O Brasil
não atingiu a meta de estar entre os dez melhores do mundo na classificação
geral no quadro de medalhas, apesar disto, estou convencido de que os
resultados foram muito bons.
No âmbito
do evento em si, as criticas foram para lá de positivas, tanto dentro do país
quanto no cenário internacional, apesar de alguns aspectos negativos e
pontuais, tais críticas foram positivas porque podem ajudar a efetuar as
correções necessárias.
Agora,
porém, que a fantasia e o glamour perderam o foco, neste momento em que os
jogos e organização dos eventos não mais existem, é tempo de voltar à
realidade. Outros aspectos mais desafiadores que uma olimpíada precisam
ser considerados.
Em
primeiro lugar, ficamos com a sensação de que, no Brasil, é possível fazer
melhor e com muito mais excelência, quando se tem perspectiva. Não temos uma
crise de talentos, incapacidade e incompetência, mas de intencionalidade. Não
falta capacidade de gestão e organização, falta propósito e seriedade.
Ficamos
com a sensação de que é possível fazer coisas melhores se decidirmos fazer. O
Brasil do evento bem sucedido da Olimpíada, não reflete o cotidiano de um país
que insiste no fracasso e mediocridade. É possível fazer melhor se a excelência
for buscada.
Em segundo
lugar, precisamos de auto estima. Com todo sentimento de fracasso e desmandos,
perde-se o empoderamento nas relações sociais. É necessário resgatar o orgulho
de ser uma nação. Quando ocorre uma vergonha nacional, isto mexe com o
emocional e a alma coletiva de um povo, assim como a conquista de um atleta
traz brilho e alegria a todos. Basta ver como a Cidade de Deus está se sentindo
com a medalha olímpica de sua atleta.
O mesmo se
dá quando boas decisões jurídicas, políticas e administrativas são tomadas. A
agenda positiva do Juiz Sérgio Moro inspira uma geração e nos torna mais
otimistas. imagine se gestos como estes se multiplicarem? O efeito será
singular.
Terceiro,
coisas de qualidade acontecem quando se faz planejamento com a devida
antecedência, se estabelece programa com seriedade e envolvimento comunitário.
O trabalho da liderança do COI foi gigantesco, e a capacidade de mobilizar
voluntários foi maravilhosa. Quem fez a cerimonia de abertura dos jogos não foram
os gringos, mas os brasileiros, mas não faltaram disciplina, competência, arte
e charme. O orçamento não era exorbitante para um evento desta magnitude, mas
não se ouviu (ainda...) falar de superfaturamento e de mau uso dos recursos.
O
planejamento foi realizado com excelência, da recepção à segurança, toda a
logística pensada, treinada, aplicada. Foram necessárias adaptações e reformas
até mesmo estruturais na cidade do Rio, e tudo isto seguiu um cronograma, sem
muito atraso e maiores problemas. E as reformas do Rio são permanentes e
elegantes.
Não dá
para pensar de forma macrocósmica e aplicar isto ao Brasil? O que falta? O
potencial está ai. Precisamos sempre olhar com desconfiança a mediocridade das
instituições brasileiras? Aceitar o baixo padrão como realidade inexorável? Não
é possível fazer algo melhor e com excelência, deixando um legado de
competência e admiração para as próximas gerações?
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