Talvez a pergunta mais importante da vida seja a que se relaciona a existência da raça humana. Para o fenomenólogo Max Scheler "todos os problemas fundamentais da filosofia podem reconduzir-se à seguinte questão: que é o homem e que lugar e posição metafísica ele ocupa dentro da totalidade do ser, do mundo, de Deus?". Artur Schopenhauer, conhecido filósofo existencialista certa feita encontrava-se na beira do Rio Teingarten em Frankfurt quando foi indagado por um limpador de rua: "quem é você?", e ele responde: "Deus sabe que isto é o que eu mais gostaria de saber".
Pensadores se dividem na questão da origem do hommem. Alguns o vêem imbuído de um sentido e propósito maior. Outros, apenas como sequência química e biológica de DNAs e átomos conectados.
Nas narrativas das Escrituras Sagradas, o homem ocupa um espaço fundamental na relação com Deus: “Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que ali firmaste, pergunto: Que é o homem, para que com ele te preocupes? Tu o fizeste um pouco menor do que os seres celestiais e o coroaste de glória e de honra” (NVI, Sl 8.3-6).
Alguns pensadores, contudo, possuem uma perspectiva completamente diferente: “O homem é produto de causas que não tiveram previsão do fim que estão atingindo (...) sua origem, seu crescimento, suas esperanças e temores, seus amores e suas crenças são apenas o resultado de colocações acidentais de átomos (...) nenhum fogo, nenhum heroísmo, nenhuma intensidade de pensamento e sentimento pode preservar uma vida individual além da sepultura (...) e todo o templo das realizações humanas tem de ser inevitavelmente sepultado embaixo dos escombros de um universo em ruínas”. (Bertrand Russel)
Uns percebem grandeza e significado, outros vazio e desorientação da existência humana. Uma visão gera esperança, outra angústia, já que não pode dar perspectiva individual além da sepultura.
Por que é importante discutir a origem da raça humana? De forma simplificada podemos dizer que a origem aponta também para o destino. A visão que construímos do homem vai definir nosso relacionamento com ele. Hitler acreditava que o homem era importante, desde que fosse ariano. Garotos atearam fogo no corpo de um índio em Brasília, porque achavam que ele era mendigo. Em outras palavras, se soubessem que era um índio não o queimariam, mas o mendigo podia ser executado, pela sua condição humana. Ideologias, no fundo, são antropologias. Se acharmos que não há um Deus que tenha criado o homem, e que não há uma Causa Primária, perdemos a capacidade de ver a grandeza inerente no homem por ter sido ele criado à imagem e semelhança de Deus.
O homem possui sentido por causa de sua origem sagrada. Perry London, psicoterapeuta americano, defendeu a visão do modelo mecânico da natureza humana. O homem seria um autômato, um amontoado de peças e enzimas aglutinadas, ou, como definiu Russel, “apenas o resultado de colocações acidentais de átomos”. No entanto, a criatividade, racionalidade, emotividade e espiritualidade humana apontam para uma dimensão metafísica. Afinal, foi exatamente isto que a Trindade declarou no seu projeto embrionário do ser humano: ”façamos o homem à nossa imagem e semelhança”. Nossa origem aponta para divindade. Nossa humanidade para a eternidade.
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