A idéia é simples. O significado é tenso,
denso, intenso. O novo aplicativo de sucesso do facebook vai direto ao ponto.
Uma pessoa marca na lista de amigos aqueles com quem toparia transar. Se a
pessoa assinalada também marcá-la, automaticamente um e-mail é enviado com os
seguintes dizeres: “É hora de transar!”, recomendando que os mesmos combinem os
detalhes.
Lançado há três semanas, o programa já
conquistou 500 mil usuários em todo mundo. Em 14 dias já serviu para marcar
encontros com mais de 130 mil pessoas.
O que podemos extrair disto?
O sucesso do bang traduz a mudança na forma como as pessoas encaram valores,
espiritualidade e relacionamentos. É o que Baugmant chama de “amor líquido”.
Podemos estar vivendo um tempo em que as relações descartáveis serão cada vez
mais estimuladas. Aqueles que topam o encontro sugerido pelo aplicativo,
precisam ser lembrados de que depois da transa, eles não podem ter qualquer vínculo
relacional. É sexo por sexo, ou sexo casual. O que se busca é o prazer e não um
envolvimento.
O psicanalista francês Charles Melman foi um dos
colaboradores mais próximos de Jacques Lacan (1901-1981) e o principal herdeiro
de Sigmund Freud na França. Numa entrevista a revista veja afirmou que Muitos
jovens encontram dificuldade para desenvolver plenamente uma vida sexual e isto
lhe parece paradoxal, porque hoje o sexo é muito acessível. Mas para Melman, “a
facilidade leva à busca de uma vida sexual sem compromisso, que proporcione um
prazer ocasional“. Para ele esta ideia de aproveitar sem se engajar impõe uma
questão: eles aproveitam plenamente? Para ele trata-se de “uma nova economia
psíquica”, fundada sobre o princípio da busca imediata de prazer máximo, sem
freios nem restrições. “Esses momentos de prazer, que proporcionam uma satisfação
profunda, são vividos mas não organizam a existência, nem o futuro. Ou seja, a
existência é feita de uma sucessão de momentos sem nenhuma projeção no futuro,
de momentos que podem desaparecer porque não terão continuidade”
Afirma
ainda que “as pessoas querem se distanciar da realidade não porque ela seja
assustadora ou sem-graça, mas porque ela implica sempre um limite. Além disso,
a realidade requer uma identidade, um objetivo mais ou menos claro na vida, ao
passo que esses exercícios virtuais não pressupõem nenhuma identidade, nenhuma
perspectiva e ainda derrubam todos os limites, incluindo os do pudor e da
polidez”... Apesar de toda sua formação liberal, Melman se assusta com as
perspectivas de tal comportamento: “Pela primeira vez a instituição familiar
está desaparecendo, e as conseqüências são imprevisíveis. Fico surpreso que os
sociólogos e antropólogos não se interessem muito por esse fenômeno”.
Acho que o
ponto de vista de Melmann traduz de forma muito direta esta realidade. Nossa
grande ameaça não é big-bang; nem bang-bang, mas simplesmente, “bang!”
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