Este mandamento aprecia a vida e a coloca na correta perspectiva. Nele aprendemos a sacralidade da existência, reconhecemos que a vida é um dom de Deus. Não pode ser banalizada, manipulada, nem explorada como um objeto comercial. Não se pode desconsiderar seu precioso valor.
O verbo “viver” em inglês é “to live”. Se invertermos este termo “live”, teremos outra palavra sugestiva: “evil” (mal). Assim como na língua inglesa precisamos considerar que o mal é oposto à vida. Matar é desprezar o valor e significado da existência e desconsiderar que Deus é o Senhor da vida. Onde encontramos pessoas e estruturas que desvalorizam a vida, teremos ali a expressão do mal, seja qual for a explicação que se dê a esta atitude, ela será sempre maligna. O bem exalta a vida. Deus valoriza a vida!
Por isto não temos o direito de tirar a vida do outro, uma vez que a vida é doação divina. Apenas Deus, que a dá, pode tirá-la, no seu tempo, da sua forma, dentro de seus propósitos. Dar e tirar a vida são prerrogativas divinas.
Nossa sociedade tende a relativizar o valor da vida e a banalizá-la. Acostumamos facilmente com a morte, nos tornamos apáticos. Apatia (a-pathos) é uma fuga do sentir. Ela opera como o instinto da morte de Freud. Assim é que estatísticas como o assassinato de 50 mil pessoas anualmente no Brasil não nos assusta mais. Isto demonstra quão pouco a vida é valorizada em nosso país. Centenas de pessoas morrem de igual forma de fome, guerras vazias, prepotência de ditadores em outras partes do mundo. Não seria esta uma forma de co-participação no projeto da anti-vida? Não seria isto uma forma de matar?
Este mandamento também lida com a trágica situação do infanticídio que acontece nas clínicas de abortos clandestinas cujos números chegam aos milhares. Certa mulher para justificar o aborto afirmou que por ser dona do seu corpo podia fazer o que bem entendesse com ele. Este princípio de fato é real, ela pode amputar uma de suas pernas, se assim desejar, ou arrancar um órgão de seu corpo, mas a criança, que está no seu útero, é outro ser dentro do seu corpo. Portanto, a prática do aborto é também uma quebra do sexto mandamento.
Jesus dá uma dimensão ainda mais profunda a este mandamento, ensinando que o ódio nutrido e expressões de desprezo, desconsideração e descaso dentro de nossos corações são formas subjetivas de matar o irmão, e quem faz isto incorre no julgamento de Deus (Mt 5.21-26). Matamos com nossa indiferença, apatia, ira e maledicência.
Matamos também idosos e deficientes, quando encontramos neles um valor meramente utilitarista. Nossa sociedade focalizada apenas no sucesso, lucro e conquista tende a destruir aqueles que não são mais úteis.
Este texto nos alerta a não conspirarmos contra qualquer irmão, nem contra nossa própria vida. Alerta-nos também contra o suicídio. Uma vez que você não é o autor da vida, não pode dispor dela para a auto-destruição. A vida é um dom!
Uma visão positiva da vida pode alterar nossa visão de universo e de valor próprio, afinal, ideologias são antropologias. É isto que este mandamento pede de nós. Que valorizemos o ser humano uma vez que ele foi criado à imagem e semelhança de Deus.
quarta-feira, 29 de novembro de 2006
“Não adulterarás”.- Sétimo Mandamento
Entre os 10 mandamentos, talvez nenhum seja tão questionado quanto este. Contudo, é bom lembrar que a quebra de qualquer mandamento tem a ver com a quebra do primeiro mandamento que diz: “não terás outros deuses diante de mim”. O problema não é o que praticamos mas algo muito mais profundo que vai em nosso coração. Quando amamos outras coisas além de Deus, começamos também a valorizar e a negar as ordenanças de Deus.
