segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Fazendo reparações



Daniel se tornou um amigo do meu coração. Quando visitávamos sua cidade, era na sua casa que nos hospedávamos. Seu filho nasceu numa data muito próxima ao nascimento de minha filha, e apesar de morarmos distantes um do outro, estar com ele e sua família sempre era uma grande alegria.
Quando jovem, foi funcionário na Doca de Santos, onde se tornou uma pessoa de confiança na empresa que trabalhava. Era ele quem fazia pagamentos e que monitorava o caixa da companhia, sem ter que prestar contas. Aos poucos, porém, foi desenvolvendo atitudes pouco condizentes com a responsabilidade que tinha e passou a fazer pequenas retiradas do caixa, sem que qualquer pessoa suspeitasse.
Posteriormente se mudou da empresa, tornou-se executivo de uma multinacional e passou a ter experiências profundas com Deus. A lembrança de seus atos furtivos sempre martelava a sua consciência. Um dia, depois de anos, voltou à antiga empresa para reencontrar-se com os ex-colegas e também com o seu ex-patrão, com o qual tinha ligação de amizade. Ao ser recebido com alegria, decidiu confessar sua vergonha e relatou-lhe suas antigas e erradas atitudes, dispondo-se, inclusive, a restituir financeiramente o desfalque, embora não soubesse por onde começar. No entanto, aquele homem o abraçou, e chorando disse que ficava feliz pela coragem dele em confessar, e afirmando que tal atitude apenas o engrandecia ainda mais aos seus olhos.
Fazer reparação não é algo muito fácil, e eventualmente pode ser um passo muito difícil a ser dado. Exige esforço pessoal e disposição de espírito, mas como todos os princípios espirituais, seu retorno é sempre gratificante. Uma ofensa praticada, uma palavra áspera, a atitude grosseira, desonestidade financeira, a traição de uma amizade...
É importante saber que nem sempre seremos entendidos e nem podemos antecipar como as pessoas ofendidas reagirão, mas ao tomarmos um passo assim tão corajoso e decisivo, não podemos focar na reação das pessoas, e sim no que devemos fazer.
Relacionamentos desfeitos podem ser reparados, a desconfiança e a suspeita podem ser desfeitas. Seja qual for a reação dos outros, é uma grande recompensa experimentar a serenidade que vem quando dizemos: “A culpa foi minha. Me perdoe porque eu te machuquei. Sinto muito”.
Fazer reparações é um passo necessário para o crescimento espiritual, quer o processo tenham algum efeito sobre os outros, quer não.
Precisamos da graça e poder de Deus para atitudes tão profundas como estas, mas é maravilhoso descansar em Deus para fazer as reparações quando ofendemos as pessoas. O efeito é altamente benéfico para nossas vidas. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário