Tem se tornado rotineiro o número de artigos que discutem a questão da longevidade humana. Especialistas admitem que com inovações na bioquímica e novas descobertas na genética o ser humano poderia ter uma sobrevida significativa. Alguns chegam a afirmar que com um pouco mais de pesquisa poderemos chegar facilmente aos 120 anos.
A revista seleções trouxe uma curiosa aposta que já foi feita entre dois amigos: O gerontologista Steven Austad e seu amigo, o demógrafo S. Jay Olshansky. Austad acredita que a primeira pessoa que vai chegar aos 150 anos já nasceu e apostou que haverá pelo menos uma pessoa com esta cidade no ano 2150. Cada um deles depositou 150 dólares num banco, e com os juros imaginam que os herdeiros do vencedor ganharão milhões.
Várias formas de prolongar a vida humana têm sido discutidas. Uma delas é a implantação de chips cerebrais, que poderia estimular partes do cérebro por meio de eletricidade, suprimindo sintomas da doença do Parkinson e outros distúrbios neuronais com enormes efeitos sobre doenças degenerativas. Outra seria o uso de estruturas esféricas chamadas de nanoesferas que poderiam combater tumores em sua fase de crescimento. O conhecimento do genoma humana que revela a seqüência exata de nosso DNA seria outra fonte de curas, pois munidos desta informação teríamos maior controle sobre nossa saúde. O uso de suplementos poderia supostamente também impedir o envelhecimento de nosso corpo. Muitas hipóteses são levantadas, todas dando a entender que realmente poderemos viver bem mais que temos vivido atualmente.
A pergunta que fica no ar é se isto de fato é relevante. Viver muito deve ser o alvo de nossa vida? Que tipo de vida podemos esperar se vivermos tanto? Ontologicamente seria de fato o tipo de vida que queremos para nós?
Jesus viveu apenas 33 anos, e sua vida foi repleta de significado. Viver mais não significa grande vantagem em si se a qualidade desta vida for miserável e sem sentido. Por isto Camus, no seu livro o mito de Sísifo afirma que o suicídio seria uma hipótese razoável, algo a ser considerado. Se analisarmos a vida dentro da proposta do referido autor, o suicídio parece fazer sentido.
Muitas pessoas andam com uma grande questão na alma: Onde está a vida que perdi tentando encontrá-la? Jesus parecia entender este dilema humano ao afirmar que o diabo viria apenas para roubar e matar, mas ele para dar vida e vida em abundância. Viver longamente pode ser um grande peso em si mesmo se esta vida não tiver valor e objetividade, se não encontrarmos significado naquilo que fazemos.
Shakespeare coloca as seguintes palavras na boca de Macbeth, um rei que chega ao trono através de vários crimes: “a vida é uma fábula contada por um idiota, cheia de barulho e fúria, nada significando”. Não adianta apenas o esforço em ajudar as pessoas a atingir uma idade avançada se não conseguirmos ensiná-las a viver harmonicamente, desfrutar alegria interior, e se as pessoas encontram-se cada vez mais vazias e disfuncionais. “A realidade radical é a nossa vida e a vida é o que nós fazemos e o que nos acontece. Viver é tratar com o mundo, dirigir-se a ele, atuar nele, ocupar-se dele” (Ortega Y Gasset). Viver é antes de tudo, encontrar significado na existência e na nossa relação com o Pai celeste.
Nenhum comentário:
Postar um comentário