O que caracteriza a velhice não é idade, mas a incapacidade de sonhar. Quando uma pessoa ou sociedade perde a utopia, o que podemos esperar? Creio que a apatia é mais desesperadora que a morte, pois ela se aninha em nós e nos destrói lentamente. Deveríamos nos apavorar quando a capacidade de crer em mudanças históricas, espirituais e social desaparecesse de nosso coração. Esta é uma das piores manifestações da morte em vida.
Rollo May afirma que a apatia e a insensibilidade são defesas contra a ansiedade. Quando a pessoa enfrenta continuamente perigos que é incapaz de dominar, sua linha final de defesa é evitar, inclusive, o sentimento de perigo. Para ele, “O ódio não é o oposto do amor, e sim a apatia. O oposto da vontade não é a indecisão, e sim não envolver-se, ficar desligado”. Apatia vem do grego a+pathos, que significa “fuga do sentir”. A apatia opera como o instinto da morte de Freud.
Atribui-se a Pablo Neruda as seguintes palavras: "Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo. Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar”. Uma das grandes promessas de Joel que se cumpriram no Pentecostes tem a ver esta grande benção da vida: “Nossos velhos sonharão e nossos jovens terão visões”. Sempre me impressiono com estas declarações proféticas das escrituras. Iodos que sonham, mesmo quando não tem mais saúde para engajamento político e social, ainda assim possuem a capacidade maravilhosa de orar, que é a maior expressão do coração de gente que ainda sonha.
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