Daniel
se tornou um amigo do meu coração. Quando visitávamos sua cidade, era na sua
casa que nos hospedávamos. Seu filho nasceu numa data muito próxima ao
nascimento de minha filha, e apesar de morarmos distantes um do outro, estar
com ele e sua família sempre era uma grande alegria.
Quando
jovem, foi funcionário na Doca de Santos, onde se tornou uma pessoa de
confiança na empresa que trabalhava. Era ele quem fazia pagamentos e que
monitorava o caixa da companhia, sem ter que prestar contas. Aos poucos, porém,
foi desenvolvendo atitudes pouco condizentes com a responsabilidade que tinha e
passou a fazer pequenas retiradas do caixa, sem que qualquer pessoa suspeitasse.
Posteriormente
se mudou da empresa, tornou-se executivo de uma multinacional e passou a ter
experiências profundas com Deus. A lembrança de seus atos furtivos sempre
martelava a sua consciência. Um dia, depois de anos, voltou à antiga empresa
para reencontrar-se com os ex-colegas e também com o seu ex-patrão, com o qual
tinha ligação de amizade. Ao ser recebido com alegria, decidiu confessar sua
vergonha e relatou-lhe suas antigas e erradas atitudes, dispondo-se, inclusive,
a restituir financeiramente o desfalque, embora não soubesse por onde começar.
No entanto, aquele homem o abraçou, e chorando disse que ficava feliz pela
coragem dele em confessar, e afirmando que tal atitude apenas o engrandecia
ainda mais aos seus olhos.
Fazer
reparação não é algo muito fácil, e eventualmente pode ser um passo muito
difícil a ser dado. Exige esforço pessoal e disposição de espírito, mas como
todos os princípios espirituais, seu retorno é sempre gratificante. Uma ofensa
praticada, uma palavra áspera, a atitude grosseira, desonestidade financeira, a
traição de uma amizade...
É
importante saber que nem sempre seremos entendidos e nem podemos antecipar como
as pessoas ofendidas reagirão, mas ao tomarmos um passo assim tão corajoso e
decisivo, não podemos focar na reação das pessoas, e sim no que devemos fazer.
Relacionamentos
desfeitos podem ser reparados, a desconfiança e a suspeita podem ser desfeitas.
Seja qual for a reação dos outros, é uma grande recompensa experimentar a
serenidade que vem quando dizemos: “A culpa foi minha. Me perdoe porque eu te
machuquei. Sinto muito”.
Fazer
reparações é um passo necessário para o crescimento espiritual, quer o processo
tenham algum efeito sobre os outros, quer não.
Precisamos
da graça e poder de Deus para atitudes tão profundas como estas, mas é
maravilhoso descansar em Deus para fazer as reparações quando ofendemos as
pessoas. O efeito é altamente benéfico para nossas vidas.
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