Dr. Ruth Westheimer, terapeuta, disse na NBC Today Show "As gerações passadas não conversavam sobre sexo; a nossa não conversa sobre moralidade" (7/5/88). Nossa geração tem medo de tocar em áreas controvertidas. No entanto, adultério é expressamente proibido: “Não adulterarás” (Ex 20.14 e Dt 5.18). O relacionamento que Deus estabeleceu para o homem e a mulher é heterossexual, monogâmico e perpétuo, e considera importante a fidelidade. Mas, o que é mesmo adultério?
A tendência nossa é dar uma definição meramente lingüística: “Infidelidade conjugal; prevaricação”, mas tal conceito é muito pobre para aquilo que as Escrituras nos ensinam. A Bíblia enfatiza a espiritualidade da lei. A lei de Deus é espiritual no sentido de que atinge os desejos mais profundos do coração.
Por esta razão Jesus enfatiza que adultério não é um problema só da ação do pecado mas também dos desejos e inclinações do coração. O pecado atinge os afetos, penetra na essência de nosso ser. Jesus redefiniu a lei de Moisés: "Você ouviram o que foi dito, ‘Não adulterarás, mas eu vos digo: qualquer que olhar uma mulher com desejo, já cometeu adultério" (Mateus 5:27-28). Jesus condenou não somente o ato do adultério, mas aponta para o fato de que adultério possui raízes bem mais profundas. Jesus nos convida a olharmos nosso coração, a irmos ao encontro de nossas fontes internas. O pecado se encontra no coração.
Temos a tendência de vermos os mandamentos de Deus como algo restritivo, no entanto, o objetivo de Deus não era atar um fardo pesado sobre nossos ombros. Seu desejo era gerar vida em nós. O lar é o primeiro universo da felicidade do homem. O adultério sempre envolve mentira, traição, engano. Quem já passou por experiências em familia, sabe quão dolorido é o processo do adultério. As novelas e filmes tendem a minimizar o efeito devastador que o adultério traz dentro de casa, mas centenas de famílias são destroçadas por causa da infidelidade conjugal.
A fidelidade do casal ensina respeito, fidelidade, valor. Deus retira aqui a tendência comum nos casamentos de usar, dispor e tratar o outro como mero objeto.
O lar que se rege por este comportamento, ensina respeito, dignidade, igualdade, compreensão, confiança mútua. Esta beleza é retirada quando casais se orientam pela mentira, traição e falsidade. Adultério quebra a unidade essencial de um casamento, pois fere princípios relacionados ao afeto. Na verdade, o aspecto sexual aqui está em segundo plano, o que se tem em vista é a ética matrimonial e o coração. O adultério faz do outro um objeto e trai a confiança e a relação de dignidade que devem existir dentro do casamento.
Dr. Ruth Westheimer, terapeuta, disse na NBC Today Show "As gerações passadas não conversavam sobre sexo; a nossa não conversa sobre moralidade" (7/5/88). Nossa geração tem medo de tocar em áreas controvertidas. No entanto, adultério é expressamente proibido: “Não adulterarás” (Ex 20.14 e Dt 5.18). O relacionamento que Deus estabeleceu para o homem e a mulher é heterossexual, monogâmico e perpétuo, e considera importante a fidelidade. Mas, o que é mesmo adultério?
A tendência nossa é dar uma definição meramente lingüística: “Infidelidade conjugal; prevaricação”, mas tal conceito é muito pobre para aquilo que as Escrituras nos ensinam. A Bíblia enfatiza a espiritualidade da lei. A lei de Deus é espiritual no sentido de que atinge os desejos mais profundos do coração.
Por esta razão Jesus enfatiza que adultério não é um problema só da ação do pecado mas também dos desejos e inclinações do coração. O pecado atinge os afetos, penetra na essência de nosso ser. Jesus redefiniu a lei de Moisés: "Você ouviram o que foi dito, ‘Não adulterarás, mas eu vos digo: qualquer que olhar uma mulher com desejo, já cometeu adultério" (Mateus 5:27-28). Jesus condenou não somente o ato do adultério, mas aponta para o fato de que adultério possui raízes bem mais profundas. Jesus nos convida a olharmos nosso coração, a irmos ao encontro de nossas fontes internas. O pecado se encontra no coração.
