Zé Monteiro é um conhecido personagem da cidade de Arcoverde,
PE, que se transformou num admirável artesāo, pelas suas surpreendentes peças
trabalhadas em madeira, feitas com enorme criatividade, dramaticidade e
plasticidade, e que agora saem do seu pequeno e simplório atelier, para serem
expostas na Galeria Brasiliana, em
Sāo Paulo , e de lá para colecionadores dos Estados Unidos e
Europa.
Ele se tornou artesāo, por acaso, já que a profissāo do
coraçāo era caminhoneiro. "Se pudesse trabalhar, gostaria mesmo era de
dirigir caminhāo, mas a gente tem que gostar do que pode fazer".
Ao ler uma reportagem sobre sua vida, fiquei pensando nesta
frase. Imaginei quantas pessoas se enfurnaram na tulha e morreram ali, sem
projetos,sonhos, desenganadas pelos outos e porsi mesmo, consumidos pela
mesmice, hipocondria e melancolia.
Tulha é o espaço anexo às casas de fazendas, destinado à
guarda das colheitas e grāos, mas nāo para se morar. Além dos grāos, a tulha é
um lugar onde facilmente se ajuntam mofos, fungos, ratos, morcegos e escorpiões.
Morrer ali é desistir da vida, deixar que o trágico nos
sucumba, que a malignidade dos outros ou os percalços da vida nos abatam de tal
forma que a gente se esqueça de viver, e que nos leve a esquecer que lá fora,o
sol ainda brilha, as flores ainda crescem, a chuva cai e a natureza se renova
no seu ciclo sazonal.
"Sair da tuia" é a revigorante experiência de
descobrir que o inverno, verāo, outono e primavera, fazem parte da existência e
dependendo da estaçāo teremos tempestades ou secas; plantios ou colheitas,
neste ir e vir infinito da natureza criada por Deus. Mas só conseguem ver e
admirar estes eventos, aqueles que se recusam a viver na tulha, mesmo quando a
vida parece decretar que assim deve ser...
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