A questão da fé é quase unânime em alguns países e
está presente em todas as culturas. A Polônia é um dos países onde,
estatisticamente, mais pessoas creem em Deus (97%); seguido pelo Brasil (95%).
A República Checa está em último lugar na pesquisa, já que apenas 37% afirmam
crer em Deus. A questão mais fundamental
certamente não é se cremos ou não, mas, no que, afinal, cremos.
Superstição e crendice são expressões de fé. Podem
ser antropologicamente classificadas de infantis, mas são formas de espiritualidade.
Quando as pessoas afirmam que “o que importa é ter fé”, nem sempre estão
avaliando o que realmente declaram. Por exemplo, Deus existe para 95% dos
brasileiros, mas 51% também creem em mau olhado.
Veja como isto reflete na estatística. Embora quase
toda a população polonesa afirme que crê em Deus, apenas 81% creem em vida após a morte. No Brasil, apenas
58%. Não parece quase um contrassenso crer em Deus e ainda assim pensar que a
vida acabe num túmulo?
No entanto, precisamos considerar qual o
significado de crer em Deus. Na verdade crer em Deus não é alguma coisa tão
importante, considerando que as concepções sobre Deus são absolutamente
ambíguas e distintas. Existe até mesmo um conhecido texto da Bíblia no qual o
apóstolo Tiago indaga: “Crês tu que Deus é um só? fazes bem. Até o diabo crê e
treme”. Crer em Deus, na verdade, não parece realmente ser de grande
relevância.
Certa feita aconselhei uma jovem, que veio dizer
que não cria em Deus e que odiava a Deus. Eu disse que as duas afirmações eram
contraditórias, porque se você não crê, não pode odiar. Não é coerente odiar
alguém que não existe. Ela concordou que cria em Deus, mas estava com raiva de
Deus, porque Ele a frustrara. Fazia sentido.
Outra pessoa, também amargurada, falou-me durante
um bom tempo sobre Deus descrevendo-o como um ser impiedoso, desnaturado, cruel
e mau. Eu a ouvi pacientemente, percebendo sua dor, mas no final declarei que
precisávamos de uma melhor definição do seu Deus, porque a descrição daquele
Deus, era, na verdade, o que as Escrituras Sagradas chamavam de Satanás. O Deus
dela era o meu demônio.
No Decálogo, O Primeiro Mandamento é claro: “Não terás outros deuses diante de mim”. Não
é interessante observar que a recomendação de Deus não era contra o ateísmo,
mas o politeísmo? Neste principio, não há qualquer exortação contra a falta de
fé em um Deus, mas o risco de falsos deuses e ídolos, que facilmente usurpam o
lugar do Deus verdadeiro.
O Brasileiro, com seu panteão de deuses, facilmente
constrói seu cardápio religioso combinando elementos de diversas religiões, e
facilmente pode conviver com duplicidade religiosa.
Talvez o que precisamos analisar não é se cremos em
Deus, mas quem é o Deus em quem cremos? Entre o povo de Deus havia os canaanitas,
criam em deuses de pedra e se curvavam diante dele. O homem moderno, mais
sofisticado, constrói altares a outros deuses mais exigentes. Se você quiser
saber qual é o Deus que domina seu coração, pergunte a si mesmo: “O que eu
confio, temo, amo e desejo mais que o próprio Deus”. Deus é aquilo que controla
seu coração.
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