Temos a tendência de vermos os mandamentos de Deus como algo restritivo, no entanto, o objetivo de Deus não era atar um fardo pesado sobre nossos ombros. Seu desejo era gerar vida em nós. O lar é o primeiro universo da felicidade do homem. O adultério sempre envolve mentira, traição, engano. Quem já passou por experiências em familia, sabe quão dolorido é o processo do adultério. As novelas e filmes tendem a minimizar o efeito devastador que o adultério traz dentro de casa, mas centenas de famílias são destroçadas por causa da infidelidade conjugal.
A fidelidade do casal ensina respeito, fidelidade, valor. Deus retira aqui a tendência comum nos casamentos de usar, dispor e tratar o outro como mero objeto.
O lar que se rege por este comportamento, ensina respeito, dignidade, igualdade, compreensão, confiança mútua. Esta beleza é retirada quando casais se orientam pela mentira, traição e falsidade. Adultério quebra a unidade essencial de um casamento, pois fere princípios relacionados ao afeto. Na verdade, o aspecto sexual aqui está em segundo plano, o que se tem em vista é a ética matrimonial e o coração. O adultério faz do outro um objeto e trai a confiança e a relação de dignidade que devem existir dentro do casamento.
terça-feira, 14 de novembro de 2006
“Honra o teu pai e a tua mãe” - Quinto Mandamento:
Os quatro primeiros mandamentos estão direcionados à nossa relação com Deus. Este é o primeiro mandamento da lista de nossos deveres para com os outros, e inicia com nossos relacionamentos familiares: Honra o teu pai e a tua mãe!
Mesmo sabendo que todos os mandamentos contém uma ênfase positiva, o único que vem escrito sem o “não” é o Quinto Mandamento.
Uma das questões que este mandamento suscita é “O que significa honrar pai e mãe?” Por esta razão tenho perguntado aos pais o que significa esta honra.
Invariavelmente a resposta dos pais é voltada para a dignidade do filho. Pais são honrados quando os filhos possuem honra. Pais se plenificam nos filhos. O fracasso do filho fere a auto-imagem dos pais, traz culpa, humilhação e vergonha. O filho que honra é aquele que não traz embaraços para seus pais.
Em 1989, o então, o Presidente do Banco Central do Brasil, declara aos jornais, ao ver seu filho envolvido num grave escândalo policial: “Meu filho sempre foi um desastrado”. Ao afirmar isto, ele não estava com raiva e nem havia ódio, mas profunda tristeza. Honrar é dignificar. Os pais entram num processo de desestabilização e culpa quando seus filhos são desregrados. Ouvi sobre a confissão de um homem logo após seu primeiro infarto: “Se morrer, saiba que meus filhos me mataram”. “O filho sábio alegra seu pai, mas o insensato é a tristeza de sua mãe” (Pv. 10:1).
O livro de provérbios é cheio de recomendações sobre este assunto: “Quem maltrata o pai, e expulsa a mãe é filho indigno e infame” (Pc 19.26). Honrar significa considerar com dignidade, atender suas necessidades com respeito. É mais que obediência, embora isto esteja implícito na honra.
Além disto, este mandamento impõe à comunidade o cuidado com os idosos que já não são mais produtivos. Possui uma dimensão social. Somente a consciência que não foi sensibilizada por Deus enxerga os seres humanos como meros agentes de produção. Por isto, não existe aposentadoria que substitua a responsabilidade de honra dos filhos para com seus pais.
