A iconoclastia, ou o ato de criar objetos e adorar seres representados em formas humanas ou animais, sempre atraiu a humanidade, tanto nos tempos antigos quanto modernos. Por isto, em geral, os templos que são descobertos pelos arqueólogos nas suas escavações, normalmente trazem figuras de divindades que eram adoradas. No entanto, quando um artífice, oleiro, ou ferreiro dá forma ao pau, pedra e barro e depois se ajoelha diante de sua própria obra, isto se torna abominação aos olhos de Deus: é a quebra do segundo mandamento.
O segundo mandamento nos adverte a que não nos ajoelhemos diante de nenhum objeto artisticamente trabalhado, ou imagens representadas em desenhos ou fotografias e lhe dirijamos orações, oferendas ou cultos. Muitos têm sido enganados com superstições e imagens, mas os ídolos apenas servem para tirar nossos olhos de Deus.
No Salmo 115 Deus adverte contra a idolatria nestes termos: “prata e ouro são os ídolos deles. Obra das mãos dos homens. Tem boca e não falam, tem olhos e não vêem; tem ouvidos e não ouvem; tem nariz e não cheiram. Suas mãos não apalpam, seus pés não andam; som nenhum lhes sai da garganta. Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem e quantos neles confiam. Israel, porém, confia no Senhor” (Sl 115.4-9).
O profeta Isaias também adverte sobre “a loucura da idolatria”. Diz que o artífice estende as mãos na madeira e esboça uma imagem, com parte da madeira se aquenta e coze o pão, e também faz um Deus se prostra diante dele. Metade queima no fogo e com a outra metade faz um Deus e o adora. Por isto afirma que só uma pessoa sem senso lógico poderia fazer isto. No entanto, no mundo inteiro, pessoas fazem exatamente assim.
Isto me obriga a indagar: Se a idolatria é algo assim tão grotesco, porque tantos ainda se inclinam, adoram e dirigem suas orações para obras de arte, pedaços de madeira e gesso, fazendo preces aos ídolos mudos? Qual é a lógica da idolatria.
Mais uma vez o problema está em meu coração. Com a idolatria penso que posso “manipular o sagrado”. Faço uma representação de Deus, e o concebo à minha imagem e semelhança. Deus é construído a partir de minha imaginação. Assim como os deuses gregos tinham as paixões dos seres humanos, meus ídolos são construídos conforme aspirações pessoais. Procuro fazer um Deus parecido comigo. Eu não sou mais “imagem de Deus”, a quem tenho que prestar contas e que me diz o que devo fazer, antes construo um Deus que fará “como e o que eu acho” que ele deve fazer. Edifico assim um Deus que fica disponível às minhas paixões, crio um Deus parecido comigo. Um Deus do meu tamanho. Penso assim poder manipular o sagrado a meu favor, de colocá-lo à minha disposição, movendo, dispondo e deslocando as forças sobrenaturais e ocultos como quero que as coisas se dêem. É a onipotência humana disfarçada em atitudes sagradas. No entanto, Deus é Deus, e não se deixa manipular por artifícios que engenhosamente engendramos.
Por isto o segundo mandamento nos ensina: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima dos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhe darás culto, porque eu sou o Senhor teu Deus, Deus zeloso” (Ex 20.4-5).
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