Pós-verdade é um neologismo, que descreve a situação na qual, na hora de criar e modelar a opinião pública, os fatos objetivos têm menos influência que os apelos às emoções e às crenças pessoais. Em 2016, a Oxford Dictionaries elegeu o vocábulo como a palavra do ano na língua inglesa. A “pós-verdade”, portanto, é uma forma de narrativa que privilegia um tema de interesse, sem mostrar diferentes ângulos, diferentes opiniões, interpretando tais fatos da forma mais conveniente.
As manobras da pós-verdade, de fato, são uma arma política bastante poderosa, e isto é antigo. O Imperador Justiniano relatou diversas histórias de veracidade duvidosa no seu livro “História Secreta.” Atribui-se a Hegel a declaração de que a “História é um mito consentido”desta forma, cada corrente ideológica e grupo de interesse, diz o que interessa, de acordo com sua versão.
A pós-verdade difere da tradicional disputa e falsificação da verdade, dando-lhe uma "importância secundária". Por isto, é comum que “algo que pareça ser verdade é mais importante que a própria verdade”, como aquele que diz: “Se não é parece, e se parece pode ser”, ou: “de longe parece, e de perto parece estar longe”. Na verdade a pós-verdade é simplesmente uma mentira ou fraude encoberta.
A pós-verdade envolve institutos de pesquisas, a mídia social e a imprensa, caracterizando-se pela distorção de acontecimentos e a difusão de boatos. Nietzsche já ironizava a suposta verdade dizendo que "não há fatos, apenas versões". Por isto não raramente a imprensa tradicional, tem sido desacreditada pela sua capacidade de distorcer fatos objetivos, usando a estatística como arma, para atender a interesses de grupos econômicos ou políticos.
Infelizmente a história é escrita pelos vencedores, e suas versões tenderão a prevalecer, tão ou mais fantasiosas quanto maior for a necessidade de justificativa para os atos cometidos. “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade” e por isto torna-se uma arma nos meios de comunicações que relatam o que desejam da forma como querem. Assim absolvem o culpado e criminalizam inocentes, anula evidências e recusa provas. Se há interesse em um determinado relato, “os culpados não disseram o que disseram, não fizeram o que fizeram , não roubaram o que roubaram e não estavam onde foram vistos.”
Sem dúvida, as redes sociais se tornaram o grande palco na difusão de tais conteúdos. Neste espaço é fácil compartilhar conteúdos com um potencial enorme de alcance. Quando alguém acredita numa notícia falsa, acaba compartilhando e induzindo outras pessoas ao erro. Existem sites que são especializados em veicular notícias falsas.
Cada um de nós pode quebrar este elo, com uma simples atitude de observar honestamente se tal versão é autentica ou não. Não podemos acreditar cegamente em tudo que aparece sem um olhar crítico.
Jesus afirmou que apenas o conhecimento da verdade nos livrará. O contrário aprisiona, fustiga, acorrenta. Disse ainda que “o diabo é o pai da mentira”. Gosto muito da afirmação de Os Guiness: “Toda verdade é verdade de Deus”. Seja ela proveniente de pessoas e grupos com as quais me simpatizo ou não. A mentira, por sua vez, rejeita o Deus da verdade, mesmo quando ela vem de pessoas ou grupos com os quais nos simpatizamos. Precisamos conhecer portanto a verdade, que é cada vez mais difícil de ser distinguida, e é tão manipulada e escassa. A pós-verdade é uma mentira, assim como a “meia-verdade” é uma mentira inteira. A Pós-verdade, recusa a verdade e não interessa pela sua busca. Ela perde o vínculo com a realidade e com os fatos, por isto ela é simplesmente uma mentira, uma escolha individual que nos leva a crer naquilo que queremos crer.
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