Este Mandamento é também curioso, porque é o único mandamento com uma promessa. “Honra o teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor Deus te dá” (Ex 20.12). Honra os pais significa qualidade de vida para os filhos. Não existe filho “abençoado” que não possua uma relação de cuidado, zelo e honra pelos pais, por mais difíceis e complicados que estes sejam. E olha que já pais bem complicadinhos por ai... Gostaria ainda de ressaltar que este mandamento não é uma carta branca para pais levianos, pérfidos e irresponsáveis.
Numa época onde a autoridade é tão relativizada, precisamos lembrar do propósito de Deus ao estabelecer a família. Em provérbios 30.17 temos uma advertência sinistra e grave sobre este assunto.“Os olhos de quem zomba do pai ou de quem despreza a obediência à sua mãe, corvos no ribeiro os arrancarão e serão comidos pelos filhotes de águia”. Obviamente esta é uma linguagem simbólica, mas o sentido salta aos olhos do leitor atento. Não honrar os pais, retira de nós a capacidade de enxergar corretamente a vida, afinal, os olhos são a lâmpada da alma...
Mesmo sabendo que todos os mandamentos contém uma ênfase positiva, o único que vem escrito sem o “não” é o Quinto Mandamento.
Uma das questões que este mandamento suscita é “O que significa honrar pai e mãe?” Por esta razão tenho perguntado aos pais o que significa esta honra.
Invariavelmente a resposta dos pais é voltada para a dignidade do filho. Pais são honrados quando os filhos possuem honra. Pais se plenificam nos filhos. O fracasso do filho fere a auto-imagem dos pais, traz culpa, humilhação e vergonha. O filho que honra é aquele que não traz embaraços para seus pais.
Em 1989, o então, o Presidente do Banco Central do Brasil, declara aos jornais, ao ver seu filho envolvido num grave escândalo policial: “Meu filho sempre foi um desastrado”. Ao afirmar isto, ele não estava com raiva e nem havia ódio, mas profunda tristeza. Honrar é dignificar. Os pais entram num processo de desestabilização e culpa quando seus filhos são desregrados. Ouvi sobre a confissão de um homem logo após seu primeiro infarto: “Se morrer, saiba que meus filhos me mataram”. “O filho sábio alegra seu pai, mas o insensato é a tristeza de sua mãe” (Pv. 10:1).
O livro de provérbios é cheio de recomendações sobre este assunto: “Quem maltrata o pai, e expulsa a mãe é filho indigno e infame” (Pc 19.26). Honrar significa considerar com dignidade, atender suas necessidades com respeito. É mais que obediência, embora isto esteja implícito na honra.
Além disto, este mandamento impõe à comunidade o cuidado com os idosos que já não são mais produtivos. Possui uma dimensão social. Somente a consciência que não foi sensibilizada por Deus enxerga os seres humanos como meros agentes de produção. Por isto, não existe aposentadoria que substitua a responsabilidade de honra dos filhos para com seus pais.
Este Mandamento é também curioso, porque é o único mandamento com uma promessa. “Honra o teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor Deus te dá” (Ex 20.12). Honra os pais significa qualidade de vida para os filhos. Não existe filho “abençoado” que não possua uma relação de cuidado, zelo e honra pelos pais, por mais difíceis e complicados que estes sejam. E olha que já pais bem complicadinhos por ai... Gostaria ainda de ressaltar que este mandamento não é uma carta branca para pais levianos, pérfidos e irresponsáveis.
Numa época onde a autoridade é tão relativizada, precisamos lembrar do propósito de Deus ao estabelecer a família. Em provérbios 30.17 temos uma advertência sinistra e grave sobre este assunto.“Os olhos de quem zomba do pai ou de quem despreza a obediência à sua mãe, corvos no ribeiro os arrancarão e serão comidos pelos filhotes de águia”. Obviamente esta é uma linguagem simbólica, mas o sentido salta aos olhos do leitor atento. Não honrar os pais, retira de nós a capacidade de enxergar corretamente a vida, afinal, os olhos são a lâmpada da alma...
