das leis mosaicas, e incitado pela multidão, lavou as mãos e o entregou na mão dos algozes.
Cordeiro simboliza Jesus e o seu sacrifício. Nas nossas liturgias religiosas, ouvimos a afirmação: “Ele é o Cordeiro que tira o pecado do mundo!”. Católicos e protestantes crêem nisto! Isto faz parte do nosso credo básico. Jesus assume o lugar dos pecadores. Sua morte nos traz vida. O profeta Isaias afirma: “O castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados”. Paulo afirma que Cristo é “o nosso Cordeiro pascal”. Ele assumiu o nosso lugar e nos substituiu. Não precisamos pagar pelos nossos pecados, pois foi exatamente isto que Cristo fez: Ele tomou nossa culpa, vergonha e condenação e com o seu sangue pagou as nossas dívidas e nos absolveu. “Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). Esta é a maravilhosa notícia da Páscoa. Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Partindo do pressuposto que entendemos o sentido da páscoa, agora surge outra questão: Qual o lugar do Coelho? Este coelho mágico, que bota ovos (sic!) de todos os tamanhos e cores? Que lugar este coelho assume no simbolismo cristão? Preste atenção na resposta. Preparado para ouvir? “Nenhuma!”. Isto mesmo, o coelho é um invasor. Ele não tem qualquer relação com o evangelho.
Na verdade é uma cortina de fumaça, que esconde a verdade e oculta o sentido. Se o Cordeiro fosse o personagem central, estaríamos indagando sobre o seu sentido, mas como se trata do coelho, e qualquer pessoa de bom senso sabe que coelho não bota ovos, e que isto é uma ficção, passamos a considerar a Páscoa como uma fantasia. E só!
O sentido maior – do Cordeiro Pascal – fica confuso e disperso.
Vivemos entre coelhos e o Cordeiro, e quando a fantasia se mistura com a realidade, não sabemos mais onde começa uma e termina a outra. É assim que os mestres da ficção fazem seus enredos. Foi assim com o “Código da Vinci”, escrito por Dan Brown, utilizando a técnica do “background” verdadeiro e do “foreground” ficcional, na qual a verdade se mescla com a fantasia. Infelizmente, ao caminharmos entre coelhos e cordeiros, nos sentimos como Alice no País da Maravilha onde a fantasia e realidade se confundem.
O Coelho é intruso.

O Cordeiro – O sacrifício e a entrega de Deus assumindo o nosso lugar na cruz!

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