Ultimamente tenho refletido sobre o nível de
descontentamento entre amigos e pessoas de minha comunidade. Tenho a sensação
de que somos uma geração descontente: Os magros querem engordar, os gordos
querem emagrecer; os altos se sentem desajeitados, os baixinhos gostariam de
ter algum centímetro a mais. Vejo crianças e jovens descontentes com seu corpo,
com a vida e com Deus. Vivem na rua da amargura lamentando, lamuriando.
Tornam-se auto-centrados, obcecados consigo mesmos e profundamente descontentes.
Falta alegria! Algo genuíno, profundo. Parece que Jesus
detectou este mesmo sentimento nos seus discípulos ao lhes perguntar: ‘‘Qual de vós, por ansioso que esteja, pode
acrescentar um côvado ao curso de sua vida?’’ Côvado é uma medida. Estaria
Jesus se referindo a alguns discípulos que tinham problema com estatura?
Estudiosos do comportamento humano
chegaram à conclusão de que o apóstolo Paulo teria sido o homem mais feliz da
terra, por causa de uma declaração que fez sobre seu estado de espírito: “Aprendi a viver contente em toda e qualquer
situação. Tanto sei viver em situações de abundancia como de escassez” (Fp
4.11-12).
Não é fácil viver com contentamento no
coração. São muitos os dissabores da vida e facilmente nos tornamos
murmuradores, descontentes ou amargos. Já vi muitos que não sabem lidar com a
abundância. Quando começam a prosperar, tornam-se competitivos, agressivos e
ansiosos pelos bens que possuem e quase não tem condições emocionais de
desfrutar da prosperidade que alcança. Podem trocar de carro todo ano, fazer as
viagens que quiserem, irem a caros restaurantes, mas são desprovidas de alegria
interior. São capazes de voltar de um suntuoso cruzeiro e estarem com suas
almas em frangalhos, vivendo num “desespero silencioso”(Thoreau).
Muitos não sabem encontrar contentamento
quando enfrentam situações de pobreza ou escassez, ou quando atravessam
períodos difíceis da vida. Não estou falando de ficar feliz com a dor em si,
mas no meio da tristeza, encontrar significado e valores maiores. Por não
conseguirem lidar com a perda, a doença e a dor, começam a blasfemar e a
maldizer. Não conseguem viver contentes.
Só existe um meio de experimentar
contentamento: Nossa alegria deve ser encontrada em Deus. Se dependermos das
circunstâncias ou situações agradáveis, seremos escravizados pelo vaivém das
próprias condições da vida. Paulo afirma que “aprendeu a viver contente”. Não
diz que viver desta forma era algo natural, que ele trouxera no seu DNA ou no
seu temperamento, pelo contrário, afirma ter aprendido a viver assim.
Seu contentamento estava em Deus. Aprendeu a
viver acima das circunstâncias porque orientava sua vida em alguém que vivia
acima das variações humanas. Ao entender que sua vida estava nas mãos de Deus,
aprendeu a descansar. Por isto declarou: “Tudo
posso naquele que me fortalece”. Precisamos
ser ‘‘contaminados’’ com este poder sobrenatural que nos dá alegria em tempos
normais, nos dias calamitosos e de perplexidade.
Estou acompanhando seus textos...abraço. Hassen
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