quarta-feira, 24 de agosto de 2016

E agora?

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O Brasil não atingiu a meta de estar entre os dez melhores do mundo na classificação geral no quadro de medalhas, apesar disto, estou convencido de que os resultados foram muito bons.

No âmbito do evento em si, as criticas foram para lá de positivas, tanto dentro do país quanto no cenário internacional, apesar de alguns aspectos negativos e pontuais, tais críticas foram positivas porque podem ajudar a efetuar as correções necessárias.

Agora, porém, que a fantasia e o glamour perderam o foco, neste momento em que os jogos e organização dos eventos não mais existem, é tempo de voltar à realidade. Outros aspectos mais desafiadores que uma olimpíada precisam ser  considerados.

Em primeiro lugar, ficamos com a sensação de que, no Brasil, é possível fazer melhor e com muito mais excelência, quando se tem perspectiva. Não temos uma crise de talentos, incapacidade e incompetência, mas de intencionalidade. Não falta capacidade de gestão e organização, falta propósito e seriedade.

Ficamos com a sensação de que é possível fazer coisas melhores se decidirmos fazer. O Brasil do evento bem sucedido da Olimpíada, não reflete o cotidiano de um país que insiste no fracasso e mediocridade. É possível fazer melhor se a excelência for buscada.

Em segundo lugar, precisamos de auto estima. Com todo sentimento de fracasso e desmandos, perde-se o empoderamento nas relações sociais. É necessário resgatar o orgulho de ser uma nação. Quando ocorre uma vergonha nacional, isto mexe com o emocional e a alma coletiva de um povo, assim como a conquista de um atleta traz brilho e alegria a todos. Basta ver como a Cidade de Deus está se sentindo com a medalha olímpica de sua atleta.

O mesmo se dá quando boas decisões jurídicas, políticas e administrativas são tomadas. A agenda positiva do Juiz Sérgio Moro inspira uma geração e nos torna mais otimistas. imagine se gestos como estes se multiplicarem? O efeito será singular.

Terceiro, coisas de qualidade acontecem quando se faz planejamento com a devida antecedência, se estabelece programa com seriedade e envolvimento comunitário. O trabalho da liderança do COI foi gigantesco, e a capacidade de mobilizar voluntários foi maravilhosa. Quem fez a cerimonia de abertura dos jogos não foram os gringos, mas os brasileiros, mas não faltaram disciplina, competência, arte e charme. O orçamento não era exorbitante para um evento desta magnitude, mas não se ouviu (ainda...) falar de superfaturamento e de mau uso dos recursos.

O planejamento foi realizado com excelência, da recepção à segurança, toda a logística pensada, treinada, aplicada. Foram necessárias adaptações e reformas até mesmo estruturais na cidade do Rio, e tudo isto seguiu um cronograma, sem muito atraso e maiores problemas. E as reformas do Rio são permanentes e elegantes.


Não dá para pensar de forma macrocósmica e aplicar isto ao Brasil? O que falta? O potencial está ai. Precisamos sempre olhar com desconfiança a mediocridade das instituições brasileiras? Aceitar o baixo padrão como realidade inexorável? Não é possível fazer algo melhor e com excelência, deixando um legado de competência e admiração para as próximas gerações?

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