“Lembra-te do dia de sábado, para o santificar” - Quarto Mandamento
Um dos mandamentos que tem causado mais discussão é a questão do sábado, isto porque os homens historicamente fizeram uma significativa inversão de valores no seu sentido.
O povo de Israel foi escravizado por 430 anos, durante este tempo não teve direito a lazer, realizava trabalho forçado e sofreu violenta humilhação no desempenho de suas atividades. Não é sem razão que este mandamento possua uma forte recomendação social: “não farás obra alguma nesse dia, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o peregrino que viver das tuas portas para dentro, porque o senhor fez em seis dias o céu, a terra e o mar, e tudo o que neles há, e descansou ao sétimo dia; por isso o senhor abençoou o sétimo dia e o santificou” (Ex 20.10-11). Deus estava preocupado com o ser humano e com a própria natureza que se tornara vítima da ganância e da exploração do excesso de trabalho.
Jesus teve profundos conflitos com religiosos de seu tempo por causa da questão do sábado. Qual era o problema? Os homens transformaram o sábado num instrumento de opressão religiosa, ao invés de reconhecerem sua dimensão libertadora e humanitária. Jesus sintetiza isto numa discussão com os fariseus, que eram os xiitas de seu tempo afirmando: “O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Mc 2.27). Esta inversão na interpretação tem sido fatal na história do cristianismo.
Qual é o objetivo então do sábado? Este termo vem do hebraico “shabath” que significa “descanso”. Deus deseja que os homens entendam a importância de parar suas atividades, e para fazer isto, ele mesmo deu o exemplo. Será que Deus estava preocupado consigo mesmo? Estava com excesso de horas extras? Naturalmente não. Seu objetivo era dar exemplo para que entendêssemos que precisamos aprender a descansar, a tirar tempo para repor nossas forças físicas, para repensar nossas atividades. Quando não descansamos é porque intimamente sofremos um complexo de onipotência e achamos que somos mais imprescindíveis que Deus. No entanto, é bom lembrar que o cemitério está cheio de gente insubstituível. Guardar o dia de sábado é reconhecer que temos direito ao descanso e perceber-se como um ser livre para viver. O que trabalha sem descanso é escravo! Além do mais, deve manifestar esta preocupação com seus funcionários, empregados, parentes e até mesmo animais. Todos devem e tem o direito ao descanso.
Além de refazer nossas forças e encontrar descanso, este tempo também é um convite para olharmos para o céu, e este é um objetivo muito claro para o shabath: Tirar um dia de adoração, agradecer a Deus a libertação e lembrar que Deus também tem ouvido nosso clamor. Este é o dia que separamos para prestar culto a Deus, ler sua palavra, orar, refletir sobre seus valores, colocar nossa vida a seu serviço para libertar outros que ainda vivem na opressão e na escravidão.
“Ao nos dar um dia como tal, Deus destaca a nossa humanidade, nos lembra que devemos ser tratados como pessoas e que não fomos feitos para o trabalho, mas para Ele”.
O povo de Israel foi escravizado por 430 anos, durante este tempo não teve direito a lazer, realizava trabalho forçado e sofreu violenta humilhação no desempenho de suas atividades. Não é sem razão que este mandamento possua uma forte recomendação social: “não farás obra alguma nesse dia, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o peregrino que viver das tuas portas para dentro, porque o senhor fez em seis dias o céu, a terra e o mar, e tudo o que neles há, e descansou ao sétimo dia; por isso o senhor abençoou o sétimo dia e o santificou” (Ex 20.10-11). Deus estava preocupado com o ser humano e com a própria natureza que se tornara vítima da ganância e da exploração do excesso de trabalho.
Jesus teve profundos conflitos com religiosos de seu tempo por causa da questão do sábado. Qual era o problema? Os homens transformaram o sábado num instrumento de opressão religiosa, ao invés de reconhecerem sua dimensão libertadora e humanitária. Jesus sintetiza isto numa discussão com os fariseus, que eram os xiitas de seu tempo afirmando: “O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Mc 2.27). Esta inversão na interpretação tem sido fatal na história do cristianismo.
Qual é o objetivo então do sábado? Este termo vem do hebraico “shabath” que significa “descanso”. Deus deseja que os homens entendam a importância de parar suas atividades, e para fazer isto, ele mesmo deu o exemplo. Será que Deus estava preocupado consigo mesmo? Estava com excesso de horas extras? Naturalmente não. Seu objetivo era dar exemplo para que entendêssemos que precisamos aprender a descansar, a tirar tempo para repor nossas forças físicas, para repensar nossas atividades. Quando não descansamos é porque intimamente sofremos um complexo de onipotência e achamos que somos mais imprescindíveis que Deus. No entanto, é bom lembrar que o cemitério está cheio de gente insubstituível. Guardar o dia de sábado é reconhecer que temos direito ao descanso e perceber-se como um ser livre para viver. O que trabalha sem descanso é escravo! Além do mais, deve manifestar esta preocupação com seus funcionários, empregados, parentes e até mesmo animais. Todos devem e tem o direito ao descanso.
Além de refazer nossas forças e encontrar descanso, este tempo também é um convite para olharmos para o céu, e este é um objetivo muito claro para o shabath: Tirar um dia de adoração, agradecer a Deus a libertação e lembrar que Deus também tem ouvido nosso clamor. Este é o dia que separamos para prestar culto a Deus, ler sua palavra, orar, refletir sobre seus valores, colocar nossa vida a seu serviço para libertar outros que ainda vivem na opressão e na escravidão.
“Ao nos dar um dia como tal, Deus destaca a nossa humanidade, nos lembra que devemos ser tratados como pessoas e que não fomos feitos para o trabalho, mas para Ele”.
quarta-feira, 8 de novembro de 2006
“Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão” -Terceiro Mandamento.
Um antigo catecismo faz a seguinte pergunta: Qual é o terceiro mandamento? E a resposta é: "Não tomarás o nome to Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar em vão o nome do Senhor seu Deus” (Ex 20.7); E o que se exige no terceiro mandamento? No terceiro mandamento exige-se que o Nome de Deus, os seus títulos, atributos, ordenanças, a Palavra, os sacramentos, a oração, os juramentos, os votos, as sortes, suas obras e tudo quanto por meio do quê Deus se faz conhecido, sejam santa e reverentemente usados em nossos pensamentos, meditações, palavras e escritos, por uma afirmação santa de fé e um comportamento conveniente, para a glória de Deus e para o nosso próprio bem e o de nosso próximo”.
O terceiro mandamento nos adverte a não usarmos o nome de Deus de forma vã, irreverente, profana, supersticiosa ou ímpia; a blasfêmia, o perjúrio, toda abominação e juramentos ímpios; a violação dos nossos votos, quando lícitos, e o cumprimento deles, se por coisas ilícitas; o abuso das criaturas ou de qualquer coisa compreendida sob o nome de Deus, para encantamentos ou concupiscências e práticas pecaminosas; a defesa da religião por hipocrisia ou para fins sinistros.
Tomar o nome de Deus em vão é associar sua santidade a qualquer projeto meramente humano e vazio. Na história da humanidade o nome de Deus tem sido usado para justificar gestos e atitudes profanas e até mesmo luciférios. Usa-se o seu nome para instrumentalizar a injustiça, praticar o mal, explorar o pobre, roubar e matar, associando-o à mentira e malandragem. Quantas coisas malignas tem sido feitas em nome de Deus...
O nome de Deus tem sido usado em vão, na boca dos blasfemos e insolentes, no linguajar do profano e negligente, mas infelizmente também tem sido usado na boca dos religiosos para justificar atos que não tem nada espiritual. A pior forma de dessacralizar este santo nome encontra-se na religiosidade e liderança inescrupulosas, em falsos profetas disfarçados de ovelhas. Por isto surgem as guerras santas, navios negreiros, inquisições religiosas, queima de bruxos e hereges, projetos megalomaníacos de líderes auto centrados e altares de sacrifícios humanos em nome de Deus. Em seu nome se fazem romarias da impiedade e cultos a demônios, “profetadas” são dadas como supostas profecias, interpreta-se a Bíblia para justificar o mal e a intolerância, cantam-se hinos para ocultar a perversidade e faz-se orações para auto promoção.
Tais atitudes, feitas por ignorância ou cinismo, desprezam intencionalmente ou não a advertência de que “o Senhor não terá por inocente aquele que tomar em vão o nome do Senhor seu Deus” (Ex 20.7);
O nome de Deus era tão sagrado para os judeus piedosos que alguns usavam uma pena exclusiva só para escrever o tetragrama IHWH, cuja tradução melhor em português seria Javé. Deus se apresenta a Moisés como “Eu sou o que sou”, mas a conjugação verbal poderia ser “Eu sou aquele que é”. Por isto, a falsidade, a mentira, a vaidade, não podem estar associadas ao nome de Deus.
Este mandamento proíbe toda profanação e abuso das coisas por meio das quais Deus se dá a conhecer. Portanto, não usemos seu nome para proteger a mentira e levar vantagem pessoal. O nome de Deus é santo!
O terceiro mandamento nos adverte a não usarmos o nome de Deus de forma vã, irreverente, profana, supersticiosa ou ímpia; a blasfêmia, o perjúrio, toda abominação e juramentos ímpios; a violação dos nossos votos, quando lícitos, e o cumprimento deles, se por coisas ilícitas; o abuso das criaturas ou de qualquer coisa compreendida sob o nome de Deus, para encantamentos ou concupiscências e práticas pecaminosas; a defesa da religião por hipocrisia ou para fins sinistros.
Tomar o nome de Deus em vão é associar sua santidade a qualquer projeto meramente humano e vazio. Na história da humanidade o nome de Deus tem sido usado para justificar gestos e atitudes profanas e até mesmo luciférios. Usa-se o seu nome para instrumentalizar a injustiça, praticar o mal, explorar o pobre, roubar e matar, associando-o à mentira e malandragem. Quantas coisas malignas tem sido feitas em nome de Deus...
O nome de Deus tem sido usado em vão, na boca dos blasfemos e insolentes, no linguajar do profano e negligente, mas infelizmente também tem sido usado na boca dos religiosos para justificar atos que não tem nada espiritual. A pior forma de dessacralizar este santo nome encontra-se na religiosidade e liderança inescrupulosas, em falsos profetas disfarçados de ovelhas. Por isto surgem as guerras santas, navios negreiros, inquisições religiosas, queima de bruxos e hereges, projetos megalomaníacos de líderes auto centrados e altares de sacrifícios humanos em nome de Deus. Em seu nome se fazem romarias da impiedade e cultos a demônios, “profetadas” são dadas como supostas profecias, interpreta-se a Bíblia para justificar o mal e a intolerância, cantam-se hinos para ocultar a perversidade e faz-se orações para auto promoção.
Tais atitudes, feitas por ignorância ou cinismo, desprezam intencionalmente ou não a advertência de que “o Senhor não terá por inocente aquele que tomar em vão o nome do Senhor seu Deus” (Ex 20.7);
O nome de Deus era tão sagrado para os judeus piedosos que alguns usavam uma pena exclusiva só para escrever o tetragrama IHWH, cuja tradução melhor em português seria Javé. Deus se apresenta a Moisés como “Eu sou o que sou”, mas a conjugação verbal poderia ser “Eu sou aquele que é”. Por isto, a falsidade, a mentira, a vaidade, não podem estar associadas ao nome de Deus.
Este mandamento proíbe toda profanação e abuso das coisas por meio das quais Deus se dá a conhecer. Portanto, não usemos seu nome para proteger a mentira e levar vantagem pessoal. O nome de Deus é santo!
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